Capítulo 7 - Parte 4

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Olha, sei que você não quer me escutar, que está chateada comigo, mas quero que saiba que todos os meus sentimentos por você são reais Dulce. Eu não tive intenção alguma de te fazer sofrer. Nunca tive. - Ele deu um passo em minha direção e eu recuei dando de costas com a parede. - Você é a minha Mari. Minha baixinha. Se quiser eu ainda lutarei por você, mas se não quiser, eu te deixo em paz. Eu vou te entender. O que aconteceu em São Francisco...

Eu não quero falar de São Francisco. - Disse ríspida. - Você... Você é um estúpido Christopher.

Eu posso ser um estúpido. Mas seria um completo imbecil se tivesse transado com você naquele momento Dulce. Você não queria. Só estava fazendo para me satisfazer, e não é isso que quero. Não quero o seu corpo se não posso ter também o seu ser. Isso é errado.

É errado também ir buscar na primeira garota o que eu não queria te dar? Parece que não né. - Pude ver um sorriso quase imperceptível brotar no rosto dele. - Eu gostaria de saber, se por um acaso, todas as vezes que alguém te negar algo você vai correr e procurar a primeira que abrirá as pernas pra você. - Ele veio até mim me deixando sem saída alguma. Senti meu estômago revirar e minhas pernas tremerem quando a boca dele se aproximou dos meus ouvidos.

Talvêz você não queira acreditar, mas não rolou nada na festa com aquela garota. - Ele ssussurrou no meu ouvido e eu fechei os olhos. - Apenas estávamos conversando. - Ele trouxe a boca até a minha e tomou meus lábios. Me entreguei. Suas mãos prenderam as minhas para cima, contra a parede. Seu corpo se apertava contra o meu. Seus lábios quentes desceram até meu pescoço deixando ali uma marca. Odiava e amava quando ele fazia isso. A sensação era boa, mas eu tinha um grande trabalho para tapar aquela marca depois. Soltei um gemido alto quando ele mordeu e em seguida sugou minha pele. Abri meu olhos um tanto sem ar. Meu corpo tremeu por completo. Estávamos na cozinha. Anahí e Alfonso poderiam chegar a qualquer momento.

Tentei afastá-lo, mas sem êxito. Minhas pernas estavam sem força e agora meu braço. Minhas mãos começarama formigar. Provavelmente ele estaria segurando meu punho com força e o sangue não estava passando direito. Tentei me manter em pé, mas senti a boca dele se soltar de minha pele e uma pressão sob meus punhos.

Borrões. Era exatamente isso que eu enxergava. Christopher soltou meus punhos num impulso e tentou me segurar pela cintura. Sem êxito. Desabei no chão. Escuridão e uma voz longícua. Mais nada.

Algo balançava meu corpo para frente e para trás.

Para de balançá-la Christopher. - Alfonso disse. Parecia irritado.

Olha pra mim baixinha. - Ele dava leves tapas no meu rosto. Mas eu não o via. Estava escuro.

Vamos levá-la pro quarto.

Ela tem que tomar aquela injeção. - A voz de Anahí era de um tom preocupado.

Ela já tomou Annie. Não podemos dar outra sem saber o que está relmanete acontecendo. Ninguém aqui conviveu com ela a ponto de passar por isso. Pode ser letal.

Tentei pronunciar algo mas nada saía da minha boca. "Doce Christopher. Eu preciso de algo doce." Tentava falar, mas tinha certeza que minha boca nem se movia.

Liguem pra emergência, eles vão saber o que fazer. - Christopher gritou, desesperado, mas sua voz também estava longe.

Meu corpo estava leve. Muito leve. Nem sentia mais a gravidade. Até mesmo os toques de Christopher estavam se afastando. Eu levitava. Eu estava morrendo. Acho que a morte não é tão ruim assim. Fechei e abri meus olhos e um clarão invadiu minhas vistas. Eu estava do lado de fora da casa, e pude ver duas pessoas sentadas no banco que tinha ali. Minha mãe e minha avó. Eram elas. Fui a seus encontros. Elas me olhavam em silêncio.

"Não é a sua hora" Minha avó falou quando parei na frente delas.

"Você tem que ser forte meu amor. Você precisa ficar viva." Agora era minha mãe. "Você vai conseguir."

"Não é sua hora" Minha avó voltou a falar. "1, 2, 3." Senti uma onda de choque percorrer meu corpo e meu corpo saltar. "De novo" Outra onda de choque, agora mais forte. Chegava a ser doloroso. Agora tudo à minha volta escureceu. Eu não estava mais em casa. Acabou. Era só isso. Mais nada. - Abaixei e fechei os olhos por um bom tempo.

Quando voltei a abrir, um clarão invadiu meus olhos. Forte de mais. Tive que abri-los aos poucos. Queria saber onde estava. Vi alguém de verde sair pela porta e fechá-la em seguida. Voltei a fechar meus olhos. Minha cabeça doía e eu se quer conseguia me mexer.

Ouvi a porta se abrir novamente, acredito que uns dez minutos depois. Tentei ver quem era, mas apenas enxergava borrões. Meus olhos insistiam em não abrir, e isso era péssimo.

Baixinha. - Era Christopher. Meu coração quase saltou para fora. Viva! Eu estava viva! - Está me ouvindo? - Ele perguntou com a voz falha. Tentei responder, mas sem êxito. Miha boca não mechia, apesar de parecer estar aberta. Meu corpo estava meio dormente. Senti minha mão ser acariciada levemente. Juntei toda a pouca força que eu tinha e a movimentei. - Eu tentei de tudo. Juro que tentei, mas não sei o que houve. Tentei fazer você comer, mas você nem se movia. Quando ligamos pra emergência, disseram para aplicarmos outra insulina. Então aplicamos, mas deu errado. Alguma coisa deu errada. Quando a ambulância chegou você estava quase sem vida. Teve uma parada no caminho. Foi horrivel te ver partindo e não poder fazer nada. Promete pra mim que vai ficar bem, que vai ficar viva. - Ele soluçou. - Eu não aguentaria perder outra pessoa na minha vida. Principalmente se essa pessoa for você. Eu tenho culpa nisso tudo, eu sei. Eu deveria ter insistido pra você comer aquela hora. Devia ter insistido em te dizer antes que não aconteceu nada. Eu não deveria nem ter saído daquele maldito quarto em São Francisco. Se você quiser eu deixo você em paz. Seu pai disse que se ainda quiser ele te deixa voltar para Nova York, mas não deixa a gente dessa forma. Sua amiga Ivalú e o Pablo estão aqui já fazem três dias,e disseram que só voltam pra lá quando você estiver bem. Os outros não puderam vir, mas eles vieram.

Três dias? Eu escutei bem? Eu estava no hospital já faziam três dias? Céus. Tentei me levantar, mas sem êxito. O desespero tomara conta de mim. Ouvi os apitos dos aparelhos que provavelmente eu estava lugada se acelerarem. Eu estava em conflito contra meu próprio corpo. Eu não podia se quer movê-lo. O ar faltou nos meus pulmões. Christopher começou a gritar os enfermeiros. Vozes e passos, era o que eu escutava.

Não sei se ela vai resistir por muito tempo mais - Ouvi uma voz feminina. - Todos os dias durante toda a semana aconteceu isso. Talvêz deveríamos deixá-la partir.

De jeito algum. - Agora era a voz do meu pai. Me senti mais segura. - Eu estou pagando esse hospital e se tiver que passar anos aqui isso irá acontecer. É a minha filha. A única pessoa que eu tenho na vida. Vocês não irão deixá-la morrer.

Desculpe senhor, mas ela pode estar sofrendo. Não saberemos se haverá sequelas quando ela acordar.

É a minha filha. Eu não vou deixá-la morrer. - A porta se bateu. Forte.

Silêncio.

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora