A arma apontava diretamente para a cabeça de Gabriel.
Os olhos dele penetravam os nossos de um modo assustador.
"Então quer dizer que vocês conheciam Louis em?!" o militar nos olhava de cima a baixo,nos analisando,Droga! Porque a gente não viu que tinha rondas por perto! Estávamos fritos!
Eu estava completamente trêmula,temia que ele pudesse puxar o gatilho.
"Vou levar vocês para conhecerem meus amigos...porque os amigos que vocês tinham,tsc tsc,nada confiáveis" ele virava a cabeça de um lado para outro,a maldade estava estampada em seu rosto,os olhos dele nos queriam mortinhos naquele momento,ele já estava para pegar as algemas do bolso,quando viu minha bíblia. "Ora,ora,ora,o que temos aqui? Uma crente?" ele deu uma risadinha maléfica assustadora. "Você sabe que o mundo não é lugar de gente como você querida!" ele desviou a arma da cabeça do Gabriel para a minha,e começou a percorrê-la pelo meu rosto.
"Talvez seja melhor eu acabar com o sofrimento de vocês e te livrarem da pena!" quando ele realmente ia puxar o gatilho e estourar meus miolos,vi Gabriel dar um grande chute nas partes baixas do militar,que gritou de dor.
"Corre Elisa!"
Começamos a correr,sem olhar para trás,o militar já devia ter se recuperado,pois eu o ouvia chamar alguns outros para ajudá-lo enquanto ele atirava seguidamente em cima de nós,tentamos nos desviar o máximo possível,mas ainda estávamos muito lentos por causa das feridas dos gafanhotos,corremos e corremos,eram nossas vidas em jogo,a dor teve que ser esquecida naquele momento,ela teve que parar de ser sentida,aliás,era isso que havíamos fazendo desde o começo do fim do mundo.
Gabriel tropeçou em um dos entulhos,Droga! O policial estava se aproximando! "Vamos Gabriel,vamos!" eu o ajudei a levantar,mas sua perna ainda estava presa. "Vai Lis,pode ir! Eu consigo sozinho!" "Mas é claro que não ! tira a perna daí agora!" com uma força que não vinha de mim,tirei a perna dele daqueles pedaços de telha,e coloquei seu braço sobre meus ombros novamente,correndo como nunca havia corrido na vida.
Aos poucos,paramos de ouvir os sons das balas rentes aos nossos ouvidos,paramos de correr tanto,já estávamos bem longe,Gabriel havia falado o caminho que tínhamos que percorrer,achei que estávamos sem rumo,mas,pelo jeito,ele sabia pra onde deveríamos ir, eu já nem tinha mais fôlego,ofegante,Gabriel me perguntou:
"Você está bem?"
Eu assenti.
"Vamos,estamos no caminho certo..."
E eu o segui.
Chegamos até um terreno baldio,já bem mais afastado da cidade,parecia que aquele lugar tinha sido mais afetado ainda pelos efeitos do apocalipse,eu me lembrava,das vezes que viajava para o interior à casa da minha avó,uma das únicas pessoas que ainda estavam no Brasil na época,todos os meus outros familiares haviam ido embora faz muito tempo ( o que me fez questionar, Será que eles estavam bem? Não me lembro de todos irem a igreja...),enfim,me lembrava que o terreno desses lados era repleto de verde,arbustos,gramados,folhas das árvores,verduras,e,agora,o terreno estava totalmente seco,laranja,e deserto,tirando o terreno baldio,que parecia ser o único lugar que ainda existia por aquelas bandas.
A placa com o número e o nome do terreno estava pixada,as letras eram irreconhecíveis,Gabriel avançava pelo terreno,parecia procurar alguém,enquanto eu somente observava,o lugar não era tão diferente de um terreno baldio comum,muito lixo,um cheiro meio incômodo,mas eu não estava entendendo o que o Gabriel fuçava no meio de toda aquela bola de neve de coisas usadas e fedidas,o cheiro estava realmente começando a me incomodar,quando pensei em questioná-lo sobre alguma coisa,ele se antecipou,e disse oi para um velho amigo.
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I Segundo Para o Fim do Mundo
AdventureA vida para uma adolescente normal num mundo normal,já é complicada,mas a vida de uma adolescente não tão normal num mundo pós-apocalíptico é pior ainda. Elisa perdeu seus pais no arrebatamento e está dividida sobre o que realmente teria acontecido...