Begin Again - O Reencontro do RBD

68. A revelação

"Diego Rivera sai do armário e confessa: 'nunca fiquei com Anahí ou Maite Perroni'"

Anahí não conteve o sorriso ao ver os amigos boquiabertos. Tão previsíveis.

- Isso é real? – Alfonso perguntou, pegando a revista na mão.

- O Diego, o bonitão? Mas vocês dois... – Dulce ficou confusa.

- Any, a gente lembra bem do papo de vocês dois nos quarto. – Christian mandou a real.

- Eu sempre disse que não houve nada. Poncho já sabia dessa parte. A gente passou um tempo conversando na cama. Eu queria transar? Claro que eu queria transar. Mas ele não.

Dulce gargalhou com a situação. Christopher também. Alfonso ficou um pouco sem graça com a declaração dela.

- Mas você disse que ele tinha passado a noite falando sobre Maite. – Alfonso mudou de assunto.

- É, de fato, a gente falou. Eu toquei no assunto, ele falou que os dois não se davam muito bem, eu falei que ela estava me decepcionando um pouco... a gente falou mal dela por um tempinho, só isso. Mais eu do que ele, na verdade. Ele gosta dela. Só se ressentia por ela não dar confiança.

- Mas ele beijou a Maite. – Dulce lembrou.

- Aí entra a verdadeira bomba. Abram na página 15.

Christian imediatamente pegou a revista, procurando a página indicada. Com uma enorme foto de Diego Rivero sem camisa (que gostoso!), a reportagem trazia o título "Macho alfa de fachada". No texto, o ator admitia como era triste ter que fingir ser outra pessoa e revelava namorar há anos com um executivo do alto escalão da Televisa. Ele, na verdade, só tinha virado ator e estava trabalhando no canal por causa do companheiro, que ele não dizia o nome. Era esse executivo que convencia Diego a armar flagras com mulheres e alimentar a imagem de galã heterossexual perante a mídia. Nas palavras do ator, ele praticamente era forçado a tal – pelo relacionamento e pelo emprego.

- Ele vai se foder com essa reportagem. – Christopher constatou – Por que ele decidiu falar isso agora?

- Ele não decidiu, né. Eu decidi.

- Como assim? – Alfonso ficou curioso.

- Quando a gente passou a noite juntos, percebi que ele era gay e, em dado momento, perguntei. Ele riu. Não precisou dizer mais nada, claro. Ali eu entendi que não haveria sexo naquela noite. Quando ele começou a ser um babaca falando de mim e da Maite, eu fiquei com raiva, mas não achei justo usar o que eu sabia contra ele. É ridículo apontar o dedo para a sexualidade dos outros. Obviamente, a mídia faria um escândalo com isso, e compartilhar ou não isso com o público era uma decisão unicamente dele. Essa era uma arma que eu não queria usar.

- Mas se você falasse que ele era gay, todo mundo saberia que tudo que ele estava dizendo era mentira! – Christian pensou.

- Sim. Mas eu achava essa uma atitude escrota. De alguma forma, me satisfazia que ele soubesse que eu tinha essa arma. Mas ontem cansei. Tanta coisa tem acontecido ultimamente, que eu me senti esgotada e fiquei pensando que era ilógico deixar Diego mentindo sobre mim ou qualquer pessoa por aí. Fui até ele e tive uma conversa franca, que foi basicamente assim: "se você não falar a verdade, eu mesma vou falar, e vai ser pior para você. É muito mais digno você abrir o jogo".

- Você forçou o cara se assumir! – Christopher riu.

- Não, de forma alguma. Como disse, acho isso escroto. Eu o forcei a "falar a verdade". Eu só queria que ele desmentisse a história sobre a noite de amor comigo. Mas eu o deixei pensar que eu sabia mais do que realmente sabia. Esse papo de executivo de alto escalão... eu não tinha o menor conhecimento. Ele não precisava falar nada disso. Nem que era gay. Falou porque quis. Acho que fez bem pra ele. Aproveitou minha pressão para se livrar de outra, que o atormentava muito mais.

- Mas esse chefão vai ficar puto com ele. – Dulce replicou.

- Ah, certamente. – Anahí respondeu – Mas esse não é mais um problema meu. Nem da Maite. É um problema dele com o cara, um problema legítimo, não um problema inventado. Acho justo que seja assim.

- Gente, mas por que isso tudo na véspera da viagem? – Alfonso soltou, meio atordoado.

- Achei que isso deixaria Maite de bom humor. Quem sabe ela não apareça.

- Mas a revista não saiu. – Christopher disse.

- Eu mandei um exemplar para a casa dela, claro. Com certeza ela já leu.

- Será que isso muda algo? Será que ela vem? – era isso que realmente interessava a Pedro Damián, não a fofoca sobre o galã da novela que não tinha nada a ver com seus projetos.

Ninguém sabia a resposta. Mas olharam para o relógio quase que sincronicamente. Ainda dava tempo da sexta integrante chegar, se ela quisesse.

Anahí não contou que havia ido pessoalmente à casa de Maite Perroni. Caso ela aparecesse, tudo bem que os outros soubessem que ela tinha mexido os pauzinhos. Mas, caso Maite não amolecesse, era melhor que ninguém soubesse. Anahí achava humilhante a ideia de bater na porta da mulher que beijou seu namorado e pedir qualquer coisa a ela. Pior ainda não ser atendida. Ela esperava que Maite entendesse que a confissão de Diego Rivera um presente seu para ela, uma trégua. Anahí realmente sentia que estava sendo muito boazinha, tudo pelo RBD.

Check-in feito, passado o detector de metal, toda a trupe esperava pelo embarque. Era um misto de ansiedade para tomar o voo e medo que o tempo passasse rápido demais e Maite não chegasse.

- Não é bom ligar para ela? Assim a gente não fica nessa agonia. Ela diz: sim ou não, vou não vou. – Dulce falou, já pegando o celular, mas Pedro tomou o aparelho da mão dela.

- É cedo demais para incomodá-la. Ela disse que não vem. O último posicionamento dela foi esse. Não temos porque ter esperanças, na verdade. Nós somos esperançosos sem motivo.

- I do believe in fairies. – Anahí soltou e todos riram – Lembram disso?

- Ô! Você dizia isso o tempo todo. – Christian respondeu.

- Acho que vou falar nesse show também. O povo vai pirar.

Primeira chamada para o voo com destino ao Rio de Janeiro, Brasil. Favor comparecer no portão 15. Prioridades e clientes do cartão ultrapowervip se dirijam à fileira da esquerda. Passageiros das fileiras de 15 a 30 na fileira do meio e passageiros de 1 a 14 na fileira da direita.

- Chegou nossa hora. Vamos. – Pedro levantou-se.

Segunda chamada...

Última chamada...

Dentro do avião, todos se olharam e entenderam: Maite Perroni não participaria desse show. Seriam só os cinco. O avião decolou.