Between Two Lines

Me ajuda?

POV CAMILA

- Vou indo, vou encontrar, Verônica!

Dei um passo para sair, passando por ela, mas sua delicada mão segurou meu braço com cuidado. Parei rapidamente, ficando de costas para ela. Lentamente Lauren soltou meu braço, soltou um suspiro que senti meu corpo se arrepiar, mesmo sabendo que não era intencional.

- Verônica não vai sair agora, Camz! Fica um pouco comigo? - Ela falou da forma mais calma e manhosa possível atrás de mim.

Eu não consegui dizer nada, apenas abaixei minha cabeça e suspirei. Lauren continuou mantendo a distância que tínhamos.

- Eu prometo que não vou fazer nada, só preciso de carinho. Do seu carinho.

Senti um arrepio correr pelo meu corpo, não um arrepio maldoso, mas um de saudade, talvez de culpa. Levantei a cabeça, girei sobre os calcanhares, ficando de frente para Lauren, a olhei nos olhos e eles me pediam pela mesma coisa, eles me pediam por carinho. Me aproximei de Lauren, levei a mão direita até o seu rosto, fiz um carinho lento, ela fechou seus olhos, desci minha mão até a sua, segurando-a e comecei a caminhar em direção a arquibancada, sem dizer nada.

POV LAUREN

Caminhamos em silêncio até a arquibancada, sentamos bem no meio dela, para ser mais exata, Camz sentou e eu a observei ainda de pé, ela forçou um sorriso sem dentes e deu alguns toques em sua coxa, indicando que eu deitasse e foi exatamente o que eu fiz.

Pensei em começar a falar tudo o que eu estava sentindo, mas eu não era boa com palavras, então fiquei com medo de estragar o momento que até então estava sendo tão prazeroso.

Encostei minha cabeça em suas coxas, mas não sentia suas mãos me acariciarem, fechei os olhos e suspirei. Depois de alguns segundos, delicados toques começaram em meus cabelos, acabei sorrindo ao sentir.

Carinho. Carinho é um sentimento tão puro, tão ingênuo, tão gostoso, tão prazeroso. Por que temos vergonha de pedir por algo que só nós faz bem? Por que demoramos tanto para criar coragem e pedir por algo tão mágico, tão bom?

POV CAMILA

Eu estava lutando para levantar daquela arquibancada e ir embora, mas tinham tantas palavras a serem ditas, tantas promessas a serem cumpridas, tantos beijos a serem compartilhados, tantas noites para não serem dormidas. Por que negar algo tão puro, tão ingenuo, tão gostoso, tão prazeroso? Tanto para quem recebe, quanto para que dá.

Comecei o carinho pelos seus cabeços, chegando logo em seu coro cabeludo. Depois de alguns minutos acabei me dando conta que eu estava perdida em seu rosto branco como a neve. Neve não, dessa vez a luz solar batia sobre ele deixando-o sutilmente em um tom avermelhado.

Com a ponta do dedo indicador comecei passando-o pela sua testa, desenhando cada traço que ela tinha, desenhei suas sobrancelhas deixando-as sutilmente bagunçadas. Com o dedão passei sobre elas novamente, como se estivesse penteando-as, sorri ao vê-las da forma que Lauren sempre as deixava. Voltei a passar o dedo indicador descendo até a ponta de seu nariz, voltando até o meio deles e passando pelas maças de seu rosto. Lauren continuava de olhos fechados, com um pequeno sorriso no rosto. Desci o indicador pela borda de seu rosto chegando eu seu queixo, onde comecei uma carícia de vai e vem com o indicador e o dedão, vendo o sorriso sumir do rosto de Lauren. Meus olhos estavam vidrados em todos os movimentos que eu fazia. Soltei um suspiro. Passei levemente a ponta do dedão sobre o lábio inferior de Lauren, desenhando-o, ela entreabriu eles assim que fui para o lábio superior. Fechei os olhos desenhando seus lábios pela sengunda vez.

Soltei um suspiro, abri os olhos e de uma forma brusca tirei minha mão do rosto de Lauren e apoiei na arquibancada, Lauren rapidamente abriu os olhos e me encarou. Fugi de seu olhar, como um presa foge do seu predador, focando o campo vazio. Ela se levantou sentando ao meu lado.