Ali on:
Ele não podia morrer. Não podia. Eu daria minha vida por ele. Mas se eu não pudesse fazer essa troca, qual o mal de ir junto com ele?Dr.Carlos: Felizmente, ele não morreu. Ele está em coma. Continua respirando e seus batimentos estão regulados. -diz calmamente.
Meu Deus. Ele tá vivo. Não consigo acreditar. Mas está em coma. É pra mim estar feliz ou triste? Não sei. Apenas consigo chorar.
Ali: Eu posso ver ele? -digo parando de chorar.
Dr.Carlos: Claro, você é oque dele? -pergunta verificando uma ficha.
Ali: Sou a.. -inicio a fala, mas sou interrompida.
Diana: A namorada dele. -fala rapidamente e me olha com um sorriso fraco.
Dr.Carlos: Ah, sim. Só uma coisa antes. -fez uma pequena pausa- Como vocês imaginam, ele terá de ficar aqui, pelo menos, até acordar. Depois que acordar, o tempo será determinado conforme for sua recuperação. Mas para isso, sua baixa tem que ser assinada. Como ele é maior de idade, qualquer maior pode assinar. Algum de vocês é?
Diana: Eu. -responde simples.
Dr.Carlos: Ok. Assine aqui. -ele entrega uma prancheta e uma caneta para Diih, e a mesma faz oque é pedido- Só a entrada de familiares é autorizada para visitas. Caso vocês queiram, ele tem direito à um acompanhante para passar a noite. -finaliza.
Diana: Tudo bem. -confirma assentindo.
Dr.Carlos: Vamos? -convida olhando pra mim.
Ali: Claro. -disse e nós seguimos para a ala médica do hospital.Nós passamos por diversos corredores, quartos, subimos uma escada e pegamos um elevador. Ele estava no terceiro andar.
Segui o médico até o final do corredor, mais especificamente até o quarto 324. Dr. Carlos abriu a porta e fez sinal para que eu entrasse com a mão.
Entrei e me deparei com Leonardo em uma situação não tão assustadora. Eu estava morrendo por ele estar naquela situação, claro. Mas algo me dizia que tudo ia ficar bem, e que não iria demorar. Juntamente com o pensamento de que poderia ser muito pior, de que eu poderia ter perdido ele de vez.
Sua situação não estava tão ruim, mas ele estava com a perna enfaixada, com duas sondas grudadas as suas veis e mais alguns fios aos seus pulsos. Eu, apenas, fiquei parada olhando.
Dr.Carlos: As sondas são para a alimentação e defecação dele. Os fios apenas para verificação de sua respiração e batimentos. -explicou escrevendo algo em sua prancheta. Eu apenas assenti.
Eu fiquei olhando ele e querendo entender o por que de tudo isso. No dia que eu descubro que finalmente me apaixonei por alguém, esse alguém leva um tiro, desmaia e entra em coma.
Dr.Carlos: Bom, vou lhe deixar sozinha. -disse depois de alguns minutos e se retirou.
Me sentei em um pedaço da cama e fiquei observando ele. Meus olhos se encheram de lágrimas. Tentava segura-las, mas era difícil. Senti uma gota, teimosa, escorrer no meu rosto. Depois outra, e outra, e outra e mais outra. Quando dei por mim já estava chorando baixinho. Fingi escutar minha mãe dizer "engole o choro", como ela dizia quando brigava comigo na infância, e me forcei a parar de chorar. Limpei as lágrimas que restavam em meu rosto com as mãos e arrastei meu corpo para perto da área dos ombros de Léo.
Levo minhas mãos até as maçãs do rosto dele e começo a acaricia-lo. Acho que é tudo que consigo fazer. Fiquei fazendo isso por um bom tempo. Até que o abracei, precisava sentir o corpo dele. Mesmo que imóvel. Senti seu coração batendo, isso fez o meu bater forte.
Ali: Eu te amo, sabia? Espero que sim. Tu é a primeira pessoa que eu amo de verdade. Eu nunca fui de me apaixonar. Na verdade, acho que nunca fui de ter nenhum tipo de sentimento. Entende? Principalmente paixão e amor, a não ser amor, desde que fosse pras pessoas que estavam sempre comigo. Achava perda de tempo. E eu não gosto de perder tempo. Mas desde que a gente começou a ficar, ou até mesmo desde que a gente se conheceu, eu sinto um bagulho diferente por ti. Sei lá, um bagulho que eu não sei explicar. Mas hoje. Hoje, quando te vi desmaiado no chão, quando o médico disse que tu tava sim, e agora, quando te vi, eu percebi. Eu percebi que eu te amo. E também repensei, quem sabe valha a pena perder um pouco de tempo. Assim, pra ver no que isso vai dar. Por que amor é um sentimento muito forte. Pode dar muito certo, em muita alegria. Tanto como pode dar muito errado, com corações machucados. Mas pra isso, a gente tem que perder um pouquinho de tempo pra tentar e ver no oque da. Mas é claro, pra gente tentar, tu tem que tá acordado. Então trate de acordar logo, eu não gosto de esperar. -disse e meus olhos já estavam marejados.
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A Bela E A Fera No Internato
Novela Juvenil"Nem sempre a primeira impressão fica. Nesse caso, elas mudam bastante" É possível que dois marrentos se amem? Acho que não... Já dizia meu avô: "dois bicudos não se beijam.", ou será que se beijam?