Capítulo 48

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Anahí

Depois de almoçar com Maite, liguei para Julia e dei uma desculpa dizendo que não poderia ir pra empresa. É claro que ela entendeu meus motivos já que eu ainda estava de luto pela morte do meu pai, então não me cobrou nada.

Cheguei ao cemitério ainda sem saber se tinha sido uma boa ideia ir até lá. Me abaixei na direção do tumulo e acariciei a lápide.

- Oi pai! Me desculpe por ter demorado pra vir te ver. - suspirei.

Abaixando a cabeça peguei o buque de flores e coloquei embaixo da sua foto.

- Ainda é difícil acredita que você estava doente, que to tempo todo você, a mamãe e o Poncho sabiam que você ia morrer e ninguém me contou. Por que vocês não me contaram pai? Por que você tinha que guardar segredo? - acariciei a fotografia. - Se você soubesse quantos planos eu fiz pra você e o bebê, quantas vezes imaginei você ensinando ele a jogar bola, a sei lá, empinar pipa, conversas de garotos que você poderia ter. Eu juro que fiquei feliz em saber que era um menino. Você sempre quis um filho homem e eu achei que isso ia de alguma forma compensar você pelo meu nascimento. Você ia amar tanto seu neto que as coisas entre a gente iam melhorar ainda mais, mas você estava indo embora e não me contou.

Abaixei a cabeça lembrando dos nossos momentos. A infância, a juventude onde começaram as brigas e a fase adulta onde quase rompemos os laços um com o outro.

- Sabia que eu sinto falta até de quando a gente discutia? Eu queria tanto que você tivesse aqui.

Fechei os olhos e suspirei, queria que toda aquela exaustão e a vontade de não fazer nada me deixassem. Eu estava grávida, tinha um bebê dentro de mim por quem eu precisava me manter saudável, mas mesmo assim era muito difícil não se entregar a vontade de dormir o dia inteiro.

Uma mão apertou meu ombro, me assustando e quando olhei pra cima vi Alfonso.

- O que ta fazendo aqui? - fiquei de pé.

- Maite me ligou falando que você ia vir pra cá. Fiquei preocupado e acabei vindo, também, acabei de chegar.

- Você ouviu tudo que eu disse?

- Só algumas coisas! - Alfonso respondeu e acariciou meu rosto.

Sem forças de continuar mantendo aquele muro entre a gente, eu suspirei e o abracei. Era a primeira vez que eu fazia isso em mais de uma semana.

- Me perdoa! - pedi voltando a chorar.

Alfonso suspirou e envolveu os braços em volta de mim me apertando com força.

- Me perdoa você, meu amor, eu deveria ter te contado.

- Tudo bem, eu consigo entender você. Estava me protegendo e protegendo o nosso filho, teria sido muito ruim saber da doença dele junto com a notícia da gestação, não teria sido a mesma coisa, ele não teria curtido igual e todos os nossos momentos juntos, teriam sido apenas de tristezas. Acho que por isso ele não quis me contar. - ergui o rosto e encarei meu marido. - Ele sabia que ia desmoronar, que eu ia olhar pra ele e pensar que estava morrendo. Ele quis que compensar o tempo perdido e me tratar como o pai que ele nunca tratou. E ele conseguiu. - me virei pra lápide. - Eu vou levar nossos momentos pelo resto da vida.

Alfonso me abraçou por trás e acariciou minha barriga.

- Eu tenho certeza que ele teria sido um avô bem coruja, assim como meu pai.

- Você quase não fala dele. - encostei a cabeça em seu ombro.

- Não há muito o que dizer, além de que ele foi um bom pai pra mim enquanto estive fora e me deixou uma irmã de presente, que me deu um sobrinho. Eu não poderia ser mais grato por isso.

Por Ti ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora