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Ali on:
Eram 6:00 da manhã, eu havia acordado as 5:00 para me arrumar.

Acordei, fiz minhas higienes e coloquei uma jardineira jeans com um cropped preto e um Adidas branco. Usei uma presilha de florzinhas para prender a franja atrás da cabeça e havia passado apenas um pouco de pó, rímel e lip balm.

Logo depois, joguei tudo que havia usado naquela manhã dentro de uma necessaire, em seguida coloquei-a em uma das malas e desci com todas.

Assim que cheguei a beira das escadas enxerguei aquele cabelo preto discutindo novamente com nossa mãe.

O cabelo preto, a pele naturalmente bronzeada e os olhos negros são as únicas coisas que eu e Math temos em comum, apesar de sermos gêmeos. Os traços, o jeito e a altura dele são de nosso pai, enquanto os meus são de nossa avó materna. E esses nossos detalhes semelhantes são de nossa mãe.

Estava -com muito esforço- descendo as malas, até que Math percebeu e subiu para me ajudar.

Ali: Bom dia, maninho lindo! -falei, já imaginando sua resposta e também o motivo da briga com a mamãe.
Math: Só se for pra você. -depois de uma pequena pausa, continuou- Porém, eu sei que também não é. Afinal, é hoje, mas especificamente daqui a pouco, que vamos ser largados naquele inferno a qual chamam de "São Paulo Integral Education". Também conhecido como "colégio interno", porém a maioria chama de "internato". -ele da ênfase na última palavra.
Ali: Calma, eu já sei que aquilo vai ser um inferno. Principalmente com aquela gente metida. Não precisa ficar repetindo os diversos nomes. -digo revirando os olhos.

Ao chegarmos na sala nossa mãe nos viu da cozinha e nós chamou pra tomarmos café.

Mãe: Venham tomar café, depois levam as malas pro carro. Já são seis horas. Precisamos sair às seis e meia. -diz sorrindo. Só ela sorri numa situação dessa né.

Nos sentamos as mesa e Math sussurrou para mim:

Math: Eu vou fugir de lá, questão de tempo. -gargalho.
Ali: Aham, agora come aí fugitivo. -respondo numa altura normal.
Mãe: Ansiosos? -fala se virando para nós.
Ali: Pra ver você, o papai e o resto da nossa família só nas férias? Um pouco. -falo um pouco mais rude do oque gostaria.
Math: Nada. Mas você e o papai devem estar bastante ansiosos pra se livrar da gente. -diz sendo ainda mais rude que eu.
Ali: Matheus! -repreendo com um tom de desistência.
Mãe: Sei que vocês podem pensar que nós queremos nos livrar de vocês. Mas não é assim. Realmente não. Vocês não fazem idéia da dor que é para uma mãe largar seu filho pra um colégio cuidar. Dois então... Nós sentiremos muitas saudades. Mas é uma chance, é o último ano de vocês. Vai ser bom pro histórico de vocês ter a São Paulo Integral Education. E já que nos mudamos pra cá mesmo, não existem mais motivos.

Seus olhos estavam marejados. Parecia que ela já sentia saudade. Me coloquei no lugar dela e imaginei o quão ruim deve ter sido escutar todas as coisas que Math já disse, e também todas as minhas birras desde que eles nos contaram que nos mandariam para lá.

Pai: Ok, ok. Sem drama pessoal. -surgiu papai- Vai ser bom pra vocês. E nós vamos ligar todos os dias. Agora, já são 6:20 precisamos ir. As malas já estão no carro.

Eu e Math nos levantamos e fomos pro carro. Poucos minutos depois papai aparece, e logo mamãe que fechava a casa. Coloquei meus fones de ouvido e antes mesmo de chegarmos ao outro lado da cidade eu já havia dormido.
Algum tempo depois acordei com uma cotovelada no braço.

Math: É muito grande! -sussurrou para mim.

Nós havíamos chegado, estávamos na entrada.

E de acordo com meu celular, 10 minutos adiantados, já que deveriamos chegar as 8:30.

Descemos do carro e uma morena, magra, com o cabelo na altura da nuca e um piercing no septo sorriu para mim. Sorri de volta.

Por mais que não quisesse estar lá, eu ia estar. Então melhor estar com amigos, não? Bora fazer amizade.

Nossos pais nos mandaram a secretaria pegar nossas chaves.

A moça nos entregou. O meu quarto era o 57, no andar feminino no prédio do terceiro ano. O de Math era o 64, no andar masculino, obviamente, no mesmo prédio.

Cada aluno tinha um quarto pra si, oque me deixou bem mais feliz.

Quando voltamos nossos pais já haviam tirado nossas malas.

Pai: Tchau crianças, ligaremos todos os dias, e vocês também sabem que podem nos ligar a qualquer hora. -diz sorrindo.
Ali: Tchau, ligaremos sempre a vocês também. -sorrio também.
Mãe: Sentiremos tantas saudades! Se cuidem e não relaxem nos estudos! Amamos vocês! -sorri fraco. Sinto no seu tom de voz que seus olhos estão querendo marejar.
Ali: Também amamos vocês e iremos nos cuidar! -meu sorriso fica fraco ao lembrar que vai demorar pra nos vermos novamente.
Math: Tchau, até as férias. -fala sem dar muita importância.

Cada um deles deu um breve abraço e um beijo na testa em mim e em Math.

Quando eles arrancaram com o carro, Math mostrou quem havia sumido durante o caminho. "O Math que seria capaz de fugir dali".

Math: Amam tanto que deram um abraço de menos de trinta segundos nos filhos que só vão ver daqui a 5 meses. -disse puxando suas malas.
Ali: Para de reclamar um pouco. Vamos subir. A primeira semana é livre aqui. -falei sorrindo.
Math: Pelo menos algo bom. -talvez a única coisa boa.

Nós subimos aos nossos quartos e eu arrumei a cama e fui dormir.

Sou uma pessoa com muito sono nesse corpinho delicia. Não tem condições de acordar 5:00 da manhã.

Acordei 11:57 e mandei uma mensagem ao Math para irmos almoçar.

Ele disse que me esperaria no início do corredor, então dei uma arrumada nos cabelos e calçei minha alpargata.

Quando estava saindo do quarto vi a mesma menina que me dara um sorriso pela manhã falando com uma menina baixa e loira. 

Parei no batente da porta para checar as horas no celular, 12:04, ele já estaria lá.

Quando fui seguir caminho as duas meninas vieram até mim.

Xxx: Oie, você é nova aqui, né? -disse, animada, a menina de cabelos curtos.
Ali: Sim, eu e meu irmão entramos este ano na escola. -respondo timidamente.
Xxx: Vocês gostariam de almoçar com a gente? -perguntou a loira, ela tinha lindos olhos azuis claro e um piercing no nariz.
Ali: Claro, podemos ir? -pergunto, praticamente já andando.
Xxx: Ah! Quase me esqueço eu sou a Bianca, mas pode me chamar de Bia. E essa é a Melissa, Mel. E você? -diz enquanto vamos para o elevador.
Ali: Alicia, Ali. E meu irmão se chama Matheus, mas prefere Math. -digo e elas assentem.

Depois disso seguimos ao refeitório junto ao Math.

Tudo corria bem até uma garota, bem atirada por sinal, sentar no colo de Math e dizer que três meninos queriam falar com ele.

Bia e Mel fizeram uma cara esquisita e eu tentei ignorar quando Math foi.

Esses meninos me pareceram bem desprezíveis nos 15 minutos que vi eles no refeitório.

Tratam meninas como escravas sexuais, beijando uma a cada momento, alunos mais novos como empregados e todos mal.

A Bela E A Fera No InternatoOnde histórias criam vida. Descubra agora