Estava escuro.
Escuro como sempre.
Mas eu ainda sentia o suor escorrendo pela minha pele,o sangue em minhas veias fervendo,o coração palpitando em descompasso,minhas mãos firmes no ferro da metralhadora,meu corpo rígido,todos à postos,estava na hora de pagar pelo que fizemos com a CASP,e sairia caro.
Senti "Bips" dentro da minha cabeça;
Bip.
Bip.
Bip.
E o ritmo acelerou de tal forma que me fez cair no chão e gritar.
Antes que os refugiados pudessem se der conta disso,eles já estavam postos à nossa frente.
Pela primeira vez em anos ouvi a hélice de helicópteros acima de nós,a maioria deles,inclusive os aviões, foram destruídos no dia do arrebatamento,ou guardados pelo anticristo nas reservas militares,e eles só usavam quando era muito,muito necessário.
Pelo menos eu era uma prisioneira importante.
Não que já não tivéssemos esperado por isso,eu fui uma boa isca,levei-os exatamente para onde estaríamos mais preparados e familiarizados.
Os becos de São Paulo,afinal estávamos acostumados a andar pelas beiradas,ocultos.
Mas quando a hora chegava,tudo ficava mais real.
Eles não esperaram um acordo ou uma conversinha nem nada parecido,vieram pra matar,essas eram as ordens.
Na verdade eu acho que eles sabiam que nós já estávamos à par de tudo isso,não que fizesse diferença para monstros como eles.
Eles corriam e os Bips na minha cabeça aumentavam mais e mais fortes.
Escadas de cordas foram lançadas ao ar dos helicópteros revelando mais deles,pulando no chão com uma facilidade imensa.
As unhas gigantescas,os olhos de gato,as pupilas dilatadas,o ar maléfico...eles transmitiam tudo isso.
Por um segundo tudo pareceu estar em câmera lenta,até que eu reagisse.
Usei metade da munição só para destruir cinco que me visavam.
Mas um deles me fez tropeçar e logo estava em cima de mim mostrando seus dentes afiados e ansiosos por um pedaço de carne fresca.
Chutei-o e atirei mais.
Fui abocanhada no braço esquerdo mas nada que eu não pudesse aguentar.
Era só eu e eles.
Uma coronhada na minha cabeça foi suficiente para um breve desmaio,do qual eu incrivelmente me recuperei bem vendo que eu continuava viva.
Enfiei a faca que se escondia em minha cintura na garganta de um deles.
Eu ouvia gritos misturados com tiros e vozes distorcidas como de demônios.
O som do inferno.
Uma mão afundou minha cabeça no chão,e eu mirei o que estava acontecendo com os outros,não via Gabriel,nem Louis,mas Félix estava bem determinado a arrancar as gargantas de todos eles,assim como fizeram com sua irmã...vingança nem sempre era uma coisa boa,mas eu não podia julgar ou dar sermões no momento.
Os corpos eram jogados contra as latas de lixo e o som de metal era estrondoso.
Ele bateu com minha cabeça no chão umas cinco vezes,eu sentia o sangue escorrer dela.
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I Segundo Para o Fim do Mundo
AventureA vida para uma adolescente normal num mundo normal,já é complicada,mas a vida de uma adolescente não tão normal num mundo pós-apocalíptico é pior ainda. Elisa perdeu seus pais no arrebatamento e está dividida sobre o que realmente teria acontecido...