Capítulo 40: um herói - Parte 1 de 2

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Os dias passavam e Nícolas persistia no hospital. O braço continuava coberto de curativos. Perguntara por Rita inúmeras vezes; ela estava bem.

Graças a Deus...

Fora visitá-lo um dia e saiu beijando-o na bochecha. Um beijo ingênuo e carinhoso, livre de medo. A despeito do ardor no braço e em parte do tronco, Nícolas se sentiu bem.

À noite era pior. As sombras agonizavam-no, fazendo-o se recordar dos roedores, do cheiro de urina de seu antigo cativeiro; preferia dormir com a luz acesa.

Poucos dias depois, quando já se sentia melhor – fisicamente –, seus colegas de classe o visitaram. Nícolas, porém, sentiu que já não eram mais os mesmos, que já não faziam parte da mesma turma. A ligação havia sumido. Ele era o garoto que fora raptado, que estava com o braço queimado, que vivera com um monstro... que era um monstro. Carregaria a cicatriz – física e psicológica – para o resto da vida. Ao ver as expressões e os sorrisos tolos de seus colegas, Nícolas não pôde deixar de se sentir enojado. Como podiam ser tão fúteis? Preocuparem-se com coisas tão ridículas?

A presença dos pais, entretanto, era bem-vinda. Como era bom estar de volta aos quentes braços da mãe e poder olhar de novo nos olhos confiantes do pai! Como ele os amava!

Um Perverso Tom de VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora