Me apagaram.
Me sedaram completamente e eu não vi mais nada depois de uma grande agulha perfurando meu pescoço.
Seja lá o que fosse que eles escondiam no submundo da área 9,era oculto,sigiloso,não era qualquer um que podia entrar ali,e,se estávamos sendo procurados por gente como eles,eu pressentia que a coisa não ia ficar nada boa.
Pisquei algumas vezes tirando o embaço de minha visão,os meninos já não estavam por perto,e eu,já não usava a mesma roupa,era um uniforme todo preto,que era quase imperceptível,por se camuflar tão bem com as cores das paredes,me perguntei como e quem teria feito o trabalho (afinal alguém tinha me visto nua ali) ,mas achei melhor não pensar sobre o assunto.
Olhei para o lado e vi um tipo de enfermeira me levando em uma maca à algum lugar,consegui dizer com palavras fracas,vacilantes.
"Meus amigos...onde eles..."
"É melhor você fingir que ainda está dormindo moça" a enfermeira me aconselhou. "Não vai querer ter outra dose de sedativo..." ela sussurrava para mim,tentando não chamar atenção.
Cheguei até um corredor cheio de celas,vazio,uniforme,e,parecia...chato,não tenho as palavras certas para descrever,mas era cinza e entediante,com dois prisioneiros por cela,e,pelo visto,eu seria a próxima.
Me jogaram dentro de uma delas sem nenhum cuidado,e eu bati mais ainda meu joelho machucado,gemi de dor.
Só depois que me recuperei e me levantei,foi que eu pude ver,que não estava sozinha.
Uma outra menina compartilhava a cela comigo,tinha olhos divertidos,um sorriso engraçado,pele bem branquinha,cabelos escorridos pretos combinando com o uniforme,igual ao meu,mudando somente os números.
Agora,eu parecia me chamar,8050,e ela,4260.
Achei que seria indelicado chamá-la pelo número,então,decidi perguntar seu nome,já que eu queria saber onde estava exatamente e o que iriam fazer comigo.
"Sou Amélia..." ela estendeu a mão,parecendo simpática,estava com medo dela ser daquelas presidiárias duronas dos filmes,querendo me atacar na primeira oportunidade. "Amélia Santos..." ela terminou.
Sorri."Muito prazer! Eu sou Elisa..." retribui o gesto com um aperto de mão.
"Elisa?..." Amélia perguntou,querendo saber meu sobrenome,pra que ela usaria isso? Bem,eu não estava em posição de discutir...só queria respostas,e rápido!
"é...Teles...Elisa Teles!" falei,lembrando de que eu nunca gostei muito de meu sobrenome,por isso sempre abreviava,já que não havia nenhuma outra Elisa na escola inteira,o que me fazia sentir única,pensei em quantas Elisas teriam nessa aparente prisão...com certeza eu não seria a única,já que eu vi que os nomes dos presidiários só aumentavam a cada dia.
"Prazer Teles!" ela disse sorrindo,utilizando o sobrenome que acabei de citar que não gostava...que legal!
"Bom...sei que é meio incômodo perguntar mas...é...por que você está aqui? Que lugar é esse?" comecei com somente duas perguntas,pois se eu fizesse as 20 que eu queria de uma vez,ela ia me achar maluca.
Ela sorriu,parecendo já saber o que eu ia perguntar,como se ela já tivesse ouvido aquilo várias vezes ,e respondeu calmamente. "Estou aqui pelo mesmo motivo que você está...pelo mesmo motivo que todos estamos..."
Olhei frustrada,ainda esperando respostas. "Você ainda não sabe? Achei que estava óbvio..." ela me olhou,e viu que eu ainda estava confusa. "posso chutar que você foi pega lendo a bíblia...ou...não! talvez tenham descoberto que você ia a algum Q.I.C ou...talvez tenha parentes que eram ou são crentes! Não,não...já sei! Você já era procurada e te acharam em um esconderijo!" ela falou,eliminando todas as minhas dúvidas.
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I Segundo Para o Fim do Mundo
AdventureA vida para uma adolescente normal num mundo normal,já é complicada,mas a vida de uma adolescente não tão normal num mundo pós-apocalíptico é pior ainda. Elisa perdeu seus pais no arrebatamento e está dividida sobre o que realmente teria acontecido...