Capítulo 26: o sangue aduba o solo - Parte 1 de 2

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Faltavam três horas para o dia amanhecer quando Fontes saiu do hospital municipal com Silas. Os dedos faltantes pulsavam; o detetive pensava sobre o quão precisava – mais que precisava, era uma angústia, uma vontade indescritível – de um trago, o que, em sua opinião, era o melhor analgésico. Sempre fora. Chamou Silas para acompanhá-lo ao Carlão, mas este respondeu que não estava a fim.

– Pelo menos você não perdeu seus dedos, né? – Fontes disse, e o amigo lhe mostrou os dentes, apontando a falta de um deles, lembrando-se do soco que arrancara seu canino. – Troco com você, meu dente pelos seus dedos – Fontes ironizou.

–Me desculpa, Zé – Silas disse. – Eu não estou a fim... a noite foi longa. Muito longa. Uma outra hora, Zé... uma outra hora. Você deveria ir para casa também, cara. Por hoje já deu.

Muito longa... nisso Fontes concordava, e por isso necessitava tanto beber.

Despediram-se.

Fontes seguiu para o bar do Carlão.

Um Perverso Tom de VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora