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25 dias.

Glitter and Fantasy parecia um nome de boate para Drag Queens, mas na verdade era apenas uma das mil lojas de fantasia sai espalhadas pela cidade, mais precisamente em uma das ruas mais movimentadas da cidade. Esse era o motivo de eu estar tão aflito dentro daquele lugar dominado por cores e um ar condicionado bastante impiedoso. Uma das ajudantes de loja ficava passando perto de mim a cada cinco minutos, ela usava um uniforme verme e branco bastante apertado, o modo como empinava a bunda provavelmente lhe renderia um problema de coluna.
─ Que assanhada! ─ A Morte usava o mesmo traje de sempre, porem agora incluiu um óculos escuro ao estilo Ozzy Osbourne e fumava um cigarro.
─ Pode parar de reclamar de quem olha para o meu pau e me ajuda aqui? ─ Eu falei enquanto observava as fantasias que tinha expostas nos cabides. ─ Essa serve? ─ Perguntei mostrando uma fantasia de Robin Wood.
─ Muito legal... ─ Ela sorriu. ─ Se você vai pra uma parada gay!
─ Isso foi homofóbico.
─ Ligue para o Jean Willys. ─ Ela caminhou um pouco e passou algumas fantasias. ─ Vai usar esta! ─ Ela estendeu uma beca preta que vinha com uma mascara de bode.
─ O que vai ser? uma missa negra? ─ Cruzei os braços.
─ Quase. ─ Ela empurrou a fantasia pra cima de mim. ─ Uma reunião de geeks.
Eu não questionei o que ela disse, apenas segurei a fantasia e caminhei ate o caixa. Não havia ninguém na loja alem de mim e de duas moças que trabalhavam lá, o balcão era de cerâmica encardida As duas moças estavam conversavam, mas cessaram quando eu me aproximei e joguei a fantasia no balcão. A moça que antes caminhava em volta de mim agora me observava, eu senti meu rosto ferver.
─ Que fantasia inusitada. ─ A moça que me observava esticou a fantasia enquanto a outra digitava algo no computador.
─ Não me diga! ─ Falei encarando a tela do computador que tinha vários dígitos e informações do aluguel. Deus me tire daqui... Ah, Deus não existe. A moça teve uma dificuldade em passar o cartão na credito na maquininha, por isso, teve que passa-lo duas vezes antes de me liberar. Senti-me livre quando sai do ambiente dominado pelo ar condicionado, no entanto o sol já começou a fazer um formigamento no meu corpo.
─ Eu odeio sol! ─ A Morte murmurou ao meu lado logo depois de dar um trago no cigarro. ─ É muito feliz.
Eu comecei a caminhar deixando a Morte para trás, mas era impossível, ela era onipresente. Posicionei-me de frente para a faixa de pedestres e estava pronto para atravessar quando vi Walter, Jambo e outro garoto do outro lado da rua.
─ Droga! ─ Eu dei meia volta. A bolsa na qual estava a fantasia quase acertou a Morte. Apressei o passo, a Morte ficou resmungando atrás de mim, mas não dei ouvido.
─ Ei, Jack! ─ A voz de Walter invadiu o meu campo auditivo. Ele me viu, eu o vi, eu não podia ignora-lo. Parei de andar e alguns segundos depois, me viro para Walter que usava uma camisa xadrez vermelha. O sorriso de Walter sempre sugeria encrenca e isso só ficava mais enfatizado devido a cicatriz na sobrancelha dele. Jambo usava uma regata e os outros garotos também, eles estavam suados.
─ O que você esta fazendo por aqui, cara? ─ Walter perguntou.
─ Você tem direito de ter outros amigos! ─ Falou a Morte.
─ Eu estava pegando uma encomenda para a minha mãe. ─ Respondi rapidamente.
─ Glitter and Fantasy. ─ Walter leu o nome da bolsa fornecida pela loja. ─ Serio?
─ Sim.
─ A ONG da sua mãe agora faz festas para o publico gay? ─ Walter perguntou. Eu não respondi.
─ Existem gays com câncer? ─ Jambo fez uma pergunta, na verdade era um comentário de mau gosto.
─ Acho que não, são limitados a AIDS. ─ Walter rio. Eu continuei serio. Walter caminhou se afastando de mim. ─ A gente se vê amanhã.
─ Beleza! ─ Acenei.

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