Capítulo 3 - Parte 6

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Depois do almoço, como rotina fui ler um livro no meu quarto. Li umas quatro páginas, mas minha mente se quer prestara atenção no que eu havia lido. Olhei pela janela e vi Christopher entrar no estábulo. Fechei o livro, e desci até o andar de baixo, dando de cara com Fernando.

Mas já vai de novo? - Perguntei ainda perto da escada, olhando-o carregar uma mala.

Tenho que trabalhar Dulce. - Ele parou e me olhou. - Quer alguma coisa?

Não! - Me limitei.

Filha. - Ele molhou os lábios com a língua.

Não me chama assim. - Disse entredentes o fitando.

Ok, Dulce! - Ele disse seco. - Se precisar de qualquer coisa me fale.

Tanto faz. - Dei de ombros e segui até a cozinha, peguei um suco na geladeira e depois segui até ao estábulo, onde vi Christopher dar banho em um cavalo branco. Subi em uma pedra que tinha próxima à porta de uma das celas vazias e me sentei sob uma das portas e fiquei o olhando. Me arrepiei ao ver aqueles braços fortes se movimentarem. Ele provavelmente não havia me visto ali. Fiquei em silêncio até o cavalo da cela ao lado (no qual eu não havia visto – relinchar no meu ouvido e eu dar um grito caindo pra trás. Por sorte haviam um monte de palha dentro o que havia amortecido minha queda.

Vi a porteira abrir e Christopher me olhar assustado.

Dulce. -Ele se abaixou próximo a mim. -Se machucou? - Fiquei calada ainda assustada com a queda. - Dulce me responde. - Neguei. - O que estava fazendo sua louca? - Ele me estendeu a mão e me ajudou a levantar. - Está toda molhada.

Eu estava com um copo de suco na mão, era o mínimo né.

Teve sorte de ter algo pra amortecer sua queda. - Ele me ajudou a tirar algumas palhas que haviam grudado em minha roupa.

Esse bicho surgiu do nada. - Dei de ombros.

O que estava fazendo alí em cima hein? - Ele ergueu a sobrancelha esquerda e eu sorri sem graça.

Nada de mais. Só estava entediada e vim ver o seu trabalho.

Ah sim! - Ele deu meio sorriso. - Tem certeza que está bem?

Harram. - Sorri. - Acho melhor eu ir trocar de roupa.

Espera. - Ele me olhou. - Não está tão mal.

E? - Olhei pra baixo e vi que a parte molhada marcava o meu sutiã. - Idiota. - Corei e ele sorriu.

É serio. - Ele molhou os lábios com a língua. - Está a fim de dar uma volta?

Onde?

Não sei. Qur conhecer a fazenda?

Já conheço Christopher. - Revirei os olhos e ele negou rindo.-O que foi?

Quer conhecer ou não?

Tudo bem. - Me rendi.

Vou preparar os cavalos pra gente ir.

O quê? - Gritei. - Nem morta eu subo em um bicho desse.

Medo Maria?

Obvio.

Eles são mansos.

Claro, eu acabei de cair por causa de um.

Você é uma completa estranha pra eles, era o mínimo que poderia acontecer.

Ou seja, eles podem muito bem dar a louca comigo em cima deles.Então convite rejeitado.

Ai deixa de ser medrosa.

Não sou medrosa.

É sim.

Não sou não Christopher. - Dei de ombros. - Tudo bem, mas só aceito se formos juntos.

Por mim pode ser.

Mas escolhe um realmente bem manso. Esse aqui nem sob sentença de morte.

Ah, ela é minha preferifa. - O fitei.-Brincadeira.

Ela?

Sim, é fêmea e anda meio arisca agora que está prenha.

Ela vai ter um bebe cavalo?

Um potro. - Ele riu. - Sim. Acredito que em umas três ou quatro semanas ela dá a luz.

Isso deve doer né?

Assim como para os humanos.

Deve ser.

Vem, vou te apresentar o Vendaval. - Ele me estendeu a mão.

Vendaval? - Perguntei enquanto caminhávamos juntos pelo largo corredor.

Sim, é o nome do meu cavalo.

Seu?

Sim. Seu pai me deu de presente.

Meu pai vivia te dando presentes?

Bom, ele deu um a mim e outro ao meu irmão. Olha esse é o Trovão. - Ele apontou um avalo totalmente preto. - É o cavalo do Poncho. Só obedece a ele, então nem chegue perto.

Sério?

Sim. Ele é super arisco.

E esse, é o Vendaval. - Apontou um cavalo preto com manchas brancas - Ele é bem calmo.

Hum. - O olhei. - Bonito. - O olhei entrar em sua cela e tirar o cavalo. Dei alguns passos para trás conforme o cavalo saía na minha direção.

Ele não vai te morder Dulce. - Christopher riu.

Idiota.

Nunca viu um de perto não é mesmo?

Bom, em Nova York tem muitos, mas nunca fui muito fã.

Tudo bem. - Ele veio até mim. - Você vai gostar. - ele me pegou pela cintura facilmente e me pôs sob o cavalo.

Christopher. - Gritei desesperada. - Não. Me tira daqui. - Ele me olhou rindo. - Eu vou te matar Christopher. - O vi ir em direção ao cavalo branco e subir nele. - Christopher não faz isso comigo. - Ele cavalgou até meu lado.

Ei relaxa. Não vai querer assustar o vendaval né?

Christopher por favor.

Apenas relaxe ok. Confia em mim? - Ele levantou meu rosto com o dedo indicador e assenti. O vi pegar a embocadura de Vendaval e o guiar. - Dulce relaxa.

Eu estou com medo Christopher. - Deixei cair uma lágrima.

Tudo bem. - Ele suspirou e desceu do cavalo, o colocou em sua cela e depois voltou subindo no mesmo cavalo que eu. - Está mais segura agora? - Senti o corpo dele se encostar ao meu.

Sim. - Enxuguei o rosto.

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora