"Eu falei que a gente ia precisar de mais gasolina no reservatório!" Paulo reclamava andando que nem uma tartaruga ao lado da estrada,na qual não passava nenhum carro.
"A questão é, como iríamos achar mais gasolina ô , inteligência? O que conseguimos já foi um grande milagre!" Gabriel se defendia,ele que havia achado os reservatórios de gasolina.
" Se você tivesse pego mais uns dois galões,estaríamos lá já,e não teríamos que ter deixado a minha maior obra prima pra trás." Ele disse olhando para trás,vendo o carro que tinha dado tanto trabalho...
"Nossa obra prima! e se voc..." Gabriel foi interrompido por mim.
Eu gritei de dor e caí no chão rapidamente,Gabriel e Paulo vieram ao meu encontro ajudar,afinal o que eu tinha?
"As feridas dela se abriram..." Catarina disse analisando o meu corpo descosturado. "Ela está fazendo muito esforço!" ela continuou.
Gritei de novo,eles não sabiam o que fazer,já Catarina pegava o kit de primeiros socorros .
Quando ela ia tentar fechar minhas feridas novamente,Paulo avistou uma coisa logo à frente.
Um carro policial.
"Merda! Eles vão nos apreender!" Paulo disse olhando para os policiais e ao mesmo tempo me segurando.
"Assim eu não vou conseguir ajudá-la!"Catarina exclamou enquanto os policiais se aproximavam,parando o carro lentamente,provavelmente se assustando com uma menina ferida sendo carregada por dois caras e uma menina com uma agulha de costura na mão em pleno lugar desértico.
"O que a gente faz então?" Gabriel perguntou aflito olhando pra mim.
"Elisa você vai ter que entregar a sua bíblia à eles..."Catarina dizia.
A não! Nem pensar! "você sabe muito bem que se eles nos relacionarem com o cristianismo,não se vão nem dar o trabalho de levar-nos à justiça para sermos julgados,a morte será aqui mesmo!"
Olhei para ela como se estivesse dizendo loucuras. "O que?!" exclamei. "Eu nunca vou entregar à eles! Nunca!"
"Elisa , é só um livro!" Catarina falou.
Eles estavam andando até nós.
"Não , não é só um..." tentei falar,mas eles já estavam perto demais.
"Elisa, entrega!" Paulo exclamava,o que eu iria fazer? Entregar meu guia para o céu assim,de mão beijada?
Não soltei o livro que estava segurando desde que tínhamos saído do carro.
Olhei para Gabriel,ele parecia pensar em um plano rápido.
Os policiais já estavam quase na nossa cola,quando Gabriel tomou o livro de mim,e,disfarçadamente,o pôs dentro de sua camisa.
É sério?! Bom,pelo menos ele me apoiou...podia não dar certo,mas,pelo menos tentamos.
"Você está louco?!" Catarina sussurrou para Gabriel. "Eles vão nos revistar !" ele fingiu que não ouviu e tornou a olhar pra frente,pondo meu braço em volta do ombro dele,me ajudando a ficar de pé.
Aqueles policiais que estavam na nossa frente não eram os mesmos que eu conhecia,eles estavam com um uniforme diferente,todo vermelho e com listras pretas,o símbolo também tinha mudado,e eu fiquei em dúvida entre a estrela de sete pontas ou o olho de Órus...era meio confuso,mas com certeza não era de Deus.Eles estavam com uma face mais atormentadora, ao mesmo tempo calma e rude.
"O que um grupo de amigos faz em pleno deserto?" o policial mais baixinho dizia olhando para todos nós.
"Seja o que for que estão fazendo eles não estão indo muito bem...olha só a do meio" ele apontou pra mim,e agora eu via o círculo de sangue que estava formado em cima da minha blusa branca,aquilo não estava nada bom,nada bom!
Gabriel olhou para mim assustado,mas ele não podia fazer nada,até que eles fossem embora.
"Vamos, respondam! Por que estão aqui?" o cara mais alto disse se exaltando um pouco mais.
Paulo resolveu falar a verdade,porque,se pensar bem,não era uma "verdade errada".
"Vi-viemos aqui para chegar na pequena cidadezinha S-senhor,qual é o nome mesmo , Cata?" ele deu um empurrão nela.
"É aquela entre as duas inclinações senhor" Catarina disse gesticulando, sem gaguejar,ela se dava melhor em situações repressoras do que o irmão.
"Hmm..." O baixinho começou a nos rondar,olhando bem. "Não tem nenhum problema quanto à isso...mas,para questões de segurança,vamos revistá-los" meu coração quase saiu pela boca,Não! Você não pode nos revistar!
"é...são as novas leis do soberano..." o alto disse começando o trabalho.
Ei, cuidado com essa mão boba aí! Foi o que eu pensei...quando ele terminou comigo,foi para Gabriel,meu Deus! Já estávamos mortos.
Antes que ele pudesse tocar nele,ouvi dois disparos vindos de um lugar próximo dali.
"O que foi isso, Jarbas?" O baixinho perguntou ao,agora,Jarbas.
Que tipo de mãe estraga a vida do filho com esse nome? Sério? Jarbas?
Eles olharam para o lado e ficaram analisando o que poderia ser,já tocando em suas armas,se ficássemos ali,iríamos morrer,se fugíssemos,era provável também que morrêssemos,mas eu preferia morrer tentando fugir do que morrer por um cara chamado Jarbas.
Corremos "silenciosamente" para longe,bem,eu nem corri,Gabriel me segurou no colo.Era um momento legal podemos dizer...mas nada romântico,já que estávamos fugindo de policiais do mal.
É claro que Paulo e Catarina estavam indo mais rápido,o único que nos olhava para ver se estávamos acompanhando era Paulo,Catarina seguiu o olhar pra frente e foi,é como minha mãe dizia: "aponta e rema!".
Eles devem ter notado nossa ausência depois de uns 30 segundos,quando percebemos que eles estavam atirando também,não tinha nada na nossa frente e eles estavam de carro!
Aos poucos conseguimos ver uma placa,sim! Era uma placa!
Um tiro perto da minha perna! Ai meu Deus vamos logo!
Dor não me perturbe agora!
Essa não! Eu estou em uma poça de sangue aqui!
Gabriel correu como se nunca tivesse corrido antes.
Outro tiro ,agora perto do meu ouvido!
Ele tropeçou,eu era um peso pra ele...sabia que não devia ter exagerado no pão de ontem à noite,droga! Eu precisava que ele fosse,preferia mil vezes que ele vivesse do que eu!
"Vai,me deixe aqui! Eles vão nos alcançar!"
Pareceu que eu tinha falado a maior besteira do mundo, ele fingiu que não ouviu,e me pegou no colo,dizendo:
"Eu prometi,lembra?!" outro tiro perto do pé dele,continuamos a correr e correr.
Eu ouvi mais tiros,e,logo depois de um tempo,mais nada,estava tudo rodando,eu comecei a dar gritos mais baixos,até que eu pude ver com clareza,que tínhamos entrado na cidade da placa,e estávamos em um lugar escuro.
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I Segundo Para o Fim do Mundo
AdventureA vida para uma adolescente normal num mundo normal,já é complicada,mas a vida de uma adolescente não tão normal num mundo pós-apocalíptico é pior ainda. Elisa perdeu seus pais no arrebatamento e está dividida sobre o que realmente teria acontecido...