Capítulo 7

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Você não tem cara de que fazia essas coisas na escola Rodrigo. - Disse após me recompor.

Bom, eu era considerado o pior da minha turma em questão de comportamento.

E como hoje pode ser um empresário.

Herdei do meu pai. Não tive escolha, e pra falar a verdade não gosto muito do que faço. - Ele tomou um pouco de vinho tinto. - E você, pensa em fazer o quê?

Eu não sei. Ainda estou pensando.

O que você mais gosta de fazer?

Gosto de ler. Qualquer livro que me arrumem, eu leio. - Comi um pedaço de sushi.

E por que não se forma em Letras?

E lecionar o resto de minha vida? Obrigada. - Neguei fazendo cara feia. - Eu tinha pensado em algo tipo Psicologia.

É uma boa profissão.

Mas não sei. Talvêz eu faça administração e tenha meu próprio negócio. O problema é a Matemática. - Rolei meus olhos.

Bom, você pode se formar em Psicologia e ter seu próprio escritório. Que público gostaria de atender?

Não sei. Acho que mais o infanto-juvenil. Queria poder ajudar crianças e adolescentes que tenham tido uma perda traumática sabe. - Suspirei. - Eu sei como isso é ruim, mas pra isso eu tenho que superar minhas perdas de verdade.

Sabe o que eu penso?

O quê?

Que por um lado isso realmente é bom. Conhecer pessoas que tenham sofrido tanto quanto ou mais que você, e poder ajudá-las. Mas por outro lado, não é legal.

E por quê não? - Apoiei meus braços sob a mesa o olhando.

Porque talvêz, lá no fundo, você só esteja querendo que a dor das outras pessoas possa ser capaz de fazer você esquecer a sua dor.

É, talvêz. - Mordi o lábio inferior. - Vou tentar decidir isso logo.

Então decida, mas faça o que você realmente quer, o que realmente gosta. Não o que você pensa que precisa.

Verei isso logo. - Dei meio sorriso.

Já terminou de comer? - Assenti. - Posso pedir a sobremesa?

Não como coisas doces Rodrigo. Bom, não muito, e eu já tomei esse suco, prefiro não me arriscar. - Mordi o lábio inferior.

Ah, verdade. Seu pai me disse que você tem diabetes.

Sim. Muito chato isso, mas em fim. Eu prefiro coisas salgadas, sabe. Às vezes como chocolate, ou algum outro doce, mas quase nada.

É uma pena, porque nesse calor que tem feito um sorvete seria muito bom. - Eu fiz uma careta. - Está certo. Tem que cuidar da saúde.

Bom, acho melhor eu ir embora agora né. Estamos aqui há umas três horas.

Jura? Nem parece tanto tempo assim. - Ele acenou para o garçom trazer a conta. - Quer ir em algum outro lugar ou quer ir pra casa?

Prefiro ir pra casa. Quero tomar um banho pra me refrescar e deitar um pouco. Estou meio cansada da festa ontem.

Ah, você foi a uma festa?

É, uma festa lá da escola. - Revirei os olhos.

Bom, pra você estar cansada assim, deve ter se divertido muito.

Você não imagina o quanto. - Mordi o lábio inferior.

Esperamos o garçom chegar com a conta, e depois de Rodrigo pagar ele me levou de volta para a minha casa. Meu corpo pedia cama. Minha cama. Acho que a cama do meu pai não era lá tão confortável. Tomei um banho bem demorado e depois me deitei um pouco.

Como foi? - Ouvi uma voz que mais parecia um eco em minha cabeça. Abri meus olhos e olhei em direção à porta. - Desculpa, a porta estava aberta.

Oi. - Me sentei massageando as têmporas. - Foi legal, só que não sei se vou suportar o calor daqui. O clima aqui é muito mais quente que Nova York.

Está com dor de cabeça?

Um pouco.

Quer tomar um remédio?

Não precisa. Agora que tomei banho, acho que passa rápido, se não passar tomo alguma coisa.

Ok. Tome bastante água, precisa se hidratar nesse calor.

Pode deixar. Papai, o que você acha do Rodrigo?

Como assim filha?

Não sei. Você acha ele um cara legal?

Se quer saber, eu acho ele um pouco velho pra você, mas ele é legal sim. Pelo menos nunca tive problema algum com ele. Ele sempre me respeitou.

E você sabe porque ele e o Chris se odeiam?

Sei sim.

E pode me dizer?

É algo que nunca se fala por aqui filha. Algo deles, e prefiro deixar que eles mesmos digam porque é que se odeiam.

É algo muito forte?

É algo que, no lugar deles, eu faria o mesmo.

Não é por nenhuma garota não né?

Não. Passa longe disso. Por que não pergunta a eles? Talvêz eles respondam a você.

Bom, eu já tentei com o Christopher, mas ele não me disse. - Revirei os olhos. - Mas com o Rodrigo eu não sei. A gente saiu uma vez, não posso simplesmente sair perguntando porque é que ele odeia o Christopher. Aliás, se foi algo muito ruim mesmo, eu não sei se quero saber.

A única coisa que você precisa saber é que nenhum dos dois tem culpa de nada do que aconteceu. - Ele se sentou ao meu lado. - E que você não tem que ficar de lado algum caso algum dia eles tentem fazer sua cabeça.

Como se alguém fizesse minha cabeça. - Franzi o cenho.

Um coração apaixonado é capaz de mudar qualquer cabeça Dulce.

Apaixonado?

É.

Não sei do que está falando. - Mordi o lábio inferior. Será que ele já tinha notado algo a mais entre Christopher e eu.

Sabe sim. - Ele deu de ombros. - Mas como eu sou um péssimo pai, não vou me meter em nada, a não ser que você queira. Espero que saiba querer o correto. - Ele passou as mãos pelo meu cabelo. - E espero também que não entre por um caminho sem volta. - Senti um arrepio subir pela espinha. Um caminho sem volta sería a ultima coisa que eu queria. - Você vai voltar a sair com o Rodrigo?

Não sei. Ele me chamou pra ir em um parque, mas não sei se quero.

Ele te tratou bem? Não se divertiram?

Não é isso. Ele me tratou super bem e nos divertimos bastante.

Bom, faça o que achar que deve filha. Acho que ir a um parque não vai ser nada de mais. Você precisa de divertir um pouco.

É. - Dei meio sorriso.

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora