Prólogo: sacrifício em holocausto - Parte 8 de 8

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A velha porta de madeira rangeu. Os soluços e choramingos aumentavam em meio à escura e fétida sala.

A fresta de luz revelou os rostos, as pernas e os braços escoriados de crianças se encolhendo, sujas e assustadas, presas à parede por grossas cordas de sisal.

Por que vocês estão com medo? – o homem perguntou. Mas diante do silêncio, continuou: – Vocês estão a salvo em Geena.

Ele sorriu, deixando à mostra seus poucos dentes amarelados, e fechou a porta. Mas, no escuro, o pânico explodia no coração das crianças. Elas sentiam o calor e sabiam o que acontecia após a brasa começar a estralar.

Fora do casebre, na remota clareira em meio à densa mata de árvores baixas e tortuosas, a fogueira adquiria seu aspecto infernal.

Ouvia-se o bater das asas dos morcegos e das aves noturnas, mas os uivos secos e curtos dos lobos-guará se sobrepunham a todos os barulhos, eriçando os pelos dos braços de quem os ouvissem.

Era o começo de mais uma abominável noite nos arredores de Nessuno.

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