Parte 19

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28 dezembro 

Saber que meu irmãozinho tinha chegado, trazia uma felicidade sem igual.
Primeiro pelo nascimento dele e o segundo por minha mãe.

Ela dizia que a maior felicidade para uma mãe grávida era sentir seu filho mexendo em sua barriga, mas, para ela era algo terrível, dizia que orava e pedia para Deus não deixar ele mexer porque sentia dores capazes de tirar sua consciência.

Lembro de um dia a mulher do pastor de minha tia ter ido lá em casa orar por minha mãe e ela disse.

" Que mais tarde entenderias o agir de Deus que aquele bebê veio para trazer bênçãos a ela e não maldição. Que ele compreendia suas dores mais que conhecia seu coração. Porque ela não confiava nele? Quantos livramentos e milagres já tinham feito a ela. E que era para se arrepender do que ela tinha dito. "

Eu compreendo minha mãe só ela sabia o que estava sentido e acredito que muitas vezes tenha se lamentado, porque não? Ela é humana.

Mas também lembro de alguém recrimina-lá dizendo que renegava o filho que carregava. Queria vê-la em seu lugar.

Quatro dias depois ele chegou na casa de minha vó, ficamos lá por um mês ou um pouco mais, não lembro.

Sabe entre esse período de espera para o nascimento do bebê aconteceram tantas coisas.

Algumas é que minha vó sempre colocava minha mãe contra mim, isso ela fazia todos os dias. Sem êxito porque sempre fomos amiga, aí já sabe não é?

E outras de suas artimanhas, foi o dia que mãe deu entrada no hospital para fazer a cesariana.
Vó me humilhou tanto, disse tantas coisas até dizer que fui eu quem causei o câncer em minha mãe ela teve coragem.

Nunca contei para ninguém isso. De tanto ódio fiz sem pensar, abrir metade da cartela de remédios que o médico passou para minha mãe tomar após o parto, para tratamento do câncer e misturei com outros que nem sei o que eram, só lembro que encheu a minha mão, tomei tudo e fui deitar.

Foi rápido os sintomas, espasmos por todo corpo, tremores e enrijecimento dos nervos, visão e audição reduzida, acho que entrei em choque anafilatico, meu corpo paralisou na cama nem conseguia fechar os olhos eu só sentia tudo, sentir a porta sendo aberta e a voz de minha vó bem longe, dizendo que eu era preguiçosa com tantas coisa para faze e eu dormindo depois bateu a porta de vez.

Eu gritava ela por dentro mas meu corpo não reagia, entrei em pânico quanto pensei que poderia morrer, comecei a orar e pedir perdão ao senhor, foi quando tia Isis entrou no quarto e viu meu estado, entrando em oração também. Não sei como, fui sentindo aos poucos os movimentos do meu corpo regularizando.

- Emy o que você fez, em garota? - Falou seria mas com carinho na voz.

- Tomei vários remédios de uma só vez. - Minha voz saiu como um miado.

-Você está maluca, sabe que suicídio não tem perdão, não é?

- Sei tia mas...  - Ela me interrompeu.

- Em o que você estava pensando então?

Minhas forças já tinham voltado e com ela o arrependimento chorei auto. Tia me abraçou.- Pensa a tristeza de sua mãe chegar e saber que sua filha mais amada está morta? Ela iria morrer também.

- Eu sei tia e me arrependo, mas não aguento vó, ela me disse tantas coisas que sem pensar tomei tudo, ela ainda veio aqui e me chamou de preguiçosa.

- Filha se você ficar alimentando as provocações de sua vó, não vai conseguir passar pelas tempestades que vem por ai.

- O que a senhora quer dizer é com mãe?

- Fique tranquila e não se preocupe, está bem minha linda? levante e vá tomar um banho e não diga nada a sua vó.

- Esta bem. - Beijei seu rosto e fui tomar banho o resto eu tirava de letra.

Fingir esse era e sempre foi minha especialidade favorita.

Um eu antes de mim.[Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora