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Ali on:
Depois de meia hora cheguei no centro. Achando que já estava chegando, percebo que ainda tenho que atravessar o centro pra chegar lá.

Porra.

Por que essa merda de colégio tinha que ser tão longe?!

E pra me ajudar, são 11:30. Vulgo, horário de almoço da maioria das empresas daqui. Aí vocês imaginam minha ansiedade, né?

(...)

Depois de quarenta minutos num puta engarrafamento, dando muitos socos no volante e falando todos os palavrões possíveis e existentes, eu cheguei em frente ao hospital.

Coloquei o carro no estacionamento e fui direto para a recepção.

Ali: Oi, eu queria ver o paciente Leonardo Mirrors. -falei com uma falsa calma para a recepcionista.
Recepcionista: Claro, seus documentos, por favor?

Merda!

Considerei o fato de ter esquecido-os, mas lembrei de ter colocado dentro da capinha do celular nesses dias que vim pra cá. Abri a capinha e, por sorte, estava lá. Entreguei a recepcionista, ela fez a etiqueta e liberou minha entrada.

Entrei na ala hospitalar e subi para o andar que Léo estava. Ao chegar no corredor do Leonardo, vi Cris parada em frente a porta. Corri até ela e a abracei, mas ela não estava com uma cara muito boa.

Ali: Que foi, Cris? Aconteceu alguma coisa? -pergunto preocupada.
Cris: Não aconteceu, Ali. Não aconteceu. -diz com a voz embargada.
Ali: Como assim, Cris? Me fala, por favor? -peço e sinto meus olhos arderem.
Cris: O Léo não acordou, Ali. Eu achei que ele tinha acordado, porque ele apertou minha mão. Mas não, ele ainda está dormindo. -termina de falar e pressiona os lábios, como se segurasse o choro.

Meu mundo caiu.

Ele não acordou.

Por que?

◼◼◼

Léo on:
O

lhei para o celular da minha mãe e percebi que já faziam uns quarenta minutos que eu havia acordado. Uns quarenta minutos que Ali sabia.

Provável que a ruiva não tenha conseguido segurar ela lá muito tempo, e ela já esteja no meio do caminho, se bobear, já esteja chegando.

Léo: Mãe, faz um favor pra mim? -pedi, chamando a atenção dela.
Mãe: Claro. Diga.
Léo: Então, a Ali já deve estar chegando. Fica na frente da porta, quando ela chegar, diz pra ela que eu não acordei, que eu só apertei tua mão, mas continuo dormindo. Mas fala  alto o suficiente pra mim ouvir, daqui. -expliquei a ela.
Mãe: Tudo bem. -disse se levantando e indo até a porta.

Fico assistindo um programa chato, que passa na pequena TV em meu leito. De repente, ouço a voz da Ali, seguida pela a de minha mãe -ótima atriz por acaso-.

Me deito novamente e fecho os olhos. Na esperança de que Ali entre no quarto.

Ela entra.

Ali: É, parece que tu continua na mesma. -diz com voz de choro. Escuto ela se aproximar- Mas que merda, Leonardo! Porra! Tu me fez gostar tanto de ti, pra vir e parecer estar à beira da morte?! -passa as mãos por todo meu rosto, e deixa-as paradas ao chegar no meu cabelo- Tinha outro jeito de meu iludir, não? Por que me fazer acreditar que tu tinha acordado, e que agora eu poderia tentar ficar contigo, foi me iludir. Sabia? -abri um sorriso.
Léo: Então eu te iludi? -disse abrindo os olhos, ainda sorrindo.
Ali: Merda. -revirou os olhos.
Léo: Quanto amor. -debochei me sentando.
Ali: Vai se fuder, Leonardo. Olha o que tu fez. -falou séria.
Léo: Ok, desculpa. Vamos esquecer isso e, lembrar do o que tu falou durante meu coma? -falei sabendo que ela negaria.
Ali: E o que eu falei? -diz abrindo um sorriso cínico.
Léo: Que me amava, e que queria tentar ficar junto comigo. Tu até dormiu aqui. -falei convencido.
Ali: Não sabia que coma dava sonhos. -falou se sentando na maca.
Léo: Ali, anjo. Eu escutava e sentia tudo. -falo com um sorriso vitorioso. Ela bufa e revira os olhos.
Ali: Gostaria de jogar mais alguma coisa da minha cara? Além de tu ter conseguido fazer a única menina que te enfrentou, ficar perdidamente apaixonada por ti, é claro. -fala com uma carranca que, se não fosse minha morte, eu riria.
Léo: Tenho sim. -ela arqueia as sobrancelhas e eu sorrio- Bom, eu queria jogar na tua cara que eu também estou perdidamente apaixonado. -digo imitando o que ela havia dito à pouco- Eu acho, que o que eu to sentindo não é nem paixão. É amor, sabe? Pela mina mais marrenta, chata, retardada, grossa, preocupada e gostosa, que eu conheço. -faço uma pausa- Acho que tu já sabe quem é, né? -olho para ela, ela está sorrindo e corada- Porra! Faz isso, não! Tu fica mais linda ainda corada, mano. -rimos. Ela aproxima seu rosto do meu.
Ali: Isso foi golpe baixo. -diz sorrindo e mexendo em meus cabelos.
Léo: Não. Isso foi. -digo roçando nossos lábios. Sorrimos e eu a beijo.

◼◼◼

Ali on:
Como eu fiquei com saudades desse beijo, dessa voz, desse toque. De tudo. Dele.

Ele segura minha cintura e eu seus cabelos. Nossas línguas dançam numa sincronia perfeita. O beijo é calmo, com desejo, saudade, cuidado, felicidade, amor... E um tanto de outras coisas que eu não consigo nem explicar. Após muitos minutos numa valsa mágica entre nossas línguas, nos separamos por falta de ar. Separamos apenas nossas bocas, deixando nossas testas ainda grudadas. Ficamos alguns longos, e maravilhosos, segundos nos olhando nos olhos. Sorrimos juntos.

Ele me da um longo selinho e, me abraça. Abraço ele, forte. Gostaria de poder prender ele naquele abraço, para que ninguém mais, pudesse fazer nada com ele. Afundo meu rosto no vão do pescoço dele. E assim ficamos, por muitos minutos.

Diih: AEE ACORDOU! -praticamente grita, entrando no quarto. Suspiramos e nos separamos. Lançamos um olhar mortal à ela.
Igor: Olha o que tu fez. -cochichou sério à Diana.
Iam: Desculpa, casal. -aparece entrando, também.
Mel: A gente pediu pra ela esperar a Ali sair, mas não adiantou. -explicou dando de ombros.
Diih: Se a gente fosse esperar ela sair, a gente não ia entrar nunca. Porque ela não vai sair, até ele sair. -se defende e nós rimos.
Léo: Não vai mesmo. -afirma me puxando pra si.
Igor: Vão se assumir agora? -perguntou brincando.
Ali: Vamo tentar. -digo sorrindo.
Diih: Primo liendo do meu core. -diz abraçando o pescoço dele de lado- Quando tu larga daqui? -perguntou sorrindo.
Léo: Acho que tenho alta amanhã. -diz calmo.
- AEEEEEEEE!! -falamos todos juntos, nos agitando em meio a palmas e risadas. 

Ficamos muito tempo conversando. E os meninos, fazendo questão de contar como eu "assumi o papel dele" fazendo todo mundo ficar como antes. Me irritou? Um pouquinho, já que o Leonardo era um ser humano horrivelmente insuportável.


A Bela E A Fera No InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora