Capítulo 40

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Tudo que me restou a fazer,foi orar.

Deus havia me ajudado até ali,e eu estava orando todos os dias depois que Louis tinha aparentemente "morrido",aliás eu nem estava sentindo a presença dele,já que ele havia desde o começo se sentado no banco do passageiro na frente,eu pensava que para poder chorar sozinho...eu me sentia uma verdadeira amiga de Deus,sentia que podia contar qualquer coisa,que Ele era um confidente,e nesse momento,em pensamento,comecei a falar com Ele mais uma vez.

Olhei para o teto do caminhão,querendo de alguma forma,encontrar Deus...

"Senhor,eu sei que eu devo mesmo passar por todas essas coisas,afinal,eu estou no fim do mundo,eu estou pagando pelas coisas que fiz,mas,agora,que realmente conheço o Senhor,queria pedir que por favor,ajude Gabriel,ponha Tuas mãos sobre as mãos de Catarina,e poupe a vida dele,eu posso sofrer qualquer outra coisa,me leve se quiser,mas deixe-o aqui,eu preciso dele,assim como preciso de Ti,estou ferida,mas minhas preces vão à ele,ajude-nos Senhor Jesus! Eu preciso de Ti!" mais lágrimas. "é só o que eu peço,e já te agradeço,desde agora,pois sei que tudo podes,em nome de Jesus...amém"

Foi a oração com mais fé que fiz na vida,eu realmente chorei por Gabriel,eu precisava dele vivo,sem eu perceber,o tempo passou,o clima tenso permaneceu,até que eu tive notícias dele.

"Ele está descansando agora..." as mãos de Catarina estavam totalmente sujas de sangue,seu uniforme de exército,verde e marrom,estava vermelho,ela parecia muito cansada,seu cabelo estava bem bagunçado,e seu olhar,por mais que estivesse triste,transmitia esperança.

"É melhor vocês não irem lá agora..." ela disse adivinhando meu próximo passo. "vai ser melhor para sua recuperação,tudo correu bem,apesar do balanço...que atrasou bastante o processo,mas,a ferida foi fechada,e o sangramento estancado,ele precisa ser forte,mas provavelmente vai sobreviver..." ela abriu um pequeno sorriso,agachada para falar comigo.

Sem avisar dei um grande abraço nela,agradecendo por tudo que ela tinha feito,desde aquele dia na área abandonada até aquele momento,ela abriu um sorriso maior olhando para mim novamente,e,se sentou ao meu lado.

"eu fiz tudo que pude..." ela suspirava perto do meu ombro,com um olhar cabisbaixo e triste.

"Sei que fez..." falei,colocando minha mão em seu ombro,por mais que fizesse doer mais ainda as cicatrizes. "Sabe,você não tem dó de ninguém quando se fala em agulhas!" ela riu.

"Se você quer ser uma boa enfermeira, não pode ter medo!" o sorriso foi lentamente se apagando,ela percebeu que eu olhava para Gabriel.

"Você gosta muito dele, não é?" ela me perguntou,dando-me um chute do grande monte de meus pensamentos.

"Gostar? Acho que essa não é a palavra certa...amar...talvez...já que não temos uma palavra que expresse mais..." aquela veio do fundo mais amoroso do meu coração,se eu colocaria no meu status se ainda tivesse um celular ? com certeza.

"Puxa!" Ela fez um olhar surpreso. "não achei que fosse tão sério..." ela olhou para mim,bem dentro dos olhos,me atraindo a atenção. "sabe,eu já cheguei a o amar uma vez...mas,nunca pude me entregar tanto como você se entrega...na verdade,ele nunca me olhou do jeito que te olha...às vezes penso que foi um erro..." se me deu uma pequena vontade de sorrir e concordar com tudo? Um pouquinho...mas eu sabia que não era a coisa certa a se fazer.

"O que? É claro que não! Eu tenho certeza que ele te amou muito,pelo que eu sei, você foi a única outra namorada dele..." eu queria ter certeza disso,mas,eu não tive muito tempo pra esse tipo de conversa na área 9. "E Gabriel não é do tipo que namora com qualquer uma!" demos uma pequena risadinha,Amélia prestava atenção na nossa conversa,mesmo tentando disfarçar arrumando os caixotes dentro do caminhão,mas eu sabia que ela estava ligada em cada palavra,tinha uma índole de espiã incrível! Já disse,é melhor não se meter em brigas com ela...talvez apareça uma bomba ao amanhecer,no seu colchão.

I Segundo Para o Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora