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06 dias.

O dia seguinte era dia de vizitas. Edgar apareceu aqui e beijou minha mãe, na boca. Eu soube que eles estavam noivos nesse dia e fiquei muito feliz por eles. Ele conversou a sós comigo e pediu para que eu não fizesse mais aquilo, ele começou a dar um discurso sobre suicídio e bullying e como essas coisas prejudicavam os amigos e familiares que teriam que arcar com esse peso, enquanto a pessoa não estaria nem ai, até porque estava morta. Ele também me convidou para a festa de aniversario da ONG de minha mãe. Eu aceitei.


Fazia um bom tempo que eu não visitava aquela ONG, e eu acredito que minha mãe não notou minhas boas ações ultimamente, pois se tivesse notado, ela teria me convidado.


Avery não apareceu no hospital, mas Andy e os Gêmeos apareceram. Andy me trouxe uma camisa do The Punisher para que eu vestisse assim que recebesse alta do hospital, prometi que iria. Os gêmeos não trouxeram nada alem de palavras de conforto. Andy sentou-se na cadeira onde minha mãe estava ontem, os gêmeos ficaram de pé


─ Por que diabos você fez isso? ─ Andy me encarou com uma expressão irritada. ─ Você está virando emo? ─ Ele continuou. Os gêmeos se olharam em silencio.


─ Tudo começou quando eu escutei Sleeping With Sirens, desculpe! ─ Fiz cara de culpado, mas eu estava apenas sendo sarcástico. Andy revirou os olhos.


─ O que eu vou fazer com você, Gilinsky? ─ Andy resmungou.


─ Ser meu escravo! ─ Rebati.


─ Engraçadinho! ─ Ele falou porem sem olhar para mim. ─ É serio cara, não faça isso outra vez.


─ Relaxa! ─ Assenti.


─ Quando tempo você vai ficar aqui? ─ Dolan perguntou.


─ Talvez eu tenha alta amanhã! ─ Forcei um sorriso.


─ Olha, Jack! ─ Dylan começou. ─ Se você estiver tendo problemas de autoestima, eu posso te emprestar alguns livros de autoajuda da minha mãe e...


─ Calado! ─ Andy o interrompeu. Eu soltei uma risadinha.


─ Valeu Dyl! ─ Fiz um gesto positivo levantando apenas o polegar, Dylan sorriu. ─ Então... ─ Comecei. ─ E a Avery, ela...


─ Não falou com a gente esses dias. ─ Andy encolheu os ombros. Ele ficou sem jeito pela pergunta, percebi que os gêmeos se entreolharam novamente. Eu assenti em silencio e suspirei.


─ Vocês souberam do que aconteceu? ─ Perguntei. Andy olhou para os gêmeos, e eles o olharam de volta.


─ É... Sim! ─ Andy fez uma careta.


─ Vocês sabem que aquilo foi armação, não sabem? ─ Eu esperava que eles soubessem, mas felizmente eles nem hesitaram.


─ Claro que sabemos! ─ Disse Dolan. ─ Era de se esperar.


─ Walter precisa de uma lição! ─ Andy falou confiante. ─ Mas não sou eu quem vai dar. ─ Ele completou. Eu dei uma risada alta.


─ Claro que não. ─ Falei. O quarto ficou silencioso por alguns instantes. ─ Poderiam tentar falar com a Avery, sobre tudo?


─ Poderíamos! ─ Andy deu de ombros. ─ Mas não vamos.


─ O que? ─ Fiz careta.


─ Não podemos facilitar para você, Gilinsky! ─ Andy levantou-se da cadeira. ─ Desse jeito você vai se tornar um bundão. ─ Ele disse rindo e saindo do quarto, os gêmeos o acompanharam.


─ Ah, ótimo! ─ Gritei. ─ Belo amigo você é! ─ Joguei minha cabeça para trás e ela afundou no travesseiro, fechei os olhos com força e senti uma dorzinha de cabeça se iniciar.


─ Eles estão certos! ─ Era a Morte, ela tinha voltado. Eu abri apenas um dos olhos quando ouvi a voz dela.


─Você tem muita coisa pra me explicar! ─ A encarei e me endireitei na cama.


─ Pode mandar. ─ Ela subiu na cama e ficou com as pernas entrelaçadas me olhando.


─ Então você não é a única Morte? ─ Arqueei uma sobrancelha.


─ Não! ─ Ela olhou as próprias unhas.


─ Então por que mentiu? ─ Comecei. ─ Porque me fez fazer tudo aquilo?


─ Porque... Agora você é uma pessoa muito boa por dentro. ─ Ela me olhou como se fosse obvio. ─ E quando você morre, é o seu eu interior que fica no outro lado. E eu não gosto de gente feia! ─ Ela deu de ombros.


─ Então qual é a daquele cara? ─ Perguntei me referindo a Jedida.


─ Aquele cara é um saco. ─ Ela começou. ─ Ele acha que devemos pegar as almas das pessoas antes do prazo para que não escapem da morte!


─ Tem como escapar da morte? ─ Perguntei.


─ Claro que tem, nunca assistiu premonição? ─ Ela ficou me encarando. Minha expressão era de total surpresa. ─ Mas isso não vai acontecer com você.


─ Porque não? ─ Cruzei os braços.


─ Por que você é burro e não sabe como funciona! ─ Ela apontou para mim. ─ Agora volte a dormir, você está horrível.


─ É eu acabei de voltar de um suicídio. ─ Falei com sarcasmo.

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