Capítulo 43

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Eu olhava intensamente para uma mulher que me encarava,tinha ombros largos e olhos penetrantes,uma parte de sua calça estava em relevo,eu tinha certeza que era uma arma,não me assustaria se ela guardasse o canivete nas botas que usava,a maioria tinha alguma cicatriz,mas estavam bem cuidados,limpos,pelo menos.

Eram mais de quinze,pude contar,não sabia se haviam mais deles,mas pelo jeito,eles sabiam se virar sozinhos...

Um rápido ataque pegou Louis em cheio,tentamos impedir mas se lutássemos estaríamos declarando guerra,tínhamos que dizer quem éramos e o que estávamos fazendo ali.

Com um facão rente ao pescoço de Louis, o aparente líder dos refugiados,ameaçava,dizendo rápidas palavras.

"Vocês são da área 9?" ele perguntou tão rápido que quase não entendi qual era a pergunta.

Como em um trânsito desgovernado,todos nós tentávamos falar juntos,explicando o que queríamos e o que fazíamos ali,eu mesma não entendia minhas próprias palavras,até que o líder colocou a mão para cima fazendo sinal para que parássemos,paramos na hora.

Ele fez uma cara de desentendimento e falou : "Um de cada vez!"

Olhei para Louis,como eu disse,ele era bom com as palavras,deixamos ele falar.

"Olhe Senhor,não somos anticristianos,estamos só em busca de ajuda..." a voz dele estava meio estranha pelo pressionamento da faca,incrível a capacidade que ele tinha de manter a calma. "Ficamos sabendo que vocês tinham um ponto de encontro e viemos até aqui para...nos refugiarmos...se quiser nos olhar,bem não temos marca alguma,só queríamos uma chance de sobreviver,e vocês parecem ser bons nisso...Deus nos ajudou a chegar vivos até aqui,e esperamos que vocês também ajudem-nos a continuar assim"

O líder virou rapidamente o braço de Louis,verificando se ele realmente não possuía a marca,outros quatro vieram nos revistar e checar se o que dizíamos era a aparente verdade,como era,não tive medo,só esperava que eles acreditassem.

Um longo período de silêncio circundou o lugar,os refugiados olhavam uns para os outros com uma cara nada amigável,eu estava ficando com medo,até que...do nada,veio uma explosão de risadas.

Isso mesmo! Risos,eles estavam rindo,não sei do que,pois a situação não era engraçada,soltaram Louis,que veio correndo até nós,olhando sem entender nada a reação deles.

"É..." falei. "o que é tão engraçado?" isso só arrancou mais risadas deles.

Pareciam ter se passado incômodos dez minutos para que eles parassem.

Assim,o líder prosseguiu.

"Não há nada engraçado menina..." ora ,ora mago da idade! Ele não tinha nem 20 anos e estava me chamando de menina? "é que ficamos felizes quando encontramos irmãos que sobreviveram,são muito poucos,como podem ver...ficaremos felizes em refugiar vocês!" ele era alto,e bem magricelo,seu cabelo era quase tão preto e escorrido quanto o de Amélia,mas como eu disse,ela não era de levar desaforo pra casa.

Em menos de um segundo ela já prensava o líder contra a parede pelo pescoço,utilizando seu braço,sem o menor medo de ser machucada,não deu tempo de impedi-la.

"Você acha que somos o que? Idiotas?! Se não querem ajudar então não ajudem ,mas não me faça de palhaço!"

"Amélia calma!" tentei,sem êxito acalmá-la.

Os outros vieram tentar ajudar,mas o líder recusou,ele só deu um sorriso e continuou olhando para Amélia,desacreditado.

"Calma lá mocinha! Eu não acho vocês palhaços,só estou feliz em vê-los...isso é crime?" ela deu mais uma prensa nele com força batendo-o contra a parede da casa fazendo um barulho estrondoso, e voltou ao lugar original,toda vermelha de raiva,não sei o que deu nela.

I Segundo Para o Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora