Capítulo 11

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O primeiro dia no cruzeiro foi tranquilo. Muito sol e um paraízo flutuante. Era enorme e cada coisa dentro dele me fascinava. Anahí e eu ficamos no mesmo quarto, com duas camas de solteiro. Na hora do jantar nos juntamos ao restante da turma em um dos restaurantes do navio.

Eu estava até animada pelo fato do professor Guilhermo não estar aqui. E pelo menos me livraria por quatro dias do tormento que é o Rodrigo. O fato de Christopher estar ali já não me incomodava. Queria esquecer todos os meus problemas. Queria relaxar.

Comi como se tivesse dormido amarrada no tronco. Não sei de onde tirei tanto apetite. E aquela comida maravilhosa ajudou bastante.

Mais tarde, Anahí e eu fomos dar uma volta enquanto conversávamos. Nos sentamos na parte frontal do navio, onde podiamos ver o mar e o céu. Era lindo. Até mesmo sendo à noite, era possível ver o tom azulado do céu.

Anahí falava, falava, falava. De como estava feliz de ter acabado o colegial. Falava que agora com 18 anos poderia se casar com Poncho e os pais não poderiam mais impedir os dois de ficarem juntos. Não sabendo ela que eles praticamente vão querer forçar um casamento quando descobrirem que Alfonso é filho de Fernando.

Sabe o que acho? - Perguntei finalmente, já que ela o fato de ela falar sem parar estava me deixando tonta.

O quê?

Que você deveria se preocupar em fazer sua faculdade primeiro. Você é muito nova para se casar.

Mas eu posso fazer a faculdade depois.

E como a senhorita pretende pagar uma faculdade? - Cruzei meus braços e ergui a sobrancelha esquerda.

É, eu não tinha pensado nisso.

Olha, eu sei que você ama o Poncho, mas Annie, o amor não pode sustentar não. Eu não ligo pra dinheiro, mas você é a filinha do papai. - Ela fez uma careta. - Vive cheia de regalias e mimos. E outra, onde vocês vão morar? O dinheiro que ele está juntando, é pra estudar, mas quanto tempo vai demorar até ele se formar?

Eu sei Dulce. Eu não me importo com os mimos. Só quero poder ficar com ele sem que meus pais me proíbam.

Pensa melhor nisso. E outra, eu duvido que ele vai querer tirar sua vida de princesa. Você não sabe nem fazer café.

Não mesmo. - Ela deu uma risada.

Olá. - Disse Alfonso atrás da gente. - O que fazem aqui? - Ele deu um beijo estalado na minha bochecha e depois um selinho em Anahí.

Estamos admirando as estrelas e conversando.

Ah, que pena. Porque eu vim rapitar minha loira.

Nem pense, não vai me deixar sozinha não.

Obrigada pela parte que me toca. - Christopher disse atrás de mim, me fazendo arrepiar. Obvio que ele estaria ali.

Desculpa, não tinha te visto Christopher. - Continuei olhando para o céu.

Vem Annie. - Alfonso a ajudou a se levantar. - Depois a gente se vê.

Ok. - Dei de ombros enquanto os dois saíam e Christopher se sentava ao meu lado.

Lindo não é?

Hurrum.

Do que falavam?

Sobre como as pessoas são curiosas.

Ah é? E de quem falavam? - O olhei incrédula. - Ah, desculpa. - Vi as bochechas dele corarem levemente e eu sorri.

Como está?

Bem.

Gostando do Cruzeiro?

Seria melhor se vocês duas não fugissem da gente o tempo todo. Viemos por vocês.

Não pedi que ninguém viesse. - Apoiei meu queixo sob meus braços que estavam na grade.

Não me parecia de mal humor quando cheguei aqui. Acho que minha presença não é bem vinda. - Suspirei. Ele tinha razão. Eu sempre mudava meu humor quando ele se aproximava. Mas não era isso que eu queria.

Eu vou dormir. Estou meio enjoada.

Está se sentindo bem?

Hurrum. Acho que é porque balança, e aqui na frente parece ser pior.

Quer que eu te acompanhe?

Não é necessário.

Posso buscar um remédio pra enjoo na enfermaria pra você.

Christopher. - Suspirei. - Por favor.

Quer ficar sozinha, já sei. - Ele mordeu o lábio inferior.

Desculpa. - Me levantei.

Só me responde uma coisa Dulce. Mas quero que seja sincera.

O que é?

Você realmente quer ficar longe de mim, ou alguém não quer que você se aproxime de mim?

Christopher. Não começa.

Me diz.

O que você prefere que eu responda?

A verdade. - Ele se levantou. - Eu estou cansado disso. Cansado de ser desprezado e ignorado.

Não estou te desprezando. - Me apoiei na grade. Estava um pouco tonta.

Não?

Christopher, confia em mim, por favor. Isso vai passar, eu acho. - Fechei meus olhos.

Não consigo confiar em você.

Não sou confiável é isso?

Não é isso. É só que eu não consigo confiar em algo assim. Já faz mais de um mês que você mal fala comigo e tudo que você me diz é pra confiar em você. - Ele se apoiou na grade olhando o horizonte.

Se não confia em mim, não posso fazer nada. Com licença. - Saí daquele local sem se quer olhar para trás. Sentia raiva, porém, raiva de mim mesma. Eu sabia que isso iria acabar mal, mas ainda tinha medo de que Christopher sofresse alguma coisa por minha culpa.

Fui até o quarto e me deitei. Estava completamente enjoada, e aquela quase conversa com o Christopher havia poiorado minha situação.

Precisava esquecer um pouco tudo isso. Esquecer Christopher e as ameaças de Rodrigo.

Tres leves batidas na porta do quarto me despertaram de meus desvaneios. Levantei-me e fui abrir.

O que faz aqui Christopher? - O olhei assim que abri a porta. Ele segurava uma mochila e mordia o labio inferior. Acho que estou passando essa mania pra ele.

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora