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Ali on:
Já devia ser perto da meia-noite, e como nós chegamos umas 11: e alguma coisa mesmo ainda não estávamos tão bêbados pra ir dançar naquele monte de desconhecidos. Que eram desconhecidos até para o Iam. Se bem, que os meninos tavam meio bêbados, sim. Quando eu digo "meio" quero dizer que eles já tavam falando merda. Eu já tinha bebido bastante, só não tava bêbada ainda. Mas ainda não tinha visto nem maconha, nem speed, nem ecstasy, nem Prozac tinha chegado na gente. Eu já tava ficando decepcionada, quando começou a tocar Branca De Neve- Valente. Eu fiquei meia confusa, afinal, essa música tem uma vibe tranquila, apesar da letra, e antes tava tocando uma eletrônica. Não fazia nem sentido. Pra melhorar minha confusão de pré-bêbada, começaram a aparecer vários garçons. Whatafuck?

Iam: Começou. -sorriu, tipo coringa, pegando a bandeja de um dos garçons que estavam passando ali.

Aaaah, moleque. Entendi a porra toda agora. Sorri como ele, e todos da nossa mesa, pegando um dos vários saquinhos transparentes com pó branco dentro que haviam na bandeja. A quantidade do saquinho era pouca. Provavelmente, o necessário para apenas "animar" uma pessoa. Derrubei o pó emcima da mesa na minha frente, peguei o cartão que havia na minha carteira e consegui fazer só duas carreirinhas, depois peguei uma nota de dois reais, fiz um "canudo" e cheirei. Porque é isso que a gente faz. Até o momento eu tava achando que era Branca de Neve, me enganei. Era um parça das antiga.

Ali: Porra, achei que era coca.-ri esfregando os dedos na gengiva.
Igor: Que porra é essa? -perguntou me olhando após cheirar sua primeira carreira.
Léo: Speedy. Não sabe mais identificar o que tá cheirando, animal? -respondeu trancando uma das narinas para respirar fundo.
Iam: Não. -falou piscando forte, acho que alguém mandou pro buraco errado.- Por que a louca tá com os dedo na boca?
Ali: Iiih, não sabe usar os bagulho da festa na tua própria casa? -tomei um gole de vodca.

Vodca pura pós-speedy. Se eu não morrer amanhã, já vai ser muito. Porque eu pretendo repetir essas ações a noite inteira.

Iam: Já fumei essa porra até no alumínio, e não sabia que dava pra passar na boca. -disse passando o dedo nas sobras de suas carreirinhas.
Math: Mano, na língua ou na gengiva. Não vai esfregar na boca toda. -falou passando os dedos na lingua.

E de novo, estávamos conversando e rindo. Entre muitos copos de vodca, doses de tequila, garrafas de Heineken, cheiradas de speedy e becks. Tudo muito bom, muito maravilhoso. Até uma vadia loira, claramente oxigenada, com um short daqueles que tu pode considerar "calcinha jeans" e uma blusa que devia ser do tamanho do meu sutiã passar por mim e derrubar o cigarro aceso no meu vestido. Puta. Que. Pariu.

Ali: Ô, sua vadia! -me levantei.- Olha o que tu fez! -falei mostrando uma bolinha preta de queimado na saia do meu vestido.
Vadia: Querida, a culpa não é minha se você veio numa festa dessas com um vestido caro. -sorriu cinicamente dando de ombros.- Mas a gente tem que dar um desconto, né? Tá sentada do lado da Diana, obviamente mais uma riquinha metida à junkie. -deu alguns passos, parando ao lado da cadeira do Léo.
Ali: Hm, o que te faz que eu sou "metida" à junkie, e não que eu sou uma? -disse passando o dedo pela carreirinha que Leonardo havia terminado de cheirar e em seguida passando-os na gengiva.
Vadia: A sua cara. Tem medo do que essas coisas podem fazer, mas usa pra te acharem foda. -respondeu empurrando o tronco do Léo para o encosto da cadeira.
Ali: Eu não tenho medo. -ri sem humor.- Eu sei o que essas coisas fazem, experiência própria, aliás. -olhei de canto para Math, que sorria. Chapado.- E eu não uso pra me pagar de foda, não preciso disso. Eu sou foda. -apoiei uma das mãos na mesa e Léo pôs a dele em cima. Chapado.- Mas infelizmente, tu não deve me conhecer. -sorri falsa, dando de ombros.- Alícia Saunders, meu tremendo desprazer. -estiquei a mão solta para ela, que ficou me olhando. Aparentemente chocada.

A Bela E A Fera No InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora