Capítulo 23°

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Passei o dia todo trancada no quarto, desejando que tudo isso não passasse de um mal entendido. Ou, um sonho ruim. Um pesadelo. Me mechi de um lado pro outro na cama, procurando uma posição confortável para tentar dormir um pouco. Mas, quanto mais eu me mechia, mas ficava difícil não pensar em Guilherme e em como eu estraguei sua viajem para ajudar os seus pais na mudança.

Estou me sentindo terrívelmente culpada por causar esse trastorno sem precisão.

Se eu não tivesse beijado Lucas, nada disso estaria acontecendo.

— Abra a porta querida! — Minha mãe pedia baixinho do lado de fora do meu quarto. Ela não entente, ninguém entende que eu preciso ficar sozinha para pôr os pensamentos no lugar.

— Mãe, por favor.

— Trouxe uma coisinha pra você. Eu prometo que saio do quarto e a deixo sozinha.

— Tudo bem — Destranco a porta e ela envolve meu corpo com um dos braços desocupados. Olho em seus olhos, que me passam tranquilidade.
— Desculpe mãe.

— Trouxe um chá para acalma-la.

Sentei na cama segurando a xícara. O conforto que minha mãe me passa me deixa mais calma por uns minutos. Eu não consegui tocar no assunto do beijo com ela nem com ninguém. Mas sei que Lucas contou pra Rapha e pro Daniel sobre o que acabou acontecendo entre nós dois. Eu não o culpo. Pelo contrário. Ele não beijou sozinho e eu tenho a total conciência de que retribui ao seu gesto, beijando ele de volta.

— Vou deixá-la sozinha. Passei para saber como estava. Fica bem meu amor.

— Obrigado mãe por tudo. E pelo chá também. — Ela beija-me no rosto e se afasta levando consigo as xícaras e fechando a porta em seguida.

O vazio toma conta de mim denovo.

Mandei tantas mensagens pro número do Gui que perdi as contas de quantas foram. Também liguei várias vezes, mas ele não atendeu a nenhuma das ligações.

Deito na cama abraçando o travesseiro, tentando lembrar de onde eu estava com a cabeça para causar tudo isso com a pessoa que eu mais amo. Ele pode não ser perfeito, mas é suas imperfeições que me encantam até hoje. Me apaixonei por cada traço dele, dos mais pequenos aos grandes e até seus defeitos o deixam ainda mais apaixonante. Ele é normal como todos os outros, mas o que o destaca é a sua paixão pelas pequenas coisa.

— Guilherme por favor não faça isso. É uma atitude precipitada, eu não vou me perdoar por fazer você passar por isso.

Deixo outra mensagem de voz.

Deito na cama sentindo o sono tomar conta de mim. Abraço o travesseiro ao meu lado e fecho os olhos pensando em tudo o que aconteceu em menos de 24 horas. Minha respiração fica mais lenta e eu adormeço.

[…]

Sinto mãos indo e vindo no meu braço viro-me pro lado, ainda com os olhos fechados. Sinto um pouco de dor de cabeça quando tento abrir os olhos e me deparo com as janelas abertas, as cortinas estão balançando junto com o vento que adentra meu quarto.

— Quem abriu ás cortinas do quarto?

Minha cabeça doí.

— Mãeee! Por favor. Deixe-me dormir mais um pouco, não estou sentindo-me bem. — Resmungo, cobrindo- me até o pescoço com o edredom. Até que eu não estou tão mal quanto achei que estivesse.

— Posso voltar outra hora se quiser.

Eu não acredito! Estou tão doente que começei a escutar vozes.

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