Capítulo 10: lembranças da Segunda Guerra - Parte 3 de 3

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– Espero que sim... – Fontes se levantou, puxando sua calça para a cintura. – Alguma coisa com a qual preciso me preocupar? – acendeu um cigarro.

– Não que eu me lembre, Zé. Foi apenas uma sexta como qualquer outra... as pessoas estavam animadas, bebiam muito – o magro, calvo e barbudo veterano de guerra recolhia os copos com seu único braço. – O que me impressiona é você ter apagado assim, Zé! É a idade? – soltou uma risada.

Fontes sorriu. Suas lembranças começaram a voltar. Copos e copos chegando à mesa e Silas recuperando o humor, despedindo-se e saindo com uma loira com seus quarenta anos e de ancas largas. Ficou sozinho por um tempo. Em dado momento sentiu mãos tocando suas coxas por debaixo da mesa, desabotoando e descendo sua calça... então não forçou mais a mente, pois a cabeça doía e já se lembrava do que precisava lembrar.

Uma noite como qualquer outra...

A recordação mais importante, contudo, era dos olhos do Suíço fitando-o, fazendo-o lembrar-se dos caipiras, que provavelmente já o esperavam.

– Que horas são, Carlão? – perguntou, servindo-se de um copo cheio com um líquido cor de ouro que ainda estava sobre a mesa.

– Já passa de meio-dia, Zé.

– Caralho!

Não se incomodava por fazer os homens esperarem, mas eles não seriam os únicos, e a paciência de Max Suíço não é um sentimento que você desejaria – sob hipótese nenhuma – pôr à prova.

– Vá com calma, Zé! Não se preocupe com as horas, meu chapa. Preparei uma mandioca com uma carninha de vaca feita na cerveja preta... se serve aí e beba um pouco pra se revigorar. Por conta da casa – apontou para a pia atrás do balcão, onde se viam duas panelas e alguns pratos.

– Você é um tremendo de um santo, Carlão! Um tremendo de um santo maneta!

Um Perverso Tom de VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora