Capítulo 7 - Parte 5

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Meu corpo estava cansado, exausto. O ar me parecia pesado. Abri meus olhos, assustada. Pareciam ter enfiado facas em meus olhos. Eu aspirava e respirava forte. Estava sentada. Os borrões estavam tomando vida. Christopher dormia na poltrona no canto do quarto, enquanto Ivalu mechia no celular. A mesma deixou o celular cair quando me viu levantar num impulso. Chistopher acordou assustado com o som do aparelho se chocando contra o chão. E ambos ficaram me olhando. Ivalu veio até mim, seus olhos estavam marejado. Mas ela não olhava para mim. Agora pude ouvir o som contínuo do aparelho que marcava os meus batimentos. Christopher correu para fora. Fechei meus olhos. Isso não estava acontecendo. Não. Não. Não. - Gritei. Mais uma vez abri meus olhos. Agora tudo estava realmente calmo. Christopher agora estava sentado ao lado da maca segurando minha mão. Ele dormia. Movi minha mão na esperança de que eu estivesse acordada de verdade. Agora eu tinha a certeza de que não queria morrer. Era a pior sensação do mundo. Soltei minha mão da dele, mas dessa vez não tinha um corpo sem vida no lugar da minha mão. Acariciei-lhe o rosto. Aos poucos ele acordou. Talvêz ainda estivesse atônito. Ele me olhava, seus olhos estavam marejados.

Baixinha. - Ele acariciou meu rosto. Tentei falar algo. Minha boca até que se mecheu, mas a voz não saiu. - Você acordou. - Ele apertou minha mão contra seu rosto e eu assenti. - Nunca mais faça isso comigo. - Ele enxugou o rosto. - Nunca mais, está me ouvindo? - Ele ordenou e eu sorri. Tentei falar alguma coisa, mas sem êxito. - Tudo bem. Descansa. Você precisa descansar. - Segui a mão dele com os olhos e vi que ele apertara um botão ao lada da maca. Já havia visto um daqueles em algum filme ou novela. É daqueles que se usa para chamar o médico. Christopher me olhava. - Pensei que não iria conseguir.

Eu queria falar. Perguntar quanto tempo eu estava ali. Onde estava meu pai. Mas minha voz insistia em não sair. Peguei a mão dele e usando meu dedo indicador comecei a usá-lo como se fosse lápis. Primeiro fingi escrever a palavra "voz"

Não consegue falar? - Assenti. - Está fraca de mais, o médico disse que isso poderia acontecer. Mas vai passar logo. - Ele sorriu terno, acreditando no que ele dizia. Depois escrevi "Tempo?" e ele engoliu seco. Assenti dando a ideia de que estava tudo bem. - Não quero falar sobre isso. A ultima vez que falei você quase morreu Dulce. - Levei minha mão e acariciei-lhe o rosto depois voltei a escrever. "Por favor" - Ele suspirou e por fim respondeu: - Dezessete dias. - Suspirei. Dezessete dias inconsciente, indo para o além e voltando à terra. Mais uma vez a morte havia ido de mãos vaizas para a casa. Não foi dessa vez. Tive vontade de dizer a ela. "Ivalú" Escrevi e ele custou entender, mas entendeu. - Seu pais os levou hoje cedo pra casa. Estavam cansados. Meu irmão ficou aqui de manhã, a Annie ficou à tarde e eu estou agora à noite. Seu pai ficou de vir pra ficar de madrugada. Houve um tempo de silêncio. Suspirei frustrada. Queria poder ver todos, queria que vissem que eu estou bem. Acariciei-lhe a palma da mão, como se estivesse apagando algo. E então escrevi. "Me beije". A primeira reação foi arregalar os olhos, a segunda sorrir, a terceira acariciar meu cabelo e a quarta be beijar. Foi uma beijo totalmente calmo e leve. Não envolveu língua, até porque não deu tempo.

Respiração boca a boca, acho que não é permitido aqui dentro. - A medica disse tentando ser séria. Era a mesma voz que queria desligar meus aparelhos sabe-se lá quando tempo antes. De um sorriso minha cara fechou. - Será que poderia nos dar licença Uckermann? - Ela disse. - Precisamos examiná-la agora.

Tudo bem. - Christopher se levantou. - Eu volto, vê se não sai daí viu. - Ele beijou minha testa e eu assenti sorrindo. - Ela não está conseguindo falar. - Ele deu um passo para trás e eu segurei sua mão. Queria escrever a ultima coisa. Escrevi. "Eu te amo" Ele me olhou por um instante. Seus olhos se encheram de lágrimas. Ele sussurou "Eu também" e se retirou.

Depois de ser examinada acabei dormindo novamente e quando acordei já não estava mais no mesmo lugar. Provavelmente haviam me levado da UTI para o quarto. Notei que ali estavam todos. Meu pai, Ivalú, Pablo, Annie e Alfonso. Ou quase todos. Christopher não estava. Tentei me sentar mas logo me impediram.

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora