Capítulo 28°

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Eu não sei como conseguimos dormir juntos em um sofá tão pequeno como o do quarto desse hospital, mas como nada são flores. Fiquei com uma dor no pescoço e nas costas, devido ao mal jeito em que dormi. Guilherme ficou dormindo sereno, enquanto eu dava um jeito no meu cabelo.

Amarrei em um rabo de cavalo e fui ao banheiro. Escovei os dentes, lavei meu rosto e quando voltei levei um susto.

— A senhora está bem? — Sentei ao seu lado na cama, segurando suas mãos. Ela me olhou nos olhos e quase tive vontade de chorar, mas ela não merecia me ver em prantos. Então dei um sorriso fraco, parecendo bem.

— Maria!

— Eu não quero que se esforce muito. Pode descansar eu e Gui estamos aqui com você.

Ela soltou um suspiro, depois tentou se desvencilhar dos aparelhos me deixando assustada.

— Guilherme! — Exclamei alto. Dona Lou começou a tirar os aparelhos e seu coração acelerou, um caos se formou dentro do quarto. — Pelo amor de Deus, alguém me ajuda!

O menino que até então dormia calmo no sofá deu um pulo, esfregando os olhos e se deparando com sua avó em um surto.

Correu e tentou acalmá-la enquanto eu chorava no canto do quarto, em estado de choque em vê-la tão desesperada. Abraçei meu próprio corpo, enquanto enfermeiros e um médico entrou para tentar dopá-la novamente. Senti um frio na espinha, um arrepio percorreu todo o meu corpo. Isso não está me fazendo bem, não posso ver Dona Lou nesse estado.

— Eu preciso tomar um ar!

Saí do quarto meio que sem rumo. Os meus olhos possívelmente vermelhos e o nariz e bochechas rosados. Todos me olhavam com certo receio, talvez tivessem medo de perguntar o porque do meu choro.

— Alana!

Avistei Lucas e Vitor assustados vindo de encontro a mim. Eu deixei que eles me consolassem. Chorei ainda mais nos braços de Lucas, ele ofagou meus cabelos me pedindo calma.

— E-ela surtou! — choraminguei baixo.

— Lucas fica com ela, eu vou ver como estão as coisas lá dentro.

Meu primo beijou-me no rosto. E me abraçou carinhosamente.

— Vamos levar você pra casa. — falou Vitor decidido. — Lana, já passou por coisa demais hoje. Vou conversar com o Guilherme. Se é que ele tem condições de conversar.

Vitor nos deixou a sós.

Lucas sentou no sofá da recepção e me levou junto consigo. Fiquei em silêncio por segundos, minutos, talvez uma hora. Não sei ao certo. Em momento nenhum ele se aproveitou da situação para me agarrar, ou me beijar á força. Foi o garoto que eu conheci naquele bendito corredor, no dia do aniversário da Rapha.

— Por quê está fazendo isso? Quero dizer, como soube que eu estava aqui em choque?

— Eu não sabia — afastou meu cabelo, me olhando nos olhos. Um sorriso doce se formou em seus lábios, aquele sorriso que me derreteu tantas vezes quando estávamos juntos. — Quando te vi naquele estado no corredor, eu não pensei em mais nada. Só queria te abraçar e acabar com esse sofrimento todo.

Como não amar, Lucas?

Eu devo estar horrível. O rosto todo vermelho, como nariz e bochecha. Os olhos estremamente enchados e a boca vermelha, devido a minha péssima mania de mordê-la quando estou nervosa demais. Quando vi Lou naquele estado, fiquei assustada e com muito medo. Medo, de ela ficar mal por conta do próprio surto.

— Você está linda. Não se preocupe com isso — passou o dedo em minha bochecha e sorrio fraco.

— Para de ler meus pensamentos!

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