Capítulo 5 - Parte 5

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De você? - Dei uma gargalhada forçada. - Não.

Imagina se tivesse.

Não estou com ciúmes. Apenas não adimito que me usem Christopher. Eu não sou qualquer uma ok.

Eu sei que não é. Mas eu não estou te usando e você sabe muito bem disso.

Sei. - Me virei de costas pra ele.

Baixinha.

Me deixa vai. Não quero discutir.

Eu também não quero discutir com você e muito menos vou te deixar. Ainda mais nesse estado. Por que é que não me contou que tinha sido atropelada?

Não interessa.

Interessa sim. Dulce, acredite você ou não, eu estou preocupado. Você poderia ter dormido e agravado o problema sabia? Poderia ter quebrado algo. Aliás, quase quebrou. Não sei como conseguiu chegar no hotel com o pé torcido.

Eu nem senti dor na hora Uckermann. Foi muito rápido e eu não queria vir para o hospital. - O olhei.

E adiantou? - Neguei. - Só piorou a situação. Agora está aí mal conseguindo se mexer.

Como se eu precisasse que alguém me lembrasse disso. - Suspirei.

Me diz o que você quer que eu faça pra você não ficar assim.

Nada Christopher. Quero espaço, será que posso? Eu não gosto de ninguém em cima de mim o tempo todo. Você não me dá privacidade nem um minuto. Eu estou cansada, quero meu espaço Christopher.

Você quer que eu fique longe, é isso?

Sim. - Falei sem pensar nas consequências.

Tudo bem. - Ele saiu em direção à porta, chateado e inconformado com o que eu havia dito. Não sei exatamente se era aquilo que eu queria dizer, mas agora a merda já tinha sido feita.

Acabei dormindo algum tempo depois com o efeito do remédio para dor que haviam posto no soro. Quando despertei no dia seguinte os raios solares já invadiam o quarto por entre a persiana. Abri meus olhos e dei algumas piscadas para acostumar-me com a claridade. Olhei para o lado e vi meu pai sentado em uma poltrona no canto do quarto lendo um jornal.

Papai. - Falei tão baixo que tinha quase toda a certeza que ele não havia me escutado. - Papai. - Falei um pouco mais alto tentando me sentar.

Filha. - Ele fechou o jornal colocando-o na mesinha redonda ao lado, levantou-se e veio até mim. - Como se sente minha maluquinha?

Ainda doi um pouco. - Gemi sentindo uma dor aguda na coluna enquanto me sentava. - Quando chegou?

Fazem umas duas horas. Fiquei preocupado com você.

Não era minha intenção. Me desculpe.

Tudo bem. - Ele beijou minha cabeça. - Mas me explica, o que realmente aconteceu? O medico disse que você não explicou a ele como aconteceu.

Eu não sei explicar. Foi tudo muito rápido. Quando vi já estava caída no chão.

Santa cabecinha oca hein. Sabe o significado de semáforo, faixa de pedestre e calçada?

Sei sim. - Revirei os olhos.

Filha, o que é que você disse para o Christopher?

Hãm? - Perguntei sem entender. Espera. Droga. Me esqueci dele.

O que você disse a ele? Ele estava super chateado com você, assim que cheguei ele foi embora.

Embora? - Perguntei sem graça. - Pra casa?

Não. Para o hotel.

Não foi nada de mais. Só estava um pouco irritada, depois eu converso com ele.

Sei. Christopher não se chateia tão facilmente, você deve ter falado alguma coisa que o maguou muito.

Tanto faz. - Dei de ombros. - Quero sair daqui. - Voltei a me deitar.

Estou pensando seriamente em te deixar aqui.

Sofri alguma fratura grave? Não! Então não tenho o porque ficar aqui. Aliás, quero ir pra casa. Não quero fazer exame nenhum.

Mas vai fazer. Já paguei por eles. - Ele voltou a se sentar.

Como se o dinheiro fosse lhe fazer falta. Você é milhonário. - Revirei os olhos.

Não sabe quantas pessoas gostariam de estar no seu lugar. De ter dinheiro pra comprar um remédio.

Dê para eles. - Dei de ombros. - Se eu tiver que morrer. Dinheiro não compra vida. Ele não comprou a vida da minha avó e de minha mãe. - Me virei de costas pra ele.

Não fala assim. Não sabíamos da doença de sua mãe, e sua avó não tinha cura.

Fernando, elas morreram. Morreram pela mesma doença. Se eu tiver com esse mal, eu também vou morrer. Você só piora meu estado emocional me submetendo a esses exames. E outra, eu tenho pavor. Pavor de hospital. Mas tudo bem, ninguém entende o que eu sinto. Ninguém se importa com o que eu sinto. - Mirei a agulha em meu braço.

[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora