Begin Again - O Reencontro do RBD

67. Ninguém dormiu

Anahí é muito profissional e vai aparecer. Anahí é muito profissional e vai aparecer. Anahí é muito profissional e vai aparecer. Pedro Damián repetia essa frase para si mesmo incansavelmente, como quem quer se convencer. Já era a manhã do embarque, e ninguém tinha notícias dela. Ele chegou a contatar a mãe e os familiares da cantora, mas ninguém tinha quaisquer informações sobre seu paradeiro. Queriam, inclusive, chamar a polícia, mas ele desestimulou isso por enquanto, porque causaria um escândalo – talvez desnecessário. Ele queria acreditar que era tudo um mal-entendido.

A van passou primeiro no apartamento do Alfonso, que dormiu mal em um misto de ansiedade e curiosidade: onde estaria Anahí? Em seguida, o automóvel foi até o prédio dela, de onde desceram apenas Christian e suas malas. Anahí não tinha mesmo aparecido. E Christian estava com terríveis olheiras: não havia pregado o olho, preocupado. Alfonso começava a entender a gravidade daquilo. Ninguém sabia dela... mesmo? Será que ela não tinha outro namorado? Já.

- Cala a boca, Poncho. Ela ainda gosta de você, obviamente. Só está puta porque você a traiu. Aliás, se ela não aparecer, saiba que a culpa é sua. – Christian disparou.

- Minha?

- Sua! E eu não vou discutir isso agora, porque estou morto de sono. – Christian disse, aconchegando-se em sua poltrona, apoiando a cabeça na janela da van. Pensou em tirar um cochilo até o aeroporto. Alfonso ficou atordoado. Essa logo pela manhã!

Quando chegaram ao prédio de Dulce, ela voou para dentro da van, com óculos escuros e um pedido de socorro: "me afastem dessas crianças o mais rápido possível". Christopher iria em outro carro com os filhos. Eles ficaram todos na portaria acenando conforme a van se afastava.

- O que houve, Dul? – Alfonso perguntou.

- Não dormi. Cedi minha cama para todo mundo dormir, e não dormi. Toda hora, alguém levantava, fazia barulho e me acordava. Depois, o sumiço da Anahí. Passei a noite em claro. São 5h da manhã e já tomei praticamente uma garrafa de café. Uma xícara a cada vez que sentia vontade de matar alguém.

Alfonso riu e abraçou a amiga.

- Ninguém teve uma noite fácil. – consolou, indicando Christian com a cabeça. Ele estava de olhos fechados e boca aberta, já cochilando.

- Ah, Christopher teve sim. Nem o sumiço da Anahí o acordou. Ele disse "amanhã a gente vê isso" e voltou a dormir. – ela revirou os olhos. – O amanhã chegou. Cadê ela?

- Ninguém sabe.

- Só faltava essa.

- Será que a Maite vem? – Alfonso perguntou.

- Se nem Anahí está aqui, que dirá Maite. Você devia ter ligado para ela. Pensei nisso depois. Essa coisa toda de quem beijou quem, sabe, uma bobeira. Já somos velhos para esse tipo de drama adolescente. Tanta gente feliz por aí com poliamor, relacionamento aberto...

- Não é o caso.

- Mas você entendeu.

- Sabe... na verdade nem sei se ela me beijou mesmo. Talvez eu a tenha beijado. – Alfonso confessou.

- O quê?! Poncho! Você jogou todo mundo contra ela!

- Eu sei, eu sei. Estou confuso. Estava confuso, e continuo. Mas ela pode estar certa. Eu posso tê-la beijado.

- "Ela pode estar certa". Obviamente, ela está, senão você não falaria uma coisa dessas.

- O que você está fazendo? – Alfonso perguntou.

- Mandando uma mensagem para ela. Se você não vai pedir desculpas, eu pelo menos vou.

Mai, desculpa ter duvidado de você. Poncho meio que assumiu que ele que te beijou. Que confusão. Te amamos. P.S: Anahí sumiu.

Chegaram ao aeroporto e logo encontraram Christopher e sua trupe. As crianças estavam excitadas com a ideia de entrar em um avião, e não pareciam notar a preocupação geral dos adultos. Pedro Damián não parava de fazer telefonemas com outros empresários e patrocinadores, para entender a dimensão do prejuízo caso Anahí não aparecesse. Christian roía as unhas, tenso. Alfonso tentava falar com ela pela Internet, mas ela estava offline há várias horas. Christopher ligava para o número dela. Dulce olhava de um lado para o outro, na esperança de Anahí irromper no saguão a qualquer momento.

- Caso ela não venha, a gente vai mesmo assim? – ela perguntou – Só a título de curiosidade mesmo.

- A questão é a seguinte: nenhum dos investidores aprova a ideia de um show sem Anahí. No entanto, os ingressos já estão vendidos, e é melhor reembolsar parte dos clientes do que todos eles. Ou seja, preferem manter o show, mesmo contrariados. – Pedro Damián explicava – O que eles não sabem, porque eu não disse, é que Maite também não irá. Se eles ficaram resistentes com o show com cinco integrantes, imagine com quatro. Caso Anahí realmente não apareça, vou ter que abrir o jogo.

- Deixa eu ver se entendi: o show pode ser cancelado daqui a pouco? – Christopher perguntou.

- Exatamente. – Pedro disse, já emendando outro telefonema.

- Caramba, gente! Não acredito que nadamos tanto para morrer na praia. – Dulce desabafou.

- Gente, o show é o de menos agora. Anahí está desaparecida. Ninguém sabe dela.

Neste momento, Anahí irrompeu no aeroporto, com óculos escuros, cabelo impecável, sorriso no rosto e dois assistentes empurrando carrinhos com suas bagagens. Um sorriso de orelha a orelha, como se nada tivesse acontecido. Era a luz em pessoa.

- Que caras são essas? – ela se espantou – Parece que ninguém dormiu essa noite.

Christian correu para abraçá-la. Christopher e Dulce também a envolveram em um abraço, perguntando onde ela estava. Alfonso ficou com receoso de se aproximar, mas estava muito contente por revê-la.

- Você não atendia celular, não respondia mensagem... – ele disse.

- Tive que jogar meu celular na parede. Desculpem-me. – ela falou, como se isso fizesse sentido, e emendou uma brincadeira com Alfonso – Mas eu não sei se te atenderia, de qualquer modo. (risos)

- Any, sério, onde você esteve? – Pedro perguntou.

- Resolvendo alguns nós.

- Eu estava muito preocupado! – Christian disse.

- Ay, cariño! – ela o abraçou forte – Desculpe não ter avisado. Foi tudo no calor da emoção.

- O que importa é que você está aqui. – Dulce disse, genuinamente.

- Eu nunca deixaria vocês fazerem um show do RBD sem mim. Desistam. – ela brincou – Ah, seus filhos, Ucker! Que lindos! Cadê o abraço da titia?

As crianças correram para abraçá-la e ela se agachou. Dulce invejou o humor e o tato com criança de Anahí. Ela, ao contrário, tentava esquecer que aquela creche estava ali.

- Ah, para matar a curiosidade de vocês sobre onde estive, toma aqui. – Anahí tirou uma revista da bolsa e esticou a mão – Vai chegar às bancas hoje, mas consegui uma cópia em primeira mão.

Todos ficaram boquiabertos com a capa da revista. O que viam ali era totalmente inesperado e com certeza seria a bomba da semana na mídia mexicana.