O tempo havia acabado,o breve teatrinho de entretenimento de Amélia tinha feito pessoas rirem por alguns momentos,mas a vida real continuava,a nova realidade ainda estava completamente dentro do corpo dos refugiados,como um tumor,que só crescia,sem direito a quimioterapia.
As pessoas? Claro que não estavam felizes de irem lá fora à procura de alimento,mas,se eles não fossem,quem iria?
Como eu, você pode estar se perguntando,por que eles aceitavam tão na boa,essa coisa de que alguns arriscavam vidas enquanto outros ficavam para tramar planos,que,talvez,nem dessem certo.
Eu demorei bastante pra entender também.
Mas agora,todos que deviam ir pra fora,já tinham ido,liderados por Tânia,dentro do refúgio,agora,completamente fechado e eu me questionava se até mesmo Félix possuía a chave da porta,realmente a segurança era levada a sério,e não era pra menos,vigilantes rondavam 24 horas por dia,como sempre,havia me safado dessa função também no meu primeiro dia, por ser nova,então,além de sempre ter que acordar um pouco mais cedo do tempo estimulado,e acordar uma vez na noite pra fazer a ronda os refugiados,todos os dias,punham em risco a vida,em prol dos irmãos.
Voltando ao assunto,estavam somente eu,Louis,Amélia (ainda ridícula com os dois olhos roxos,desculpe a sinceridade),Gabriel,Félix e Keyla.
Eu não tinha entendido bem o esquema deles,porque os únicos "experientes" assim podemos dizer,eram Félix e Keyla,o que eles queriam da gente? Se era um grande plano onde a gente entrava naquilo tudo? E por que Tânia,a mão direita de Félix não estava ali com ele?
Antes de serem respondidas todas as minhas questões foi me revelada uma história,que,eu realmente,gostaria de compartilhar com quem quer que esteja lendo isso.
Assim como Keyla havia me dito,Félix revelou que eles perderam os pais muito cedo,ele tinha sete anos,ela cinco,muito jovem para se lembrar com certeza dos fatos,ela sabia o que o irmão havia contado pra ela,e isso bastava,além disso eles tinham sido adotados por uma família crente,depois de ficar um tempo no orfanato,se desviaram,e assim,estão conosco no fim do mundo.
Mas o que Félix ainda não havia revelado,até mesmo para a irmã,o que me deixou chocada,foi o que tinha acontecido antes do "acidente" de carro,porque não foi bem isso que aconteceu.
Na hora em que ele contava sua história,percebi que Keyla estava muito abatida,ela tinha a face de quem tinha chorado a noite toda,e eu não duvidei disso depois que Félix revelou-nos o que tinha contado à ela noite passada.
Foi um trauma,ele se lembra,infelizmente,com todos os detalhes,podemos dizer que o pai de Félix não podia ser considerado assim,tão,normal.
Muitos médicos diziam que ele tinha problemas psíquicos,não a um nível extraordinário,mas o suficiente para imaginar demais,assim,podemos rotular a senhora Marta,mãe deles,uma não crente em ilusões.
O fato é que o pai de Félix sempre acreditou no apocalipse, ele não só acreditava,quanto já tinha escolhido um lado e entrado para uma associação secreta,à favor de quem quer que fosse o anticristo.
Ele podia até ter problemas psíquicos,mas ainda era um bom cientista,tanto quanto o seu diploma pendurado no meio da sala dizia.
Ele fabricou imensos projetos,com os quais ajudariam o anticristo a "facilitar" seu domínio aqui.
O projeto inicial não foi uma simples invenção, ele revolucionou todo tipo de tecnologia disponível no Brasil, fabricando,sozinho,uma arma nuclear,repito,sozinho.
Não foi preciso muito tempo até que os militares e o conselho ficassem sabendo de toda tramoia inconsequente dele,e logo foi dado um mandato de prisão,tanto por ele estar fabricando armas ilegalmente,quanto porque ele já apresentava problemas psíquicos e poderia lançar a arma à qualquer momento.
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I Segundo Para o Fim do Mundo
AventuraA vida para uma adolescente normal num mundo normal,já é complicada,mas a vida de uma adolescente não tão normal num mundo pós-apocalíptico é pior ainda. Elisa perdeu seus pais no arrebatamento e está dividida sobre o que realmente teria acontecido...