Capítulo 44

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Alfonso

Os dois dias seguintes foram os piores da minha vida. Anahí não parava de chorar, não aceitava a morte do pai e por pouco não foi ao enterro. Eu me revezava entre ir pra empresa e cuidar dela, mas quando estava lá não conseguia pensar em nada mais além dela e do nosso bebê.

Era fim de tarde quando cheguei em casa e encontrei Angelique sentada no sofá.

- Oi Angelique.

- Oi.... Nossa você ta péssimo.

- To me sentindo péssimo. - suspirei. - Como ela está?

- Ela está dormindo agora.

- Obrigado por ter vindo Angelique, se não fosse você não sei o que ia fazer. Com o Alex, Mai não pode ficar aqui.

- Não tem problema, Any é como uma irmã pra mim, mas estou preocupada com ela. Não quis comer nada o dia inteiro e se não fosse pela gravidez, acho que ela teria tomado medicamentos pra dormir.

- Eu vou ver como ela está. - suspirei. - Se você quiser ir pra casa, tudo bem?

- Eu vou então. Qualquer coisa você me liga ta?

Assenti me despedindo dela e depois que Angelique se fui, subi até o quarto. Quando entrei meu coração se partiu a ver Anahí deitada de lado. Uma mão estava repousada na barriga e a outra segurava uma fotografia dela com o pai.

Com cuidado tirei a foto dela e coloquei sobre o criado mudo. Lembrei de uma vez, quando estávamos namorando e a encontrei chorando na faculdade.


[...]- Hei, meu amor, o que você tem?

- Briguei com meu pai.

- De novo? O que aconteceu dessa vez?

- Lembra que eu te contei que ia começar a trabalhar com ele? Só estagiando pra ver como seriam as coisas?

- Lembro! - assenti.

- Acontece que.... - ela tomou fôlego e voltou a chorar. - Ele disse que sou péssima estagiária, que não se fazer nada, que eu envergonho ele por ser desse jeito.

Suspirando a abracei e beijei sua testa.

- Você não devia se deixar abalar pelas palavras dele Any.

- Mas é que dói saber que seu pai odeia você. - soluçou. - Eu só queria que ele me amasse, que gostasse de mim do jeito que eu sou e não que ficasse jogando na minha cara que queria um filho homem.

Me afastei dela pra poder encará-la nos olhos.

- Se seu pai te diz isso é porque ele é um idiota que não merece a filha que tem.

- Como pode você me amar e meu pai não?

- Talvez porque eu enxergue você de uma forma que seu pai não vê. Porque se ele te visse do jeito que eu vejo, ele seria o homem mais orgulhoso do mundo por ter você como filha. - sorri.

- Será que algum dia ele vai me aceitar? Ou vou passar a vida inteira tentando compensá-lo, agradá-lo por ser mulher? - ela suspirou enxugando o rosto.

- Você não tem nada pra compensar, você é maravilhosa assim e vai continuar sendo pra mim. Pra sempre.

- Eu amo você, Poncho! - ela me beijou. [...]


Afastei as lembranças pra longe, puxei o edredom e deitei na cama com ela. Anahí pouco se mexeu quando eu a abracei, aconchegando a cabeça dela em meu peito. Ela apenas suspirou, envolvendo os braços em torno da minha cintura. Fiquei brincando com seus cabelos com uma mão, enquanto a outra roçava sua barriga. Meus lábios ficaram passeando pela testa dela e eu fechei os olhos.

Por Ti ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora