Capítulo 7°

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Me encolhi no chão do banheiro e fiquei ali. Talvez, meia ou até mesmo uma hora. Ele conseguiu me deixar confusa. Mas no fundo Lucas tinha razão. Quem eu queria enganar? Estou ficando com o meu melhor amigo, que ama outra.

Eu só estou mentindo pra mim e ele também está mentindo pra si mesmo.

— Estou perdida! — Desabei, ali mesmo no chão.

Escutei barulhos na porta e depois ouvi a voz de Gui do lado de fora.

Levantei do chão, lavei o rosto e saí do banheiro me deparando com Lucas totalmente irritado e Guilherme  forçando a entrada dentro do quarto. Quando ele me viu, empurrou o ombro de Lucas e entrou me abraçando.

— O que aconteceu? — Ele me abraçou, olhando de cara feia pra Lucas. Depois, olhou nos meus olhos e constatou o que eu já sabia. Eu não estava bem.

Não adiantou eu falar que estava bem.

— Nada — Falei baixo, os olhos de Lucas ferviam de raiva.

Desviei o olhar assim que percebi que estávamos com os olhos pregados um no outro, aquilo não estava certo. Eu tinha que acabar com o que comecei,
não podia mais mentir pra mim, nem Gui poderia continuar mentindo sobre o que sentia.

— Quer me contar alguma coisa?

— Não podemos mais ficar. —  Falei.  Em um impulso Guilherme me beijou e eu me afastei. — Não minta pra você, Gui.

— Não fala isso.

— É a realidade. — Falei. — Você ama outra e eu bem, tenho que gostar de alguém que goste de mim da mesma forma.

— Vou dormir aqui com você.

Eu forcei um sorriso.

— Ah, mas não vai mesmo. — Disse Lucas um pouco irritado. — Não vou permitir isso dentro do meu quarto.

— O quarto também é meu!

— Quem é você pra falar alguma coisa? — Guilherme irritou-se com a prepotência de Lucas em desafiá-lo daquele jeito.

Gui encarou Lucas. Eu não podia deixar os dois se peitarem, fui e abraçei Guilherme, lhe afastando de Lucas. Os dois ainda se encaravam e a qualquer momento haveria uma briga feia ali se eu não intervisse de uma vez por todas.

— Para! — Sussurrei em seu ouvido.

—Eu vou embora. — Disse Gui.

— Não faz isso. — Encostei a testa em seu queixo e fechei os olhos.

— É o certo a se fazer! — Falou. — Te amo.

Guilherme me beijou. Levei isso como uma forma que Gui encontrou de irritar ainda mais Lucas. Ele deu-me um selinho demorado no final, como sempre fazia e eu fechei os olhos com o carinho que seus lábios faziam nos meus. Ele se afastou e foi embora sem dizer mais nenhuma palavra.

Repeti algumas vezes pra mim mesma que era o certo a se fazer. Ele era meu melhor amigo e amava Melanie. Esse lance poderia atrapalhar seu futuro romance com a minha amiga.

— Fez o certo. — A voz de Lucas me fez despertar.

— É, eu sei. — No fundo eu sabia que era o certo pra nois dois. Ele continuaria me amando e eu amando ele, mas como tem que ser. Como amigos.

— Me desculpa pelo beijo.

Eu me sentei na cama, jogando o meu cabelo de lado e rindo divertida.

— Não precisa. —Falei. — Eu gostei.

Um sorriso lindo brotou em sua boca
e eu fiquei com vontade de beija-lo de novo, mas dessa vez que minhas mãos estivessem livres, para tocar cada traço do seu corpo.

— Eu não vou te beijar de novo.

— Voltou a ser o ogro de sempre ! —Me joguei de costas na cama e fechei os olhos. — Legal, continua sendo um porre ficar no mesmo quarto que você.

— Cala a boca, garota!

— O quê? — Sentei na cama, olhando em seus olhos.

— Foi o que escutou, ou está surda?

— Babaca! — Levantei bruscamente e saí do quarto deixando aquele doente lá sozinho. Andei pela casa até esbarrar em meu tio Louis.

O mesmo me segurou perto do corpo
me girando, como se estivéssemos em uma dança lenta. Revirei os olhos e ele me soltou.

— Pra onde vai minha Laninha?

— Pra bem longe de um Babaca! — Fiz uma careta e ele apertou o meu nariz me fazendo rir.

— Deixa de marra, Laninha.

— Tio, você por acaso viu o Gui?

— Saiu feito louco — Disse com uma cara não muito boa. — Seja lá o que  aconteceu, ele saiu irritado. Bateu até a porta do carro. O que houve?

— Vou ligar pra ele. — Fiquei na ponta dos pés e beijei sua bochecha.

A droga do meu celular estava no meu quarto, eu tinha que ligar pra ele hoje ainda. Gui, é muito importante pra mim e vê-lo irritado não me faz bem
nenhum.

Lucas Augusto

Alana entrou no quarto na ponta dos pés, talvez ela pensou que eu estaria dormindo. Depois de tanto procurar ela deitou de lado, abraçando um dos travesseiros de sua cama.

— Alô — Disse baixinho.

Sorri com a voz fofa que ela fez.

— Fala comigo — Falou em seguida. — Sabe que se fizer isso, estará machucando a mim. Certo?

Ela estava prestes a chorar, quando eu resolvi levantar e abraça-la. Isso soou estranho pra mim também, mas algo dentro de mim queria cuidar dela, protegê-la.

— Eu amo você — Disse e desligou.

Ficamos em silêncio, até ela se virar pra mim e me olhar nos olhos. Não sei o que se passou pela minha cabeça, mas eu estava gostando de tê-la perto de mim. Ainda mais depois de um beijo daqueles, um dos melhores que tive em anos. Mas, Alana não precisa saber disso.

— Você me deixa confusa —Sussurrou.

— E você me deixa maluco.

— Por que eu não consigo saber o que você quer? — Ela olhou pra baixo, pros meus lábios e depois pra mim.

— Sou um caos, Lana.

— Gosto da sensação que tenho quando estou com você! — Ela se aproximou e tentou me beijar. Me afastei um pouco quase não resistindo ao seu cheiro doce e seus lábios macios. — Você é uma bagunça, mas não quero me afastar.

— Bem vinda ao meu mundo, anjo. — Segurei sua nuca, trazendo seus lábios para os meus e iniciando um beijo lento e sem malícia. Sentei na cama e ela veio junto, sem parar o beijo. Ela sentou em meu colo, enquanto eu beijava cada centímetro do seu pescoço.

Ouvi a porta do quarto se abrir e o som de algo quebrando nos fez parar. Ela me olhou assustada, escondendo seu rosto no meu pescoço.

MERDA!

—  Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? — Perguntou meu irmão, parado sem reação nenhuma.

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