Fontes não soube, a priori, para onde correr primeiro: para o desconhecido menino que salvara sua vida ou para seu amigo, caído sobre uma poça vermelha que se ampliava.
O último foi sua escolha.
Correu, saindo do estado de choque, pulando o corpo do gigante caído à sua frente.
– SILAS! – a poeira subia atrás de seus calcanhares. – SILAS!!
Fontes se abaixou ao lado de Silas, pegando a mão que ainda lhe restava. Os olhos estavam abertos; guardavam seu último olhar: o medo. Sua boca era um mar vermelho.
Fontes chorou.
– Silas... seu desgraçado! – passou a mão no rosto. – Por que você tinha que sair daquela forma?
E o monólogo se esgotou. Silas estava morto. Em silêncio, sem saber o que dizer; Fontes apenas fechou os olhos do amigo e se pôs de pé, a caminho do menino; percebeu, ao se aproximar da criança, que o braço direito e parte do pescoço e peito, por baixo da camisa chamuscada, estavam queimados. A pele já não existia, estava em carne viva.
O detetive pôs a mão no pescoço do garoto.
Vivo...
Ainda havia esperança.
Fontes pegou-o nos braços e começou a correr em direção à mata, buscando os reforços, rezando para encontrá-los, até que se lembrou das outras crianças.
Ele parou, virou-se e olhou para o casebre. A aura negra permanecia; o demônio fora caçado, mas seu covil ainda estava intacto. Fontes temeu o que pudesse encontrar lá dentro ... mas precisava fazer alguma coisa.
A passos lentos (o estômago apertava; a garganta estreitava), com seu salvador nos braços, começou a andar em direção à casa.
Quanto mais poderia suportar?
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Um Perverso Tom de Vinho
Mystery / ThrillerNuma cidade boêmia como Nessuno, tem-se a impressão de que a noite existe para abrigar os fracassos, os pecados e os prazeres mundanos. Esvaziar um copo de bebida quente com a lua dominando o céu torna-se o sentido da vida. Vez ou outra, um novo mem...