Capítulo 3 - Parte 2

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Acredite Christopher, eu não estou aqui porque eu quero. - Abri a porta do carro. - Mas ninguém entende. - Bati a porta e saí. Que droga, a única pessoa com quem me dei bem até agora. Saí caminhando por aquela calçada úmida. Não sabia nem onde estava indo, mas fui caminhando. Talvez eu chegasse em algum lugar. Caminhei uns 15 minutos eu acho. Ouvi que um carro vinha atrás de mim, provavelmente me seguindo lentamente. Pensei em correr mas não corri. Ele buzinou e acelerou um pouco ficando ao meu lado. Pude ver que era o mesmo que Christopher dirigia. O olhei de lado e segui em frente. O carro parou e eu continuei. Logo depois senti a mão de Christopher segurando meu braço.

Desculpa. - Ele me virou pra ele.

Não. - Me soltei dele.

Eu não devia ter falado aquilo. - Ele passou a mão pelo rosto.

Você não devia, mas falou. - Passei minha mão em meu rosto enxugando a lágrima que o traçara.

Vamos pra casa. - Ele me estendeu a mão e eu cedi. Depois ele me levou até o carro, no qual seguimos em silêncio até a em casa. Assim que cheguei fui diretamente para o quarto. Se quer conseguia olhá-lo. Depois de tomar um banho e relaxar um pouco fui comer alguma coisa. Alguma coisa saudável e boa, pois estava com fome.

Fui até a cozinha e preparei um lanche. Depois de comer voltei para o quarto e antes de entrar ouvi-o me chamar no fim da escada.

Dulce. - Aquela voz entrou por meus ouvidos fazendo-me parar os passos.

O que foi? - Perguntei ainda de costas ouvindo que o mesmo estava subindo a escada.

Ainda está chateada comigo? - Virei-me o olhando.

Sim. - Dei de ombros.

Desculpa. - Ele coçou a cabeça.

Christopher, você acha que eu queria estar aqui? Que eu queria que minha avó tivesse morrido? Que minha mãe tivesse morrido? Eu tive o pior primeiro dia de aula da minha vida, em uma escola onde não conheço ninguém. - Senti meu rosto se molhar. - E pra ajudar, a única pessoa que eu me dei bem me joga na cara que esta não é minha cidade.

Desculpa Dulce. Não vai mais se repetir, eu prometo, mas não chora. - Ele me puxou me abraçando e o que fiz? Apenas escondi meu rosto no peitoral dele enquanto o mesmo me envolvia em seus braços.

Quem era aquela? - Perguntei depois de alguns segundos com a voz falha e abafada.

A namorada do meu irmão.

Namorada? - Perguntei surpresa.

Sim. O namoro deles é meio complicado, pois a família dela não aceita. Ele é 5 anos mais velho que ela sabe e não temos dinheiro - Mantive-me em silêncio. - Ela é uma boa garota.

Ok. - Apartei-me dele. - Mas o que isso tem a ver?

Dulce, é a vida. Famílias ricas jamais aceitariam seus filhos se casando com pessoas pobres.

E o que o dinheiro importa?

Fala isso para a família dela. - Ele suspirou. - Já comeu?

Já sim.

Quer fazer alguma coisa?

Não.

Até quando pretende ficar se isolando no seu quarto?

E quem se importa? - Abaixei minha cabeça.

Eu. - O olhei. - Seu pai também.

Até parece. - Sorri sínica.

Dulce, seu pai te ama e se preocupa contigo. Sabe bem onde estaria se ele não tivesse te trazido pra cá não sabe? - Assenti. - Então não fala assim. Se ele te trouxe é porque não queria ver você presa em um orfanato. E se ele te deixasse lá, isso sim seria um motivo para você dizer que ele não se importa contigo.

Eu sei. No fundo eu sei Christopher. É melhor eu entrar, quero ficar sozinha.

Não vou te deixar sozinha. Já passou o dia todo sozinha, precisa de boa companhia agora.

Boa? - Dei uma risada enquanto enxugava minhas lágrimas. - Você não é nada modesto não é?

Sou sincero. - Ele sorriu.

O que quer fazer?- Mordi meu lábio inferior.

Não sei.

Ótimo. - Revirei os olhos. - Por que não me conta sobre você?

Aqui? Parados no corredor e em pé? - Ele riu. - Vamos lá pra sala.

Não, vem aqui pro me quarto.

Não estou gostando disso de ficar enfiado no seu quarto.

Você não vai me atacar. Ou vai? - Cruzei meus braços erguendo uma sobrancelha.

Talvez. - Ele brincou.

É mas acho que quem está com medo é você.

Por que eu teria medo? Você nem tamanho tem.

Olha que os melhores perfumes estão nos melhores frascos. E os piores venenos também.

Ah é? - Ele riu. - E o que a senhorita faria comigo?

Bom, eu poderia fazer isso. - O puxei pela gola da camisa colando o corpo dele ao meu.

Du... Dulce. - Ele me olhou nos olhos.

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora