Garoto Errado

Capítulo 1°

A minha vida começou a virar de ponta cabeça no ano em que Rapha, minha irmã mais nova, completou seus 15 anos. A festa toda teve seu toque pessoal, cada detalhe foi muito bem pensando e executado como ela sempre quis e sonhou para o seu grande dia.

— Você é a irmã dela certo? — Uma mulher de cabelos curtos e com aparência cansada perguntou a mim.

— Sim.

— Aquele é o seu quarto, ok? — Ela me guiou até um dos inúmeros cômodos da casa e então abriu a porta dizendo — Suas coisas estão aqui, se precisar de algo pode me chamar.

Sorri sem mostrar os dentes e entrei no quarto logo em seguida.

O quarto era muito grande, todo branco e a decoração era simples e bonita. Minha irmã conhece meus gostos, tudo o que tinha lá dentro estava de bom tamanho para mim. Meu vestido ainda estava na capa de proteção pendurado em uma arara bem a minha frente.

Meu celular apitou. Sorri ao ver de quem se tratava.

                           "Daniel Harper"

— Oi Dani — falei com um sorriso. Daniel é o melhor amigo de Rapha, mas as vezes mais  parecem um casal. Os dois insistem em falar que são "Irmãos" de outra mãe.

— Oi, Mari — Ele tinha a voz fraca, como se a qualquer momento fosse ter um trosso.

— Está tudo bem com você? Sabe que pode me falar tudo e quando digo tudo, é tudo mesmo.

— Eu...estou — Pausa — Apaixonado pela Rapha.

O ar me faltou naquele momento. Não soube o que responder, o que falar, ou como reagir a tudo aquilo. Meu coração acelerou de uma forma estranha, eles fazem um belo casal, isso eu não posso negar.

Mas o que falar pra um jovem rapaz  apaixonado pela sua irmã mais nova?

— Dani, eu...não sei o que falar.

— Vou pedir ela em namoro durante á valsa. — Ele parecia sorrir do outro lado da linha. — Sou o último a dançar com ela. Espero que ela diga sim.

— Vou torcer por você, Loirinho.

— Me deseje sorte, Alana. — Ele não sabia, mas não precisava de sorte, pois já tinha o mais importante, o amor da Rapha. E isso sorte nenhuma tiraria dele.

— Seja feliz, Loirinho. Agora eu tenho que ir, preciso me arrumar. Não quero chegar atrasada para ver o "Sim" dela.

— Beijos, Alana! — Ele desligou.

A festa teria início ás 6 horas. Meu relógio marcava 5:30 em ponto e tudo isso estava me deixando uma pilha de nervos. Saí do quarto olhando pros lados, se Karen me visse sair dali ia dar seu piti.

— Pra onde pensa que vai mocinha?

Girei na ponta dos pés, me deparando com Karen, a organizadora da festa. O que eu iria falar? Não consegui pensar em nada rápido para dizer.

— Deixe ela! — Disse uma voz masculina atrás de nós.

Eu e Karen se entreolhamos e depois procuramos o dono da tal voz.

— Olá senhor — Falou Karen, tentando contornar a situação que ela mesma formou.

— Pode deixar Karen, a garota está comigo.

O quê? Eu não!? Quem é aquele rapaz?

— Sim, claro. — Disse Karen envergonhada. — Se precisar de algo me chame.

Ele concordou com a cabeça e Karen saiu dali pisando duro no chão. Mais rápido que um foguete ela sumiu pelos corredores da enorme casa. O rapaz riu baixo, e depois sua risada aumentou, enchendo todo o ambiente que antes estava silencioso. Como se estivéssemos em um circo, ele se dobrou de tanto rir, colocando a mão na barriga. Até onde eu sei, não havia nenhum palhaço ali, apenas eu, talvez eu fosse a palhaça.

— Obrigado — interrompi.

— Não vou fazer isso de novo.

— Tá, eu já agradeci — O sorriso dele sumiu dando espaço para uma careta. Ele era tão sem educação, e isso irritou-me profundamente.

— E eu falei que não faço de novo. — Falou me examinando de cima á baixo. —  Pra onde vai garota?

Revirei os olhos.

— Olha aqui — suspirei. — Não sei quem você é, não que eu esteja interessada em saber. Mas você é um grosso e eu já agradeci! — Ele ficou sério. — Estou atrás do quarto da minha irmã.

Talvez eu tivesse sido um pouco rude com ele, pensei.

— Hum... grosso. Muitas garotas dizem isso de mim.

Minha boca se abriu em incredulidade e o sorriso dele aumentou. A pele do meu rosto corou, e isso não me deixou nem um pouco contente.

Escutei passos vindos em nossa direção, e o perfume masculino invadiu o lugar que estávamos. Mais passos e quando olhei pra trás, vi o principe da Rapha. O meu Loirinho favorito, Daniel.

— Olha, olha quem encontro aqui —  Ele riu divertido. — Então já se conheceram?

Troquei olhares com o "Grosso", opa, com o "Idiota".

— Ah, sim infelizmente! — Falei bufando.

— Ela não é nada parecida com a doce menina Rapha. — Falou, o idiota em seguida.

— Ei — Dani me abraçou pelos ombros me arrancando um sorriso fraco, beijou minha bochecha como sempre fazia e olhou para o "idiota" — Te falei da Alana.

— Não achei que era tão MAL EDUCADA! — Abri a boca em um "O" enquanto ele sorria largo.

Bufei e Dani me apertou.

— Alana, esse é meu irmão mais velho. — Ele falou sorrindo, mas só ele estava feliz ali. Eu e seu irmão nos encaramos com a cara fechada, sem esboçar nenhuma reação.

— Não precisa nos apresentar, Dani.

— Claro que precisa, Alana! — Ele olhou pro irmão com cara de pidão e o idiota revirou os olhos. — Alana esse é Lucas Augusto, meu irmão.

Ah, que legal. Como uma pessoa tão doce e meiga como Daniel, tinha um irmão tão folgado, abusado e grosso como Lucas?

Era pra apertármos as mãos, mas nós dois se recusamos a fazer isso. Talvez, fôssemos  orgulhosos demais para se cumprimentar com um aperto de mão.

— Então, eu já vou indo. — Falei. — Vou procurar o quarto da nossa princesa, te passo umas mensagens depois.

Ele piscou pra mim e eu dei as costas.

Andei pelo corredor e pude escutar os dois cochicharem baixinho, não dava pra entender do que se tratava, mas vindo de Daniel, com certeza ele tinha puxado a orelha do irmão mais velho.

— Ei, Alana! — Gritou, Lucas.

Olhei pra trás e ele me olhou com um sorriso de canto.

— Oi — Respondi.

— Desculpa.

— Tá desculpado, Lucas — Dito isso ele sorriu e eu voltei a andar atrás do quarto de Rapha. Não demorei muito pra achar, já que no final do corredor havia uma placa rosa em uma porta toda branca escrita "Debutante".

Primeiro capítulo,espero que vcs gostem ♡

Votem !