Capítulo 50

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Estávamos todos posicionados em uma fileira de lado,igual á primeira manhã que passei no refúgio,só que agora,ao invés de Tânia eu via Amélia ao lado de Félix.

Estávamos parecidos com um exército de verdade,caras fechadas,corpo ereto e olhar perdido pra frente.

Nada de uniforme ou coisa do tipo,e aliás,eu tinha conseguido outra blusa com uma das meninas,Gabriel se decepcionou um pouco,dizendo que a outra "me valorizava mais",somente ri da brincadeira e voltei meus pensamentos ao treinamento.

No meu mundo aquilo era parecido com os ensaios da valsa do noivo e da noiva,só que ao invés de música tínhamos armas.

"O primeiro passo é posicionar a arma de forma que sua mão tenha total controle sobre ela,se você for canhoto recomendamos a mão esquerda e vice versa" Eu manuseava minha arma tentando colocá-la da maneira correta em minha mão.

Amélia passava para inspecionar nosso trabalho ajudando os que não conseguiam,vírgula,os que não conseguiam: eu e Louis,imagino que ele nunca tenha apanhado uma arma na vida,e quando eu o tinha feito,matei dois caras na sorte,ainda me lembro deles,ainda me sinto meio culpada...mas,voltando a minha meta de deixar pra trás...

Achei que eles achariam estranho ou confrontariam Félix pela ascensão de Amélia de repente,ela não estava no refúgio nem quatro dias inteiros e já ajudava o "chefe",mas na verdade o pessoal achou meio que bom,pelo jeito o mão direita além de ganhar as vitórias com o líder também carregava as merdas com o líder,e cá entre nós estávamos em uma enchente de coco,desculpe a palavra.

"O segundo passo é estar seguro de si mesmo,não adianta possuir uma arma e não ter a certeza de que você pode ser imune aos inimigos com ela..." Félix demonstrava com exatidão o armamento,e atirou diretamente em três alvos,mais rápido que pude perceber.

"A maioria dos que estão aqui já tiveram esse treinamento,então,não me decepcionem..."

"Joana!" Félix disse rápido.

Em segundos ele disparou três tampas de aço ao ar,do tamanho de uma bola de tênis,e Joana atirou nelas rapidamente,todos os tiros foram no meio.

Fiquei de boca aberta,olhei para Gabriel,parecia um menino vendo filmes de ação,a cara era de surpresa do tipo "que massa!",eu estava é com medo do que ela faria se eu mexesse nas coisas dela.

"Agora são vocês novatos" Félix apontou para nosso grupo.

"Mirem no alvo" ele apontou à sua frente,o "alvo" ali eram três pedaços de madeira que de repente tinham ficado menores que uma bolinha de gude pra mim,o local onde tínhamos escolhido era próprio para os treinamentos deles,eu via que muitas outras vezes já haviam atirado no alvo,todas,ou quase todas,no meio,exatamente,eu já sentia ter que decepcionar Félix.

Mesmo assim prossegui,de um jeito ou de outro eu teria que saber manusear uma arma,já que estaríamos ao ar livre...quer dizer...talvez eu precisasse pra me defender algum dia depois do casamento...era só isso que eu precisava saber.

POU! Atirei...fora da madeira.

"Mais firme Teles..." dirigia Amélia que se formava atrás de mim me observando.

"É impossível!" reclamei que nem uma menina mimada.

Ela tomou a arma de mim,e de pé mesmo,deu quatro tiros sequentes e certeiros na madeira,mais uma vez meu queixo caiu.

"Quer tentar de novo?" Ela disse cheia de si.

Félix passou ao seu lado e eu pude ouvir o sussurro.

I Segundo Para o Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora