Faz duas horas que estou no sofá da recepção do hospital, com as mãos no rosto. Certamente meu nariz está tão vermelho, quanto todo o meu rosto. E Gui, está em estado de choque. Pedi a uma enfermeira para sedá-lo, só assim ele ficou mais calmo.
Levantei bruscamente.
— Papai, eu não fico um segundo mais aqui — Andei até o balcão. — Eu quero e vou entrar naquele quarto! Façam o seu melhor pra me impedir.
Sai marchando até o corredor.
Braços fortes me impediram no meio do caminho. Fiz força, foi em vão. Me debulhei em lágrimas, afinal, era a minha melhor amiga naquele quarto e eu não posso vê-la.
— Ficou louca, anjo?
— Eu quero ver ela — Lucas segurou meu corpo, antes que eu caísse com os joelhos no chão frio. — Isso é tão injusto. — Ele me abraçou. — Me larga Harper! Quero ver Melanie.
Vejo Guilherme sendo acompanhado por uma enfermeira. O brilho de seus olhos não estava mais lá. Seu sorriso não tinha o mesmo impacto, nem o mesmo efeito. Forço-me, e corro até o seu corpo. Abraçando-o, e acolhendo ele em meus braços. Gui retribuiu e assim ficamos, por longos minutos no meio do corredor que nos separava de Melanie.
— Fala comigo — Sussurro — O que você fez com ele?
A enfermeira parecia cansada.
— Sedamos ele com algo mais eficaz pra ele.
— Como assim? — Pergunto, fitando o rosto de Gui. Ele não parecia bem. Só se estivessemos no The walking dead.
Ele me parecia um daqueles zumbis só que ainda bonito e sem sangue pelo rosto. — Fala comigo, Gui.— Seu amigo...
— Namorado! — Corrijo e ela dá de ombros.
— Seu namorado é muito forte e foi bastante resistente aos calmantes que temos no hospital. Sendo assim, um médico passou algo mais forte pra deixá-lo calmo.
Abraçei Guilherme como se ele fosse o único fio que me segura na terra. Ele é e sempre foi como um irmão, amigo e agora meu namorado. O primeiro e único. Meu primeiro e último amor. Pois, quero levá-lo, por toda a minha vida comigo. E que nossos filhos um dia saibam, que o pai deles sempre foi tudo de mais precioso que tive depois dos meus pais.
— Eu amo você.
— Por quê está chorando, amor? — Ele passou o dedo, limpando com todo o cuidado. E me lançou um sorriso fraco — Não chore. Ela vai ficar bem, e nois dois também.
— Eu sei.
Entrelacei meus dedos nos dele e tudo ficou bem. Ou talvez, ficaria bem. Dei um sorriso, ou tentei dar o melhor de mim. Ele precisava de 100% meu, pra ficar bem. Mas, é díficio. Quando tudo o que eu quero é pular no pescoço do HARPER!
— Fica aqui — Falei baixo — Eu já volto.
Andei em passos longos até Lucas.
— Se perdeu anjo?
Empurrei ele em uma parede, com as minhas duas mãos pressionando seus ombros o imobilizando. Lucas olhou pra mim e seus olhos seguiram outro rumo, um rumo que eu sabia muito bem do que se tratava. O quarto de Melanie.
— Por quê você pode entrar lá e eu não? Você nem a conhece, porra! Sou amiga dela desde o ensino médio, e Gui — Nois dois olhamos ao mesmo tempo pra Guilherme — Veja o estado do meu namorado, ele está drogado e eu tenho medo. Ouviu? Medo de que ele não aguente. Eu estou tentando, estou. É muito dificio ser forte por dois.
— Hey, calma.
— Calma é o CARALHO! — Gritei.
Lucas sorriu fraco, pra algumas pessoas.
— Comporte-se! — Ordenou. — Ou eu mesmo vou tirar você daqui. Eu fui o primeiro a chegar na casa da Mel, eu vi o que ela passou e a trouxe.
— Mais isso não te dá direito de nada.
— Você não é capaz de compreender isso — Ele sussurrou, como se fosse um segredo de estado.
— Me fala então.
Olhei pro corredor e Gui continuava com a mesma carinha. Sereno, e com o olhar perdido. Pode-se dizer que foi tudo culpa da droga que deram a ele.
— Não sou capaz de deixá-la aqui.
— Oi? Foi isso que eu ouvi? — Ri alto e Lucas tapou a minha boca com sua mão.
— Se for fazer escandâlo, vai embora! Ela não está bem e seus barracos vão deixá-la agitada. Eu não saio de perto dela nem se me paguem. Escuta, Mel é diferente e isso nunca aconteceu antes.
— Cala a boca.
— Sinto muito, Alana — Ele saiu e me deu uma última palavra antes de sumir pela porta do quarto — Sei que ela te ama muito, e ficaria triste em ver você assim tão...
— Tão o quê?
— Tão descontrolada — Disse. — Seja a garota que eu conheci naquele corredor. Eu sei que aquela garota não estaria gritando, berrando nem nada disso. Ela precisa muito de você, mas pra isso, você precisa estar bem.
Entende isso?— Sim — Suspiro.
— Se cuida.
Sai chorando feito criança pro sofá da recepção.
Agradeci ao meu pai que me deu um copo com água. E aos poucos aquele sofá e toda a sala de espera foi lotada de amigos e familiares de Melanie. Eu tenho sorte de tê-la como amiga. Gui estava bem melhor, ele sentou em meu colo e me pedio que o abraçasse forte.
— Doí tanto.
— Guilherme, eu queria ter o poder de não te ver sofrer. Mas, está doendo tanto em mim também.
— Por quê o Harper entrou lá e nós não?
— Ele é acompanhante dela — Cuspo as palavras.
Um homem velho de cabelos grisalho entra na recepcão. Fazendo todos que estavam esperando, levantar dos seus lugares.
— Melanie Costa teve duas paradas cardíacas devido ao acidente com o paciênte Miguel dos Santos — Ele me olhou rápido e voltou a olhar pra ficha em suas mãos — Então, venho lhes informar que Melanie perdeu muito sangue e precisará fazer um trasplante o mais rápido possível.
— Eu vou — Levanto a mão.
— Senhorita...
— Maria Alana — Digo, e Gui aperta a minha mão. — Doutor eu faço o que precisar, qualquer coisa.
— Me acompanhe Alana — Ele roda nos calcanhares e segue pelo extenso corredor de portas brancas.
— Eu vou com você — Gui beija minha testa e entrelaça nossos dedos. — Quero ficar ao seu lado quando fizer isso. Na alegria e na tristesa, certo?
— Mas isso não é só em casamentos?
— Topo tudo com você — Ele disse me abraçando, tirando os meus pés do chão. — Contando que eu esteja ao seu lado, vou até o final do mundo.
— Eu amo você.
— Eu também te amo — Selamos em um beijo rápido, mais significativo.
Andamos pelo corredor, e entramos em uma sala branca.
O doutor segurou a porta enquanto eu e Gui entrávamos. Ele me mostrou a poltrona alta e também branca, onde eu sentaria. Gui puxou uma cadeira e sentou ao meu lado, segurando minha mão direita. O médico preparou tudo e sorriu.
— Pronta Alana? — Perguntou o médico.
Gui entrelaçou nossos dedos e deu um beijo em minha testa.
— Estou!
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Garoto Errado
RomanceAlana tem uma amizade de anos com Guilherme, seu melhor amigo. Os dois acabam se envolvendo em um lance, mas não dura muito quando ela conhece Lucas Harper. Um garoto arrogante e por obra do destino, ele é o irmão do namorado de sua irmã Raphaela. O...