Garoto Errado

Capítulo 50° Parte UM

Devido aos últimos acontecimentos precisávamos ter uma última e oficial conversa com Guilherme, e só assim todos nós poderíamos viver nossas vidas sem se importar com o passado. Passado. Essa pequena palavra vem martelando na minha cabeça há dias, penso que tudo poderia ter sido muito diferente se eu não estivesse feito algumas escolhas. Não gosto de dizer que fiz escolhas erradas, pois com elas eu cresci e amadureci muito. Também aprendi muitas lições que eu se quer aprenderia se não tivesse passado por tudo o que passei.

Não me arrependo de nada que fiz e se me perguntarem se eu faria algo diferente ou mudaria algo, a resposta é não.

Minhas escolhas me fizeram chegar onde estou hoje. Talvez sem elas eu não estaria ao lado do homem que amo, certamente estaria namorando Guilherme e não seria tão feliz assim. Não estou querendo dizer que ele me faria mal, ou não me trataria bem. O fato é que desde o dia em que Lucas apareceu na minha vida eu soube a grande confusão que ele causaria na minha vida e em meu coração.

Eu estava assustada com sua bagunça. Um grande reboliço causado por sua presença costante e irritantemente intrigante. Não me arrependo de nada pois hoje tenho tudo o que sempre quis, posso dizer que sou feliz. Mas nem tudo são flores, o relacionamento que tenho com minha amiga está um pouco abalado e eu quero muito concertar tudo isso.

Preciso do Guilherme. Preciso que me diga o que continha naquele maldito envelope.

— Tudo vai se resolver eu prometo a você — sussurro, olhando o tempo todo pro portão de desembarque do aeroporto. Estou esperando Gui para podermos ter nossa conversa, sei que a viagem foi exaustiva, mas preciso dele e preciso agora. — Também te amo. Eu preciso desligar.

Coloquei o celular no bolso e acenei para o meu amigo que caminhou em minha direção com um carrinho que continha suas bagagens.

— É tão bom ver você — ele largou o carrinho e me abraçou tirando meus pés do chão. Eu também estava com saudades dele, tanto quanto ele.

— Digo o mesmo.

— Olhe só pra você — ele se afastou um pouco me fitando. — Você mudou muito, Lana.

— Tá tão ruim assim?

— Não, não. Você está ainda mais bonita do que antes — disse beijando meu rosto e me puxando pra outro abraço. — Lucas está te fazendo muito bem, dá pra ver nos seus olhos e o quanto está radiante.

Ele segura minhas mãos.

— Fico muito feliz por você.

— Eu agradeço — beijo sua mão e ele faz o mesmo. Assim que Guilherme volta a empurrar o carrinho minhas mãos ficam geladas e eu não sei como abordar o assunto que vem me atormentando.

Andamos até o estacionamento onde o meu carro está estacionado na vaga que paguei. Ele coloca as malas no carro e para ao meu lado, percebendo minha tensão.

Guilherme se encosta no carro e me olha nos olhos, cruzando os braços em seguida. Estou de frente pra ele ainda sem encarar os seus olhos, não sei o porquê mais isso tem ficado cada vez mais difícil. Não consigo continuar fingindo que está tudo bem sendo que não está e isso está me deixando louca.

— O que foi? Fala comigo.

— Nem sei por onde começo — tento tocar no assunto mas não consigo. É muita coisa, muita coisa está em jogo, sendo elas o meu noivado, a minha amizade com a Melanie e o futuro da minha amizade com Guilherme. Se é que seremos amigos depois do que acontecer.

— Pelo começo.

— Você está cansado, certo? — ele assente, ainda me encarando. Solto um suspiro, tentando me manter calma. — Eu preciso de uma água antes de... você sabe. Podemos ir para a casa que você comprou...