Capítulo 34: depois do desfecho - Parte 1 de 2

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Fontes não soube, a priori, para onde correr primeiro: para o desconhecido menino que salvara sua vida ou para seu amigo, caído sobre uma poça vermelha que se ampliava.

O último foi sua escolha.

Correu, saindo do estado de choque, pulando o corpo do gigante caído à sua frente.

SILAS! – a poeira subia atrás de seus calcanhares. – SILAS!!

Fontes se abaixou ao lado de Silas, pegando a mão que ainda lhe restava. Os olhos estavam abertos; guardavam seu último olhar: o medo. Sua boca era um mar vermelho.

Fontes chorou.

Silas... seu desgraçado! – passou a mão no rosto. – Por que você tinha que sair daquela forma?

E o monólogo se esgotou. Silas estava morto. Em silêncio, sem saber o que dizer; Fontes apenas fechou os olhos do amigo e se pôs de pé, a caminho do menino; percebeu, ao se aproximar da criança, que o braço direito e parte do pescoço e peito, por baixo da camisa chamuscada, estavam queimados. A pele já não existia, estava em carne viva.

O detetive pôs a mão no pescoço do garoto.

Vivo...

Ainda havia esperança.

Fontes pegou-o nos braços e começou a correr em direção à mata, buscando os reforços, rezando para encontrá-los, até que se lembrou das outras crianças.

Ele parou, virou-se e olhou para o casebre. A aura negra permanecia; o demônio fora caçado, mas seu covil ainda estava intacto. Fontes temeu o que pudesse encontrar lá dentro ... mas precisava fazer alguma coisa.

A passos lentos (o estômago apertava; a garganta estreitava), com seu salvador nos braços, começou a andar em direção à casa.

Quanto mais poderia suportar?

Um Perverso Tom de VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora