Eu sempre odiei cheiro de hospital, o cheiro inconfundível de água sanitária e morte. Era demasiadamente silencioso no hospital. Eu não devia estar lá, mas estava sentado em um dos banquinhos de espera. Sebastian Roth morreu a caminho do hospital, ele estava em uma maca dentro da ambulância eu estava sentado em um dos bancos enquanto dois paramédicos tentavam de tudo para manter o garoto vivo. A Morte observava tudo com uma expressão entediada, já eu, estava mais que obvio o quanto eu estava transtornado com a situação. Sebastian não conseguiu se despedir de seus pais, nem de seus amigos. Meu pai também não conseguiu se despedir de mim, nem da minha mãe. Será que eu conseguiria?
Eu estava estático encarando o chão de cerâmica branca, havia macas espalhadas pelo corredor, porem estava completamente vazio de pessoas, o ar condicionado me deixava com uma sensação ainda pior. A Morte estava ao meu lado, os pés dela calçados com um coturno preto ficavam a poucos centímetros longe do chão e ela os balançava.
─ Eu não quero morrer como ele. ─ Falei. Fiquei com um gosto amargo na boca. ─ Sozinho.
─ O que define se você morreu sozinho não é com quem você estava na hora da morte. ─ Ela disse. ─ E sim com quem você esteve durante a sua vida. ─ Eu a encarei e ela olhou na minha direção. ─ Quando mais escasso de amor a o próximo você for, mais vazio será o seu enterro.
Eu suspirei. Sebastian era um cara legal, sempre simpático com todos e sempre sorridente não importava o quando as pessoas o criticassem, era injusto não haver um céu para pessoas como ele. Espero que ao menos tenha muitas presenças no velório dele.
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✅ ENVELOPE NEGRO
HumorJack é um rapaz mau, arrogante e indiferente que recebe a visita da morte e precisa mudar de atitude antes que ela o leve.