Capítulo 12

855 72 0
                                    

Estou sentada na sala de espera há quase dez horas. Estão todos aqui, com exceção a tia Ale e meu pai que estão conversando com o médico em algum lugar. Já fazem horas que estamos aqui e ninguém aparece pra dizer o que está acontecendo.

Já tentaram conversar comigo, mas eu não quero falar com ninguém. Estou sentada no canto da sala enquanto os outros estão sentados no outro lado. Se Christopher morrer, eu jamais vou me perdoar por isto.

Annie, está falando alguma coisa com Poncho que parece estar chorando. Meu Deus o que eu fiz? É tudo minha culpa.

Eu... eu preciso vê-lo. - Me levantei e fui em direção à porta, mas Pablo me impediu. - Me solta, eu preciso saber como ele está. Eu preciso vê-lo.

Calma Dul.

É minha culpa, é minha culpa. - Deixei meu corpo escorregar até o chão.

Calma, calma. Vai ficar tudo bem, fica calma, por favor. - Ele se abaixou e me abraçou.

Ele não pode me deixar, eu não vou suportar. - Soltei vários soluços. - O que eu vou dizer para o meu filho? - Perguntei e ele me olhou, com pena. Ivalú explicou apenas parte da historia pra ele, porque não sabia tudo. Com certeza todos estavam curiosos pra saber o que houve, mas eu não tinha cabeça para explicar.

Filha. - Ouvi a voz de meu pai. - Oh meu amor. - Ele veio até mim e se abaixou na minha frente. - É melhor você ir pra casa, não vai fazer bem ficar aqui.

Eu não arredo o pé daqui enquanto não poder vê-lo.

Mas ninguém poderá vê-lo agora. - Ele suspirou. - Vai pra casa, descansa, eu prometo que ligo se tiver notícias.

Eu não vou, será que não entende? Eu sou a única culpada disso tudo, e tenho que ficar aqui. - Ele suspirou vencido e se levantou. - Ele precisa de doação de sangue urgente. - Olhou em volta encarando a todos. - O estado dele é delicado, e não se sabe quando, ou se ele vai acordar. - Ele se sentou. - Sua mãe não é compatível Poncho, e eu também não.

Eu posso doar, digo, sou irmão dele, nossos sangues devem ser compatíveis. - Ele disse.

Você não pode. - Eu falei e todos me olharam. Encarei Alexandra que estava na porta em prantos.

Você não é compatível. - Ela continuou. - Ele é O negativo.

Eu sou AB positivo. - Ele indagou. - Ele só pode receber tipo O, não é? - Ela assentiu.

Eu também. - Meu pai falou.

Fala pra eles. - Gritei. - Fala pra eles.

Falar o quê? - Meu pai perguntou assustado com minha reação.

Dulce, agora não é hora.

Hora de quê? - Alfonso perguntou confuso olhando para mim e para a Alexandra.

Você e o Christopher, não podem ser compatíveis, porque não são totalmente irmãos. - Falei rapido e com um sorriso sarcástico nos lábios. - Nunca se perguntou porque é que não se parece com ele? Olha só pra vocês, são tão diferentes.

Do... do que ela está falando mamãe? - Vi Anahí massagear seus ombros e sua boca sussurrar algo em seu ouvido.

Eu sempre quis ter um irmão. - Sorri. - E depois de 17 anos, eu descobri que tenho um.

Dulce chega!. - Ela gritou e eu me assustei. Eu nunca a vi gritar. Seu rosto estava vermelho de raiva.

Irmão? - Meu pai a olhou. - Não. Espera... - Ele se levantou. - Quando eu voltei de viagem, você já tinha nascido. Já estava grande. Seu irmão já ia completar um ano. Ah meu Deus, ah meu Deus. - Ele se levantou. - Isso, isso é verdade Alexandra? - Ela abaixou a cabeça sem poder negar.

Eu fiz uma promessa. Você não é o pai dele, o pai dele é o Victor. Foi e sempre será. Ele quem o registrou, ele quem o viu nascer, deu de comer e uma cama quente pra dormir.

E você acha que eu teria deixado você se virar sozinha se eu soubesse?

Eu nunca quis o seu dinheiro Fernando.

Você não tinha o direito de esconder isso de mim Alexandra. Eu o teria amado da mesma maneira que amo a Dulce. - Vi Alfonso se levantar e sair o mais rápido que pode.

Eu vou atrás dele. - Falei baixo.

Dulce, é melhor não. - Pablo massageou meus ombros.

Ele é meu irmão também, e se fosse vocês, deixava eles conversarem sozinhos. - Me soltei, enxuguei as lágrimas e fui atrás dele enquanto meu pai e Alexandra continuavam discutindo na frente dos meus amigos. Eles devem estar achando isso tudo muito maluco. Vieram passar o verão comigo e isso acontece justo no dia que eles chegaram.

Segui Alfonso pelos corredores do hospital até o exterior do mesmo, e por fim ele parou no estacionamento esmurrando o ar. Fiquei parada perto dele sem dizer nada. Quando ele me viu, ele simplesmente veio até mim, me abraçou e desabou a chorar.

É verdade? - Ele perguntou depois de um tempo. - É assim que termina? - Sua voz estava falha e isso me cortava o coração.

O quê?

Pra ganhar uma irmã, eu tenho que perder um irmão?

Não fala isso, ele não pode... - Olhei para o céu estrelado. Estava tão lindo. Aposto que Christopher iria adorar.

Você sabe que sem o sangue ele não vai sobreviver.

Eu sou O positivo. - Abaixei a cabeça. - Eu posso doar.

Dulce. - Ele sorriu incrédulo. - Sinto lhe dizer, mas você não pode doar. - Ele passou a mão pelo rosto.

Por quê?

Primeiro que você tem diabetes, e segundo porque você está grávida.

Isso é. - Suspirei frustrada abaixando a cabeça. - O que vamos fazer, então? Você conhece alguém que seja?

Não. Eu não conheço. - Ele me abraçou bem forte, chegou a me sufocar.

Eu estou com tanto medo.

Ele vai conseguir, ele tem que conseguir.

E se ele não conseguir? O que vou fazer?

Você não estará sozinha.

O que eu vou dizer ao meu filho? Que eu matei o pai dela?

Não. Você não tem culpa disso Dulce, você foi apenas uma vítima.

Foi você quem contou a ele?

O que?

Ele sabia. Ele disse que sempre soube.Christopher te conhecia mais que qualquer um Dulce, e eu não pude negar um pedido desesperado do meu irmão mais novo. Ele desconfiou.

E você confirmou. - Rolei os olhos.

Na verdade, ele pediu pra eu perguntar o que estava acontecendo.

E o quê é que você contou a ele?

Tudo.

Até mesmo do Rodrigo? - Pressionei as unhas contra as palmas de minhas mãos. 

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora