Capítulo 27

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"Você não disse que ele não era marcado?" Gabriel sussurrava em meu ouvido enquanto caminhávamos ao encontro de Jonas.

"E ele não é" sussurrei de volta.

"Não é?!" ele aumentou um pouco o tom de voz,eu pedi mais silêncio pois já estávamos praticamente na frente dele. "Então o que são aqueles três seis gigantes no braço esquerdo dele?"

"Ele falsificou..."

"O que?! E isso existe?"

"Parece que sim..."

Ele ia me dizer algo de volta mas eu dei um beliscão no braço dele,já estávamos na frente de Jonas,que nos abria um enorme sorriso.

"Eu pensei que você só voltaria amanhã!" disse a Jonas,retribuindo o sorriso.

"Eu ia sim,mas como eu sabia que você poderia estar correndo perigo,pedi para me liberarem mais cedo hoje!" ele já estava sem o uniforme militar, e agora eu pude ver o seu rosto melhor,se com aquela tinta preta horrível ele já era bonito,sem...

Gabriel pareceu não gostar muito do que viu,alternava entre olhar para mim e Jonas furiosa e constrangedoramente.

Ele não perdeu tempo,e logo fez questão de relembrar-nos que ele também estava presente no local.

"Jonas,Jonas! Pensei que nunca o veria de novo!" ele disse não muito educado.

"Gabriel! Quanto tempo!" ele disse dando a mão para ele.

Desconfiado,Gabriel retribuiu o gesto.

"Bem,o que eu gosto de chamar de "esconderijo" fica aqui embaixo" ele apontou para um quadrado camuflado na areia,quase imperceptível.

" Meus oficiais tem o endereço e contato de todos da base,portanto,eu tive que inventar sobre viver nos prédios da cidade,até agora ninguém veio me procurar,portanto,qualquer coisa,vocês vieram me visitar no apartamento sete da rua Galileu Ferreira,entenderam?!" ele parecia já ter todo o plano arquitetado em sua mente,todas as falhas cobertas,ele devia ter pensado nisso há muitos anos.

Assentimos,e ele abriu aquele pequeno quadrado,revelando uma grande escada,que descia até o subsolo,entramos lá dentro e comecei a descer,o lugar parecia meio molhado,meio esgoto,mas quando firmei meus pés no chão,percebi que até que o Jonas tinha bom gosto pra decoração!,não que podíamos ter o luxo de decorar alguma coisa,mas o lugar era arrumado.

Havia uma estante com pouquíssimos livros e alguns vasos com plantas mortas,uma escrivaninha improvisada com uma grande caixa de madeira,onde haviam vários papéis,uma pilha na verdade,e no armário havia o que parecia ser um grande mapa,em forma de planta,não sei explicar bem,a parede estava enfeitada com um único relógio,que já devia estar bem usado,pelas rachaduras que claramente se sobrepunham sobre ele,e um tapete aconchegava meus pés,bem bonitinho na verdade.

Ao lado uma cama estava posicionada,com um pequeno abajur em cima de uma caixa de papelão pintada e personalizada,o que me pareceu trabalho do menino que estava sentado em cima da cama,de olhos pretinhos iguais aos do primo,e um cabelo mais preto ainda,lisinho,quase se passava por um japonês,se não fosse a feição carioca que tinha,ele estava entre vários fios elétricos,que deviam fazer parte da engenhoca que ele estava construindo,o que seria aquilo?

"Sejam bem-vindos a minha humilde residência senhores!" Jonas fez uma leve reverência.

Antes que ele continuasse e me apresentasse o menino na cama,que provavelmente era o Henry,o culpado de toda a fuga de Jonas,eu decidi falar.

I Segundo Para o Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora