Capítulo 2 - Parte 7

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Obviamente eu não queria vomitar nele novamente. Saí abrindo tudo enquanto é porta que encontrei na minha frente, até que por fim encontrei. Vomitei assim que cheguei no banheiro. Não aguentava mais aquilo e sinceramente estava quase criando coragem e procurando um médico.

Dulce. - Senti aqueles braços me cercarem enquanto eu continuava a vomitar. - Isso acontece sempre? - Neguei sentindo meus olhos arderem. Meu Deus e se eu tivesse doente?! Minha avó, minha mãe e agora eu. - Parei de vomitar e comecei a chorar desesperadamente. - O que foi baixinha? - Num impulso o abracei escondendo meu rosto no peitoral dele. - Por que está chorando?

Dulce? - Ouvi a voz de Alexandra de longe. - Querida onde você está?

Estamos aqui mamãe. - Christopher falou me apertando em seus braços. - Dulce fala o que você tem.

Oh meu Deus, o que houve? - Senti as mãos de Alexandra sobre minha cabeça. - O que ela tem Christopher?

Ela não está bem mamãe. Além de ter vomitado, agora está chorando.

Minha querida o que você tem? - Tentei olhá-la mas sem êxito. Estava assustada demais para falar ou fazer algo. - Vou ligar para o Fernando.

Dulce. - Christopher me apartou de seu corpo. - Por que está chorando?

Não sei. - abaixei a cabeça. - Quero minha mãe.

Sabe bem que não é possível.

Sei. - Solucei. - Todas as pessoas que amo foram tiradas de mim. Minha mãe, minha vó, meus amigos.

Ei, seus amigos ainda estão bem. Você vai voltar a vê-los.

Tá mas e minha mãe? E minha avó? Quem vai trazer as duas de volta pra mim?

Ninguém. Se eu pudesse eu traria mas isso é impossível.

Eu sei que é impossível. É mais fácil eu ir até elas.

O que quer dizer com isso?

Se eu morrer de vez deixo de ser um tormento e vou para onde elas estiverem.

Ei para com isso ok? - Senti os dedos dele passarem por meu rosto enxugando minhas lágrimas. - O que posso fazer pra você voltar a sorrir?

Nada. Ninguém pode.

Que pena. - Ele suspirou. - Se não vai sorrir, pelo menos não chora.

Impossível. -Olhei pra cima tentando conter as lágrimas.

Quer desabafar? - Neguei. - Tudo bem, mas se precisar de um amigo eu estou aqui ok? - Assenti sem graça. - Vem, vou te levar pro seu quarto e você deita.

Não precisa. Estou bem.

Não está não. Vem. - Ele deu alguns passos e eu me mantive parada. - O que foi? Eu não mordo, a não ser que me peçam.

Idiota. - Fiquei sem graça.

Vamos. - Ele deu passos em minha direção e me pegou no colo.

Ei, me solta.

Não.

Eu sei andar.

Jura? Pensei que era um bebe. - Ele falou enquanto caminhava comigo rumo ao quarto.

Christopher por favor, me põe no chão.

Não. Você parece um bebê. Sério. Além de tudo é súper leve.

Christopher por favor, me põe no chão. - Tentei me soltar dele mas sem êxito.

Calminha baixinha, já chegamos. - Ele falou assim que entrou no quarto e me pôs deitada na cama. - Mansa.

Idiota, não sou cachorro pra falar assim. - Sentei-me mirando o chão.

Ei. Já disse que não mordo, não precisa ficar assim. - Novamente ele riu de mim. Não sei se minha cara estava pintada de palhaço ou o se eu havia escrito em minha testa "ria de mim", mas isso já estava me irritando. Continuei em silêncio, acho que planejando uma forma de trucidar aquele ser estranho. Bom, não tão estranho. - Vai me ignorar? - Dei de ombros enquanto me deitava me encolhendo. Senti um frio passar pelo meu corpo fazendo o mesmo se arrepiar.

- Está tudo bem Dulce? - Ouvi uma voz no fundo perguntando. Ainda a mesma voz, porém meu pensamento vagava longe. - Dulce. - Senti um calor perto de mim, mas se quer havia percebido que Christopher estava perto. - Você está pálida. - Colocou a mão em minha testa, e foi aí que me dei conta de que ele estava próximo. - Está com febre. - O mirei.

É culpa deste lugar. - Dei de ombros virando-me de costas pra ele.

Eu até acreditaria, se não fosse o fato de você já ter chegado aqui passando mal. Aliás, o que você andou comendo hein?

Eu nada. Será que pode me deixar sozinha?

Não. - Arregalei meus olhos. Que estúpido.

Christopher, de onde eu vim as pessoas costumam ter educação, será que não te ensinaram isso aqui?

Talvez. - Pude imaginar aquele sorriso novamente surgir em sua face.

Posso te perguntar uma coisa? - Sentei-me o olhando.

Claro senhorita. - Ele se sentou ao meu lado.

Você sabe o que houve com minha mãe né? - Ele assentiu. - Sabe me dizer se é verdade o que o Fernando me disse?

Depende do que ele te disse.

Que ela estava doente. - Mordi meu lábio inferior.

Sim Dulce. Bom, pelo menos foi o que minha mãe me disse. Que ela descobriu que estava doente pouco depois que você nasceu, mas que já estava em um estado avançado e não teria tratamento aqui.

E pelo visto nem lá né. - Suspirei. - Christopher, se a doença da minha mãe é hereditária, minha avó morreu, minha mãe morreu, quer dizer que eu serei a próxima?

Não Dulce. - Ele respondeu rápido e pude sentir um certo tremor em sua voz.

Como tem certeza disso?

Também não sei explicar, talvez o teu pai saiba.

Ele não é meu pai.

Levando em consideração que metade do seu DNA provém dele, sim ele é seu pai. - Aquele sorriso mais uma vez surgiu em sua face enquanto ele olhava um ponto fixo no chão. Confesso que se ele continuasse sorrindo daquela forma eu o agarraria ali mesmo.

Pai não é quem faz. É quem cria, dá amor, está presente o máximo que pode, e não quem aparece na sua vida apenas quando você não tem mais nada e ninguém só pra poder jogar um dia na tua cara que sem ele eu não sou nada. Que precisei dele pra sobreviver.

Não é assim Dulce.

Ah não? Christopher, olha bem pra tudo isso. Me diz se não é verdade.

Eu daria tudo pra ter um pai como o seu. Aliás, todo esse tempo ele foi como um pai pra mim e para meu irmão, e te garanto que ele daria tudo para ter tido você ao lado dele. Que ele sempre sonhou em ter você aqui, te ver crescer, te dar toda a assistência que um filho precisa, te dar amor. Olha só pra isso, para esse quarto. Está tudo exatamente como você deixou quando sua mãe te levou embora daqui. A única coisa que tem a mais, são presentes, que ele comprava todos os anos, tanto no seu aniversário, como no natal e dia das crianças.

Ah claro, presentes que nunca foram entregues.

Você realmente não sabe de nada. Não sei se você está sendo egoísta, ou se te fizeram acreditar em mentiras por tanto tempo. - Ele negou com a cabeça torcendo os lábios. Fiquei sem graça e chateada. Primeiro por ele ser de certa forma grosso comigo, segundo por não saber se minha vida fora uma mentira. E se foi? O que realmente aconteceu? Porque me mentiram por anos? O que estava por trás disso? Deixei meu corpo escorregas e cair na cama. Ele estava pesado e cansado. Queria dormir. Dormir, dormir, dormir, e talvez nunca mais acordar. Fechei meus olhos e pouco depois senti que ele havia se retirado do meu quarto.

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora