Capítulo 27°

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Chegando ao hospital, o meu coração só faltou sair pela boca. Saí correndo pelo corredor branco e cheio de maca vazia. Uma mulher de cabelos escuros e aparencia cansada me olhou de cima a baixo. Prendi o cabelo em um coque bagunçado, saí do carro sem os sapatos e um casaco maior que eu no corpo.

— Posso ajudá-la?

Respirei fundo, recuperando o fôlego.

— Claro. Preciso de uma informação. Uma paciênte chamada Lourdes deu entrada hoje aqui, quero saber em que corredor e quarto ela está!

A mulher me observou atenta. Olhou pro computador e digitou algo, ela mordeu o lábio inferior e me olhou denovo.

— Existe milhares de Lourdes aqui. Eu quero ajudar você, mas tem que ser específica. Qual o sobrenome?

— Santiago.

Minha prima entrou no hospital com o meu sapato nas mãos.

Calçei rápido e agradeci Arlene com um sorriso. A mulher digitou várias vezes e anotou algo em um papel e me entregou.

— Cole isso na sua roupa. Tem um rapaz com ela, então não poderá entrar vocês duas.

Olhei pra minha prima.

— Lene, vá pra casa e me arrume uma muda de roupas, coloque dentro tudo o que vou precisar. Inclusive meus cartões e dinheiro, conto com você pra isso — segurei suas mãos, olhando em seus olhos. — Confio em você.

— Fique com o meu celular.

— Tá. — Ela me abraçou forte.

— Força, vocês vão sair dessa. Ligue pro Renato caso precise de alguma coisa. Volto mais tarde com as suas coisas.

Dei mais um abraço nela e segui pelo corredor.

Colei o adesivo com o meu nome no casaco. Guardei o celular no bolso do lado direito, deixei no silencioso. A cada passo que eu dava o meu coração batia mais forte e rápido. Dei uma olhada no papel denovo, faltava apenas umas salas e bingo!

Ala: B 
Quarto: 123

— Oi — Entrei na ponta dos pés. Gui estava sentado ao lado de Lou, sua mão segurando a mão dela. Ele não me viu nem me ouviu falar, a cabeça baixa e os olhos marejados impedia de notar o que estava acontecendo em sua volta.

Tentei colocar a mão em seu ombro.

Ele se assustou ao me ver. Mas logo passou, quando levantou me puxando pros seus braços. Tentei passar todo o conforto que pude, mas até eu fiquei em estado de choque ao vê-la dopada em uma cama de hospital.

— Lana, ela não pode...

Pus a mão em sua boca.

— Não fale uma coisa dessas! Nem pense nisso, ela é a mulher mais forte que conheço. Vai passar por essa e vai ficar bem.

Guilherme escondeu o rosto em meu pescoço.

Puxei ele pro sofá junto comigo. Ouvir seu choro me deixou pior do que eu já estava. Meu menino estava sofrendo e pela primeira vez eu o vi tão vulnerável. Acariciei seus cabelos com a ponta dos dedos. Deixei que deitasse a cabeça em meu colo, permaneci ali ao seu lado.

— Eu amo você. — Sussurrei, mesmo sabendo que estava dormindo em meu colo. Eu precisava dizer isso, me dei ao luxo de dar um beijo em seu rosto tranquilo e sereno, por conta do sono.

A porta se abrio e os pais de Gui me comprimentaram com um sorriso fraco.

— Mamãe! — Gritou Isabel, aos prantos. O pai de Gui tentou acaumar sua mulher, com beijos e abraços.

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