Capítulo 8 - Parte 5

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Senti meu estômago embrulhar. Christopher. Era Christopher o seu alvo. Me senti tonta só de imaginar que ele poderia encostar um dedo no meu Chris. - Eu vou embora.

Espera, eu te levo.

Não precisa. - Me virei e enxuguei uma lágrima que traçara meu rosto. - Eu vou a pé.

Um pouco longe não?

Não interessa. - apressei meus passos.

Qualquer dia passo lá então. - Pude ver de relance Rodrigo encostar-se à parede enquanto me olhava sair.

Essa história dos pais de Christopher e Rodrigo estava mal contada. Nada fazia sentido. Onde estaria Victor? O que realmente havia acontecido? Sinto uma pontada no peito como se tivessem me dando agulhadas. Caminhei, caminhei até meus pés doerem. Pensei em retornar à escola. Mas meu estado emocional não permitia isso. Talvêz eu não demorasse mais que duas horas para chegar à fazenda. Loucura, eu sei. Mas não importa. Meus pés iriam doer, mas não doeria menos que ver Rodrigo fazer mal ao meu Chris. E se eu contasse a ele? Eu estava completamente perdida. Não sabia o que fazer. Não sei se Rodrigo era realmente capaz de fazer mal a ele. Mas ele o odiava. 10, 30, 50, 75 minutos, Continuei andando. Dor? Senti, e muita. Nunca caminhei por tanto tempo. Caminhei até chegar no meu limite e cair sob a estrada empoeirada devido ao tempo seco e também ao fato de já haver algumas estradas de terra por perto. Suspirei tentando buscar calma e fôlego. Mas logo solucei. O que eu fiz? Agora sim perdi Christopher. Para sempre. Não posso me dar ao luxo de chegar perto dele. Não sei do que Rodrigo é capaz. Escondi meu rosto nas mãos e chorei. Chorei tentando fazer com que todo o peso saísse junto com as lágrimas. Rodrigo poderia deixá-lo da mesma forma em que supostamente Victor deixou seu pai. A imagem de Christopher deitado sobre a cama imóvel me veio à cabeça. E isso me doeu. Logo Christopher, que gostava de apreciar a natureza, cavalgar, nadar na cachoeira. Não. Isso não podia acontecer. Eu não ia deixar isso acontecer. Entrei em desespero quando a imagem de Christopher antes deitado na cama, se tornou em um velório. Não. Eu não podia perder mais ninguém. Eu não podia perdê-lo. Agora entendo porque ele me fez aquilo. Ele queria me fazer enxergar quem realmente era Rodrigo. Eu já não sentia mais nem um pouco de ódio por ele. Nem rancor. Apenas raiva. Raiva e... amor. Talvez fosse isso. Eu o amava. Pela primeira vez adimito isso para eu mesma.

Ouvi o ronco de um motor se aproximar e logo um carro freiar próximo a mim levantando uma poeira seca que invadira minhas narinas.

Dulce? - Ouvi a voz de meu pai. Isso foi muito estranho. Ou talvez nem tanto. Pelo tempo que caminhei, ele provavelmente estaria indo me buscar na escola. - Filha. - Ele apertou os passos até mim, enquanto pronunciava meu nome com a voz preocupada. Não respondi. Não tive forças. - Minha filha, o que aconteceu? O que faz aqui? - Ele tirou o cabelo grudado em meu rosto devido ao suor, e me olhou. Não sei se seria capaz de descrever minha aparência. Mas pela cara de pavor que ele fez, com certeza não era das melhores. - Dulce, me diz o que aconteceu agora. - Agora sua voz tinha um tom de exigência. Alguns soluços fizeram meu corpo se mexer.

Escondi meu rosto em minhas mãos. Não queria que ele me visse assim, mesmo já sendo um pouco tarde. Logo ele me pegou no colo e me levou até o carro. Agora eu estava deitada no banco de trás. Ouvi a porta se bater e logo o arro arrancar. Não demorou muito para que ele estacionasse e me tirasse do carro. Deduzi que já estivéssemos na fazenda. Provavelmente já não estava tão longe de chegar. Mais alguns poucos segundos ele saiu do carro e veio me tirar. Me senti uma criança. Uma garotinha indefesa. Encostei minha cabeça no peito dele, e apenas chorei. Tudo ao meu redor estava embassado devido às lágrimas. Ouvi o som de um cavalo se aproximando, mas tudo que vi foram borrões. Não era capaz de enxergar nada há 2 metros de mim.

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora