16. Expulso de casa

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Na véspera do primeiro ensaio, todos se encontraram para definir os figurinos da apresentação. Teria que ser algo que mexesse com o saudosismo das pessoas.

- Eu vou ter que vestir isso aqui? – Dulce levantou um uniforme de "Rebelde", incrédula.

A pedido do Pedro Damián, o stylist havia recriado o clássico uniforme do Elite Way School.

- Vai ser engraçado vestir essas roupas de novo. – observou Christopher, sem criar problemas.

- Vai ser um máximo! Quando a gente entrar com essas roupas, os fãs vão pirar no mundo inteiro! – Anahí estava empolgada.

Dulce nem os ouvia. Estava meio chocada. O grupo havia acabado há dez anos, e a novela há mais tempo ainda. Por que eles achavam que se vestir daquela maneira ia funcionar? Não ia. O público acharia patético. Decidiu falar.

- Eu concordo em usarmos os uniformes em alguma parte do show, como fazíamos na turnê do adeus. No show, só estão nossos fãs e aí é outra história. Mas em uma apresentação ao vivo em uma premiação importante? É um público muito maior vendo. Pessoas que não gostam da gente, que não estão nem aí, que tem senso crítico e que vão achar tudo muito patético, sinceramente. Nós temos mais de 30 anos!

Pedro esboçou falar algo, mas ela continuou.

- A gente tem que chegar com algo mais glamoroso. Somos adultos de verdade agora. Não estamos mais interpretando adolescentes. Christopher tem uma penca de filhos. É sem sentido botar uniforme escolar. Os filhos dele usam uniforme escolar! Nossa reunião é de confraternização, de celebração. Não é uma festa ploc.

- Eu realmente não me importo se tiver que botar isso. O que é um peido para quem está cagado? – Alfonso interviu – Mas sou a favor que todos estejam confortáveis. Não é assim que Dulce se sente, então voto contra.

- Como você acha que seria bom nos vestirmos, Dulce? – perguntou Christian, tentando não transformar aquilo em outro momento de votação.

- Primeiramente, cada um com uma roupa diferente. Essa padronização é brega. Tem que ter uma harmonia entre todos visualmente, claro, mas não iguaizinhos como se fôssemos um coral.

O estilista sacou da sacola outras opções, que ele tinha levado por conta própria, temendo algum piti. Eram roupas mais sofisticadas para os homens e ousadas para as mulheres. Todos gostaram e se identificaram com algumas peças, apontando suas preferências. Mas Pedro disse que realmente queria vê-los de "Rebelde" nessa primeira apresentação. Era simbólico e expressivo, em sua opinião. Por se tratar de uma reunião para um único show, para os fãs, eles não tinham porque se preocupar com a opinião pública. Não se tratava de uma construção de carreira mais. Só os fãs importavam, e eles gostariam, sem dúvida.

- Entendo seu ponto de vista, Pedro. Realmente o grupo não está construindo uma carreira neste momento. É mais uma festa. Mas nós, fora do RBD, continuamos com nossas carreiras. Eu sou a favor que pensemos com um olhar mais amplo. – Dulce estava firme.

- Eu tive uma ideia! – Anahí gritou, após um longo tempo calada. – Vai ser épico. E se a gente entrasse de uniforme...

Dulce balançou a cabeça revirando os olhos. Era como se Anahí não tivesse ouvido nada.

- Calma, Dul. Você vai gostar também. Ouça. E se a gente entrasse de uniforme, parasse um do lado do outro, as luzes apagassem, ou soltassem uma fumaça na frente de cada um, e a gente aparecesse com esses figurinos lindos em seguida? Tipo, uma troca de roupa relâmpago no palco. Só teríamos que vestir uma roupa por baixo do uniforme e arrancá-lo na hora exata. Se botarem umas pregas de velcro nele, a gente consegue arrancar em dois segundos. Causaria um frisson.

Begin Again - O Reencontro do RBDOnde histórias criam vida. Descubra agora