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Ali on:
Diih e dona Cris estavam conversando, me aproximei e fiquei assistindo a conversa pelo fato de ter chegado no meio dela. Até que sou surpreendida por dona Cris.

Cris: Então Ali, a quanto tempo você e Léo namoram? -perguntou com naturalidade. Lanço um olhar confuso pra Diana, e a mesma sorri debochada, sem mostrar os dentes.
Ali: Então, -início timidamente- na verdade, eu e Léo não namoramos. -disse escolhendo as palavras, Cris ficou com um semblante decepcionado.
Cris: Ah, desculpe então. É que Diana falou... E eu também vi como você se preocupou com ele... Enfim... -falou envergonhada.
Diih: Explica pra minha tia qual o rolo de vocês, faça o favor. -diz entediada.
Ali: Bem... Eu e o Leonardo estávamos ficando à exatamente uma semana ontem. Pouquisso tempo, cá entre nós. Nós saímos para o autódromo ontem e aconteceu tudo isso. Então eu percebi, que por mais que a gente não namore, eu amo seu filho, Cris. E sei que é amor porque nunca senti algo igual. E por mais que seja pouco tempo, não precisa de muito pra gente saber oque é. -falei com o olhar no chão, e um sorriso fraco.
Diih: Ela pulou a parte da primeira semana, então eu vou contar. -fez uma pausa sorrindo- Esses dois brigavam até não poder mais. Pros dois eles se odiavam. Mesmo os dois deixando claro que queriam se pegar. Mas pra todo mundo que via as brigas, vulgo escola inteira, eles se amavam. No mesmo dia que eles ficaram pela primeira vez, Léo brigou com um menino que tava, obviamente, abusando da Ali. E hoje, a Ali deu um show de moral numa garota que vive se atirando no Léo. Esse casalzinho, só briga. Né, Bela? -ela não parou de sorrir um minuto. Como ela consegue?
Cris: Meu Deus, que lindos! Saiba que eu já gosto muito de você, e desejo muito que vocês fiquem juntos. Eu acredito, que seja recíproco o que você sente por ele. Pelo o que a irmã dele fala... -fala sorrindo verdadeiramente.
Diih: É recíproco. -afirma com firmeza- O Igor disse que ele passa o tempo todo falando dela e, que ele até já chamou ela de amor, e tal. Mas... O que que ele fala pra Letícia, que não fala pra mim? -finalizou cerrando os olhos.

Meu senhor, como eles já sabiam? Foi pouco antes de toda essa desgraça. Não deu nem tempo de eu contar pras meninas, e o Leonardo já contou pra eles. Meu Deus, como assim?

Cris: Não pergunte à mim, ou esqueceu, que ele não fala nada pra mim e pede pra Letícia não falar, também? E Letícia e Leonardo são fortes parceiros, nunca vi. Ela só me falou que Léo vivia falando de uma menina... -ela deu de ombros e Diana bufou.

Ficamos conversando coisas aleatórias por cerca de vinte minutos. Eu meio que não participava das conversas, mas isso não importava muito.

Jack: Vamo gurias? -falou aparecendo aonde estávamos.

Concordamos e nós despedimos de dona Cris, que voltou ao leito de Leonardo.

Fomos um pequeno pedaço do caminho em silêncio. Eu estava lembrando do o que eu pensara pela manhã. Decidi que perguntaria a Jack. Mas não agora, não aqui, não com Diana.

Ali: Diih, quando que o Léo falou que me chamou de amor? -perguntei quebrando o silêncio.
Diih: Aaah, não sei. O Igor só me falou hoje de manhã. -deu de ombros.
Jack: Provavelmente, no mesmo momento em que ele te chamou. Porque quando a gente tava conversando lá na frente, o Leonardo tava se lamentando por ter sido fácil no celular. -respondeu em meio a risos, sem tirar os olhos da estrada.
Diih: Nem parece um marmanjo de dezoito anos. Quer que todo mundo tenha medo dele, mas, haje que nem uma menininha de quinze. -comentou rindo, também.
Ali: Credo, eu que fiquei comovida, esqueci de falar pras guria. E ele já falou pra vocês. -disse rindo.
Jack: Fala aí, Ali. Tu parece aquelas mina sem sentimento, que não se apaixona nunca, e nada te emociona. -falou ainda sem parar de olhar para o caminho.
Ali: Era tipo isso. Nunca me apaixonei por ninguém, antes do Leonardo. E, tecnicamente falando, realmente, nada me emociona. Sério, eu não choro por nada. Quase me surpreendi com meu desespero ontem. -soltei uma risada fraca- Mas não era assim, até sei lá, meus dez anos. Sabe aquelas cria chata, que chora por qualquer coisa? Era eu. Acho que a hidrelétrica aqui secou. -rimos.

Ficamos falando várias bobagens aleatórias. Quando entramos na rua da escola ficamos em silêncio. A rua era um pouca longa, e a escola ficara no final dela. Quando Jack começou a diminuir a velocidade, para estacionar o carro num galpão perto do colégio, eu decidi. Eu pediria para agora para falar com ele.

Ali: Jack, preciso falar um bagulho contigo. Mas tem que ser em particular. -vi Diana revirar os olhos- Da pra, sei lá, a gente dar uma volta lá pelos lados da cachoeira? -falei tranquila.
Jack: Aham. -respondeu simples.

Ele parou o carro e nós andamos um pouco até a escola. Jack e eu fomos direto a cachoeira. Sentamos na mesma pedra que eu havia sentado com Luan. Ficamos um tempo olhando a corrente de água cair. Até que eu resolvi iniciar o assunto.

Ali: Jack, Igor tinha dito, que lá no hospital, tu ficava repetindo "foram eles". -fiz uma pausa e respirei fundo- Eles quem?
Jack: Eu não posso dizer. -falou e soltou um longo suspiro.
Ali: Pode. Tu sabe que pode. -falei calmamente.
Jack: Eu sei como tu tá preocupada com o Léo, e por isso vou alertar. Quem fez isso, queria atingir a Anne, porque eu não aceitei ajudar eles. Eles te querem longe do Léo. Mas era pra ser na Anne. O Léo veio de bônus. Se eu fosse tu, ficava longe dele, o quão antes. -diz sem olhar para mim.
Ali: Eu não vou me afastar dele. -soltei uma risada sem humor.
Jack: Pro bem dele, e teu, Ali. -senti uma ponta de pena na voz dele. Como eu odeio que sintam pena de mim.
Ali: Bom, Jack. Se tu não vai me falar quem foi, eu acho que já posso ir. Porque eu realmente não vou ficar aqui, escutando teus conselhos com pena de mim. -fiz uma pausa olhando irritada para ele- Só me responda uma coisa: "eles" quer dizer, meninas ou meninos? O resto eu me viro. -disse sem paciência.
Jack: Um guri e, uma guria. Mas não quem tu tá pensando. -diz jogando, com força, uma pedra na água.
Ali: Obrigada, com licença. -dei o meu sorriso mais irônico possível e saí dali.

Em quem eu estava pensando? Não sei. Provavelmente, em Matheus e Bianca. Porém, felizmente, algo me dá a certeza, de que não foram eles.

Tenho certeza, que apesar de tudo, Math não faria isso. Não sem motivos. E Bianca não o ajudaria. Tinha algo errado nesse pensamento.

Passei, literalmente, a tarde toda pensando nisso. Cogitando possibilidades. Lembrando de pessoas que não gostavam de nós. Mas, infelizmente, a ideia de acreditar que isso foi causado por Math e Bia, prevalência.

Não desci pra jantar. Tomei um banho, que possivelmente, durou uma hora. Fiquei, novamente, cogitando possibilidades de quem seria.

Coloquei apenas a calcinha e uma camisa, gigantesca, que era do meu primo, vulgo melhor amigo. Dormi com os cabelos molhados e o pensamento no assunto que roubou meu dia.

A Bela E A Fera No InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora