Capítulo 26

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Entrei na biblioteca e encarei o relógio de parede. Tomei um gole do whisky e vi os ponteiros se aproximando das 20:52. Tirei o celular do bolso e pensei em ligar pra Any, mas eram quase 04 horas da manhã na França, então provavelmente Anahí deveria estar dormindo naquele momento.

Fui até a prateleira de livros e sorri vendo as edições dela organizadas na fileira ao lado dos meus livros. Sorri ao ver o volume de Orgulho e Preconceito que eu mesmo havia dado de presente pra ela. Encarei a capa lembrando de como ela ficara feliz quando lhe entreguei aquele exemplar.

Quando abri o livro fui surpreendido ao encontrar fotos antigas de mim. Mais precisamente fotos da noite em que eu e Any nos conhecemos naquela festa de faculdade. A mesma festa onde demos nosso primeiro beijo e começamos a namorar.

O que mais me surpreendia era saber que ela guardava tais fotos dentro daquele livro até hoje. Será que até hoje, mesmo que agora estivéssemos casados ela remexia nessas fotos? Não me surpreenderia se a resposta fosse sim, dado que ela vivia com esse livro nas mãos relendo os trechos que mais amava.

Um aperto no peito me fez ver o quão idiota eu fui e a forma errada como eu a havia tratado. Any não merecia que eu tivesse feito aquelas acusações, no fundo eu mesmo tinha consciência de que estava errado. Foi tudo um maldito impulso, dado em um momento de raiva. E agora estávamos separados, não só pelos milhares de quilômetros que nos separavam, mas também pelas malditas palavras que eu tinha dito.

Guardei o livro com as minhas fotos de volta no lugar e sentei na cadeira atrás da minha mesa. Encarei a fotografia de Anahí, o sorriso que ela me dava e o brilho em seus olhos pareceram me deixar ainda pior.

- Volta logo, meu anjo. - sussurrei acariciando o vidro da moldura. - Só assim vou poder me desculpar direito com você.


Paris, França.

Acordei com o sol inundando a janela do quarto de hotel. Sentindo minha cabeça pesada e sem ânimo algum me obriguei a ficar de pé e sair da cama. Quando entrei na saleta principal, Maite estava sentada tomando café da manhã.

- Como você consegue estar bem e parecendo tão disposta à essa hora da manhã?

- Acho que estou acostumada com o clima daqui. - Mai sorriu e realmente parecia estar em casa. - Vem comer.

- To sem fome. - respondi e me larguei na cadeira de frente pra ela.

O estofado era confortável e fechei os olhos suspirando. Estava quase dormindo quando Maite me chamou.

- Anda Any toma o café. - apontou a mesa farta.

- Não consigo... Essa comida ta me embrulhando o estômago. - suspirei. - Não consigo esquecer do seu irmão, da nossa briga, das minhas responsabilidades. - me levantei e andei pelo quarto me sentindo angustiada. - Se eu pudesse eu embarcava num avião e voltava pro México.

- Você não pode fazer isso então se acalma, senta e come alguma coisa. - apontou a mesa.

- Queria tanto ligar pra ele! - suspirei sentindo meu coração apertar.

- Espere um pouco, são 09 horas da manhã aqui e 02 da manhã lá, ele está dormindo agora.

- Se a nossa briga o deixou mal, como deixou a mim, ele deve estar se revirando na cama. - suspirei.

Por Ti ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora