Recaída

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POV LAUREN

Senti meus olhos arderem, meu estomago revirava, me pedida por algo, minha boca abriu em um pequeno bocejo, abri meus olhos lentamente e me deparei com a figura do meu pai sentado ao meu lado na cama, com os olhos fechados, olhei para os lados e não reconheci o local. Moveis de madeira e antigos, porém bem cuidados. Me mexi na cama fazendo Michael acordar e me encarar assustado.

- Aonde estamos? - Perguntei enquanto me ajeitava na cama, sentando.

- Você desmaiou, o médico disse que foi pelo susto e por conta da sua imunidade baixa, você precisa se alimentar.

- Aonde estamos? - Insisti.

- Na casa da sua avó! - Meu pai abaixou seus olhos.

- E cadê ela? - Continuei com a voz serena.

- Ela... Ela faleceu, filha.

- Não pode ser! - Soltei um sorriso nasal de nervoso. - Isso é mentira.

- Laur, ela está em um lugar melhor. - Michael tentou tocar em minha cabeça, mas eu desviei.

- Não existe lugar melhor do que na casa dela, com a gente. - Parei de encarar o homem ao meu lado e vaguei com o olhar.

- Laur... - Meu pai tentou mas eu o interrompi.

- Me deixe sozinha.

- Lauren, vamos descer e comer algo. - Ele insistiu.

- Me deixe sozinha. - Minha voz ficou mais firme.

- Camila te ligou, devia ligar para... - O interrompi.

- Será que você não consegue entender que eu quero ficar sozinha? - O encarei, com os olhos queimando, minha voz bem mais elevada.

Observei o homem ao meu lado até ele finalmente sair do cômodo que estávamos dividindo. Abracei o travesseiro com força, cravei minhas unhas nele com tanta forma que podia sentir meus dedos arderem, mordi o lábio inferior tentando abafar o choro com a mesma força, com a mesma intensidade, pude sentir o gosto de sangue em minha boca, mas isso não me fez parar.

Sabe quando você está caindo em um buraco sem fundo? Então... Eu estava me sentindo pior que isso, me sentia em um beco sem saída, ou melhor, em um cômodo onde as paredes começavam a me encurralar, o teto abaixava, a falta de luz me fazendo ver pouco o que iria acontecer, o que me deixava mais desesperada, já estava deitada no chão e sentia tanto a parede me encurralar quanto o tempo me espremer no chão.

POV CAMILA

Pela vigésima ou talvez trigésima vez, eu estava ligando para Lauren naquele dia, uma tentativa falha, pois o celular dela chamava e ninguém atendia, depois e seu desmaio, Michael me passava todas as informações e foi para ele que eu liguei.

"- Olá, Mila. Tudo bem?"

- Oi, senhor Michael.

"- Mike, apenas Mike."

- Está certo. A Lauren já acordou? Estou ligando para ela, mas não atende.

"- Acordou sim, mas ela não estava querendo falar com ninguém, mas como é você, irei falar com ela."

- Por favor.

Pude escutar a respiração e os passos de Michael, escutei também suas batidas na porta para logo depois pedir permissão para entrar.

"- Laur, a Mila está no telefone e quer falar com você."

"- Pelo amor de Deus, eu não quero falar com ninguém."

Between Two LinesOnde histórias criam vida. Descubra agora