Ps.

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No dia seguinte se despediram de Jason e Liam. As mortalhas deles eram parecidas, a cor era roxa e fora bordada em laranja com desenhos das coisas que mais gostavam. 

Piper não chorara, mas seus olhos estavam inchados como se tivesse passado um mês chorando sem parar. 

O céu estava tão escuro quanto era possível. Chovia e trovejava furiosamente. 

Thalia havia sido liberada para se despedir do irmão, ela parecia arrasada, porém forte, e chochichava com Piper enquanto elas abraçavam as crianças Grace, protegendo-os da tempestade. 

A lama salpicava sem dó em quem passasse, tinham a sensação que estava puxando as pessoas, prendendo todos ao chão mais que o comum. 

E fora isso. 

Piper estava mesmo mais forte, conversava séria com seus filhos, tratando-os como adultos. 

-Eu sei que tudo vai piorar, sabe, Annie - Piper lhe disse na semana seguinte - Eu gostaria tanto que eles pudessem ser apenas crianças, mas eles precisam estar preparados. Eu não aguento mais perder as pessoas que amo. 

Naquele dia ela chorara. 

Piper estava certa. Ja se fora uma semana e o céu não havia clareado, era quase difícil saber quando era dia e quando era noite. A terra pregava peças nas pessoas, que escorregavam, torciam tornozelos, tropeçavam, caíam... 

E se fora um mês... Dois meses... Nada do céu clarear. 

Ares voltara a entregar presentes para Bianca, mas não aparecera.

Primeiro fora uma rosa muito sinistra. Dela pingava algo que talvez fosse sangue e trazia um bilhete "A tempestade já não é a mesma de antes". 

Dois meses depois fora uma espécie de bailarina de armadura e espada em uma mão erguida, um bilhete em caligrafia fina dizia "não a deixe só". Bianca tinha certeza que era a letra de Hermes, mas o bibelô era de Ares. Com certeza. 

E Sarah crescia. Bianca tentou ficar perto dela o máximo possível, passara seus conhecimentos sobre lutas para a menina. 

Seis meses depois recebera um copo com um líquido estranho, cinzento e barroso. "Não está dando certo" o bilhete dizia. 

De fato, Sarah reclamava quando alguém tentava se aproximar, dizia que não precisava mais de babá. E Bianca concluiu uma coisa: se tinha alguém que seria capaz de se aproximar de Sarah, esse alguém seria Anthony. 

-Por favor, Anthy, me ajuda -Bianca pediu com jeitinho. 

-Você só me chamou aqui para isso? - Anthony perguntou, parecendo frustrado - Não vou enfrentar a Sarah, ela é durona. 

-Está com medo de uma menina de doze anos de um metro e meio? -Bianca perguntou desafiadoramente, erguendo a sobrancelha. 

-Não é medo - Anthony negou - E é quase treze. Não se esqueça que temos a mesma idade. 

-Ainda é doze tanto quanto ainda tenho quinze -Bianca disse, pondo as mãos na cintura. 

Anthony riu. 

-O que foi? -Bianca perguntou, franzindo a testa, confusa. 

-Está parecendo a Tia Annabeth -Anthony disse, ainda rindo. 

-E você está parecendo meu pai quando mamãe manda ele conversar com a gente sobre algo -Bianca disse, cruzando os braços. 

-Eu não tenho medo de você, baixinha -Anthony desdenhou. 

-Eu não sou baixinha! - Bianca reclamou - Nasci prematura e você é grande demais. 

-Tampinha -Anthony chamou, rindo e Bianca deu-lhe um soco no ombro. 

Depois Que O Mundo Não AcabouOnde histórias criam vida. Descubra agora