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15 dias.

Eram aproximadamente 10 horas da manhã, eu estava aproveitando meu ultimo dia de suspensão do melhor jeito possível. Comendo. Dalilah preparou um ótimo sanduiche de peru e eu estava me deliciando.
─ Pobre peru! ─ A Morte resmungou sentada na cadeira do lado oposto de frente e de frente para mim. Ela encarava o sanduiche com um olhar de pena. ─ Ele nem mesmo sabe que está morto, fica fazendo aquele barulho irritante do outro lado.
─ O que? ─ Eu esbugalhei os olhos. ─ Continuamos ativos na morte? Eu pensei que a gente dormia.
─ Claro que não. ─ A Morte fez uma careta.
─ Então o que eu vou ficar fazendo quando morrer? ─ Quase berrei.
─ Jogar poker com Madre Teresa e Hitler.
─ Engraçadinha. ─ Ironizei. Eu ouvi a campainha tocar alguns segundos depois. Delilah deveria estar ocupada com o jardineiro, pois ninguém abriu a porta e a campainha continuou tocando. Eu deixei meu sanduiche e me levantei para abrir a porta. Era Avery, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e ela usava uma simples camiseta rosa e jeans.
─ Oi! ─ Ela sorriu.
─ Oi, Avery! ─ Eu encostei-me às dobradiças da porta, sorrindo é claro. ─ O que você está fazendo aqui?
─ Então... ─ Ela suspirou. ─ Eu fiquei curiosa pra saber como você estava. ─ Ela balançou a cabeça despretensiosamente, mas ela estava com vergonha.
─ Ah! ─ Eu assenti com a testa franzida.
─ E eu também lembrei que você entrou no meu quarto e eu nunca entrei no seu. ─ Ela falou rápido.
─ Ah! ─ Dessa vez o meu tom foi mais interessado, eu poderia estar enganado, com certeza estava enganado, mas eu senti uma conotação erótica na frase dela. Nem mesmo notei que eu estava sorrindo. ─ Claro, pode entrar! ─ Eu abri passagem para ela.
Avery entrou timidamente na casa, e quando passou pela porta ficou deslumbrada olhando o interior.
─ Uau! ─ Foi o que ela disse.
─ Eu sei! ─ Sorri ao lado dela. ─ Me segue. ─ Comecei a subir as escadas e eu ouvi os passos de Avery bem atrás de mim.
Agradeci Dalilah mentalmente por ter feito a minha cama e forrado com um lençol preto e verde depois que eu acordei, meu quarto estava impecável e eu não iria ficar envergonhado de ter uma garota lá novamente, também estava com uma cheiro bom lá e com as persianas abertas.
─ Bem vinda ao meu reino. ─ Me virei para Avery, ela estava observando tudo, a mesa de estudos, a pequena estante de livros, a cômoda.
─ Do jeito que eu achei que fosse. ─ Ela sorriu de leve.
─ Ah é? ─ Eu sorri e me joguei na cama. ─ Então você tem pensado no meu quarto?!
─ Dá um tempo. ─ Avery ficou parada no meio do quarto com os braços cruzados. Ela parecia evitar olhar para mim.
─ Ah qual é, você que me beijou. ─ Eu provoquei. Avery finalmente olhou para mim com uma feição comicamente incrédula.
─ Pelo amor de Deus.
─ Desculpe! ─ Eu levantei as mãos em defesa. ─ Então...
─ Então. ─ Avery caminhou lentamente e sentou-se na beirada da cama. ─ Eu vim ver se você está bem.
─ É, você já disse isso. ─ Eu sorri.
─ Ok! ─ Avery suspirou e então se virou para mim. ─ Posso pergunta-lo uma coisa?
─ Claro. ─ Dei de ombros.
─ Eu não quero parecer desesperada, mas você me beijou de volta. ─ Ela respirou. ─ E terminou com a Sloane.
Ela ficou me encarando em silencio quando eu soltei uma risada baixa.
─ Por favor, pare de sorrir assim pra mim, seu arrogante.
Então ela me beijou, na verdade eu a beijei... Na verdade eu não lembro, nem importa. Mas foi tão bom quanto a primeira vez, e eu me senti tão bem quanto a primeira vez.
Eu fiquei encarando ela quando paramos, nossos rostos ainda estavam muito próximos um do outro, o nariz dela perto do meu nariz machucado pelo soco que Walter deu. Eu sorri, Avery também.
─ O que isso quer dizer? ─ Ela perguntou.
─ Que eu quero você.
E então nos beijamos novamente.

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